O Consultório da Língua para Jornalistas (CLJ), projeto bilateral entre Camões I.P. e Secretaria de Estado da Comunicação Social (SECOMS), que tem como objetivo melhorar as competências de língua portuguesa e de jornalismo de jornalistas e profissionais do Governo ligados à comunicação, teve início em 2016.
Desde então o CLJ já lecionou, em sala de aula, até ao ano passado, 8.419 horas de formação de Português para Jornalistas e cerca de 1000 horas de cursos de Fundamentos do Jornalismo e Jornalismo. Depois de uma formação intensiva de 15 meses, 18 jornalistas realizam atualmente estágio nas redações de diferentes órgãos de comunicação social timorenses, onde também são formados, em contexto de trabalho, por professores de Português e Jornalismo.
Para aferir o impacto do CLJ junto da comunicação social, o Diligente conversou com responsáveis de alguns órgãos e entidades ligadas ao Governo que têm beneficiado das formações. O contributo do projeto para a promoção do português, mas também do tétum, e a necessidade de continuidade do CLJ são ideias partilhadas por todos.
“Esperamos que o CLJ continue para manter a capacitação dos jornalistas, não só no português, mas também na escrita em tétum, porque o tétum não vive sozinho”
“O português é uma das nossas línguas oficiais e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. Como tal, todos os órgãos de comunicação social devem saber português para poderem divulgar informação neste idioma.
No Timor Post, publicamos informação em português para informar os nossos leitores, mas também como uma forma de valorizar a língua como parte da identidade de Timor-Leste.
Através do apoio do CLJ, notamos que há avanços positivos nas nossas publicações em língua portuguesa. Sentimos também que os jornalistas estão, cada vez mais, a escrever melhor em tétum por frequentarem a formação do CLJ e dominarem uma linguagem mais técnica.
Desde setembro do ano passado que o Timor Post conta com dois jornalistas estagiários do projeto, que são bons a nível jornalístico, e de formadores de língua e jornalismo qualificados para acompanhar esses jornalistas, o que ajuda muito as publicações em português.
Sem apoio do CLJ, parece-me que a página do português no nosso website e no jornal estariam ao abandono. Esperamos que o CLJ continue para manter a capacitação dos jornalistas, não só no português, mas também na escrita em tétum, porque o tétum não vive sozinho.”
“O CLJ deu-nos ferramentas para escrevermos sobre vários assuntos, de forma crítica, e já na redação tem-nos ajudado a crescer, a nível linguístico e jornalístico”
“O CLJ deu à luz o Diligente. A ideia de criar o Diligente surgiu graças à formação intensiva de 15 meses deste projeto. Com o CLJ, avançámos, de nível em nível, no conhecimento da língua portuguesa através do Português para Jornalistas e Português Específico para Jornalistas. Tivemos também os cursos de Matemática para Jornalistas, Conhecimentos Gerais ou Pensamento Crítico, além de outras formações específicas de Jornalismo.
Foi com a formação do CLJ que nasceu a vontade de sete jovens criarem um órgão que desse voz a quem não tem voz, educando para a cidadania, com temas que promovessem mais justiça social e o debate, tudo em língua portuguesa.
O Diligente foi lançado a 20 de janeiro deste ano e conta, desde a sua criação, com formação em contexto de trabalho do projeto. Com uma formação de qualidade, o CLJ deu-nos ferramentas para escrevermos sobre vários assuntos, de forma crítica, e já na redação tem-nos ajudado a crescer, a nível linguístico e jornalístico.
É óbvio que a vontade por parte dos formandos é essencial para se tirar proveito da formação, mas é claro o empenho dos formadores do projeto, que não poupam esforços, fora do horário de trabalho, inclusive aos fins de semana, para que os jornalistas e o Diligente melhorem. Explicam assuntos difíceis de forma simples, identificam as nossas dificuldades, criam estratégias para melhorarmos, avaliam-nos de forma rigorosa e incentivam o espírito crítico.
Temos crescido, mas estamos conscientes de que precisamos de crescer muito mais. Temos também ideias e projetos de promoção do português entre os leitores timorenses e, por isso, a continuidade do CLJ é muito importante para o Diligente.”
“Antigamente, não havia ninguém que entrevistasse ou escrevesse em português, mas agora já temos jornalistas que o podem fazer”
“O CLJ tem ajudado mesmo bastante os órgãos de comunicação social timorenses. Notamos que há uma mudança nas publicações em língua portuguesa, nomeadamente em órgãos como o GMN, Tatoli e Timor Post.
