Os recém-graduados da Universidade Nacional Timor Lorosa´e (UNTL) mostram-se indignados com o facto de os seus diplomas não terem ainda sido legalizados pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência e Cultura (MESCC). De acordo com estudantes da Faculdade de Educação Artes e Humanidades (FEHA) que tentaram, no início do mês, legalizar os diplomas de final de curso, os serviços do Ministério alegam não poder validar os certificados relativos às licenciaturas do ano letivo transato, por estes não serem iguais aos de anos anteriores, tendo em conta a alteração do logótipo da Universidade no documento.
De acordo com estudantes da FEAH, o impasse na legalização dos diplomas deve-se à falta de coordenação entre a UNTL e o MESCC, afetando a vida profissional dos recém-graduados, que, sem diploma, não podem concorrer a oportunidades de emprego.
Gregório Martins, 30 anos, licenciado do Departamento de Química, da Faculdade da Educação, Artes e Humanidades (FEAH), explicou, em entrevista ao Diligente, que após o término do curso, “os graduados devem levar o diploma para carimbar na Universidade e depois entregá-lo no MESCC para ser legalizado. Porém, quando fomos ao ministério, no dia 2 deste mês, o gabinete do serviço de legalização não validou o documento, por o cabeçalho ser diferente do certificado do ano anterior”, referindo-se ao logótipo que identifica a Universidade.
O estudante mostra-se “insatisfeito com a falta de profissionalismo da estrutura da UNTL que não atualizou o ministério relativamente à alteração do diploma, o que poderia ter evitado esta confusão.”
O recém-graduado exige que o reitor da UNTL esclareça, o quanto antes, esta situação. “A UNTL tem de explicar ao MESCC o que se passa para que nós possamos concorrer a vagas de emprego”, enfatizou.
Ervino de Jesus, 31 anos, licenciado em Matemática pela mesma faculdade e professor voluntário na Escola pré-secundária de Lautém, viu-se forçado a faltar ao trabalho e vir propositadamente ao município de Díli para validar o documento, “mas quando cá cheguei, fui informado de que o MESCC não estava a legalizar os nossos diplomas. Foi uma viagem em vão”, lamentou.
O professor de matemática apela à UNTL que tenha atenção a estes problemas que prejudicam a vida dos recém-licenciados. “Somos, muitas vezes, vítimas da incompetência dos órgãos de gestão da Universidade. A cerimónia de graduação deveria ter acontecido em dezembro do ano passado, mas foi adiada para abril, o que também nos impediu de concorrer a vagas de emprego durante esse período, uma vez que só recebemos o diploma no momento da graduação. E agora, o MESCC não legaliza o diploma que tanto nos custou a conseguir.”
O Diligente tentou obter esclarecimentos por parte do gabinete do MESCC, o que não foi possível. Os serviços justificaram a impossibilidade de prestar esclarecimentos com o facto de o diretor-geral “estar de baixa por motivos de saúde”.
No entanto, um funcionário do gabinete de serviço de legalização, que prefere não ser identificado, avançou que, neste momento, “não podemos legalizar os diplomas dos graduados da UNTL, porque ainda aguardamos o esclarecimento da instituição de ensino superior sobre a alteração dos certificados”.
De acordo com o reitor interino da UNTL, Hélio Mauquei, a Universidade já está a par desta situação: “reconhecemos que houve uma mudança no formato do diploma, mas vamos resolver este problema ainda esta semana, quando o Magnífico Reitor da UNTL voltar de Portugal, onde se deslocou em trabalho, e reunir com o Conselho Geral para depois contactar o MESCC”.
No total, são 1380 finalistas, na sua maioria da FEAH da UNTL, que apesar de já terem terminado os cursos em dezembro de 2022, só puderam graduar-se em abril deste ano e ainda aguardam para terem os diplomas de conclusão de licenciatura devidamente legalizados.