O GMN começou, em 2004, o jornal Semanário em português com apoio da Embaixada de Portugal, mas depois a ajuda terminou, o português desapareceu da publicação e deixámos de poder publicar nesta língua.
No entanto, depois de recebermos o apoio do CLJ, principalmente dos estagiários que tiveram a formação deste projeto, já temos informação em português, quer no Diário quer no Semanário. Esses avanços devem-se ao apoio do CLJ.
A formação do CLJ não ajuda apenas os media a produzir informação em português, mas também os jornalistas a melhorar as competências linguísticas. Se alguém escrever bem em português, escreverá certamente melhor em tétum. Mesmo quando os textos são em tétum, há muitos empréstimos do português.
Os estagiários do CLJ estão a fazer um excelente trabalho. Escrevem textos jornalísticos e, ao mesmo tempo, esforçam-se na escrita em português. Têm compromisso, paciência e coragem.
Espero que no futuro este projeto continue para poder ajudar não só o GMN, mas os outros órgãos também. Assim, podemos ter mais publicações em língua portuguesa, o que ajuda também na divulgação do português no país como língua oficial.
É importante que se dê continuidade ao CLJ, porque é mesmo um projeto que está a mudar a cara dos media em Timor-Leste. Antigamente, não havia ninguém que entrevistasse ou escrevesse em português, mas agora já temos jornalistas que o podem fazer. E isso é graças ao CLJ”
“O CLJ tem promovido na Tatoli a revisão ao detalhe e o rigor na informação”
“A Tatoli investiu muito na formação de português do CLJ, porque esta é uma das línguas oficiais do país. Desde a criação da Tatoli que nos focámos em artigos multilingues, inclusive de português. Para garantir mais notícias em língua portuguesa e para desenvolvermos os nossos conhecimentos jornalísticos nesta agência de comunicação social, apostámos na formação do CLJ.
A formação de língua portuguesa também nos ajuda muito na escrita em tétum, uma vez que a maioria dos termos técnicos das áreas como educação, saúde, justiça, economia, entre outras, vem do português.
Sem o CLJ, a Tatoli poderia publicar notícias em português, mas ainda seria difícil garantir a qualidade em termos linguísticos, sem erros. Sentimos, no entanto, que estamos no bom caminho, porque o CLJ tem promovido na Tatoli a revisão ao detalhe e o rigor da informação, antes da publicação.
Desde a criação da Tatoli, só o CLJ tem apoiado permanentemente na revisão das notícias. Outros revisores vieram, mas só às vezes ou nem aparecem. Deste modo, o CLJ faz com que sintamos que o nosso português está vivo na Tatoli e o projeto ajuda-nos sempre a solucionar as nossas dificuldades.
Para mim, apesar de já termos algum conhecimento, ainda precisamos de mais tempo para assumir, de forma totalmente independente, a revisão de notícias. Os Governos timorense e português devem, como tal, dar continuidade a este projeto, porque os profissionais de comunicação social ainda precisam do apoio do CLJ.”
“O CLJ está a trabalhar para que o português não seja uma língua morta no país”
“Embora seja uma das línguas oficiais do país, o português não é fácil e tem uma gramática complexa. A aprendizagem depende dos formandos, mas o que os nossos tradutores aprenderam no CLJ ajuda-os na tradução de tétum para português e vice-versa.
Os funcionários da Direção de Tradução que participaram na formação do CLJ conseguem traduzir bem os textos. O CLJ tem contribuído para fazermos um trabalho com seriedade.
A qualidade depende de cada formando e da forma como absorve os conteúdos durante a formação, mas o que eles mostram no trabalho é qualidade. Há avanços no trabalho. O CLJ está a trabalhar para que o português não seja uma língua morta no país.
Apesar de alguns erros gramaticais, os tradutores conseguem analisar o conteúdo dos textos em tétum para não ser uma tradução “palavra por palavra” ou uma tradução literal. Têm essa capacidade para tornar o texto mais compreensível. Por exemplo, os textos jurídicos não perdem a natureza jurídica e em outras áreas acontece o mesmo. Se queremos desenvolver o nosso tétum, devemos recorrer ao português, porque esta língua é a fonte para o avanço do tétum.”
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