Conteúdo Patrocinado

Conheça o projeto que está a mudar a comunicação social timorense

Curso de Português para Jornalistas, nível A1/A2, do CLJ, realizado em 2022. Foto: CLJ

Em 2016, só existia praticamente informação em português na Rádio e Televisão de Timor-Leste (RTTL). Em 2023, cinco órgãos de comunicação social timorenses escrevem em português. Em janeiro, nasceu o primeiro jornal online totalmente em língua portuguesa, o Diligente. Conheça o “Consultório da Língua para Jornalistas” (CLJ), o projeto responsável por esta e outras mudanças na comunicação social de Timor-Leste.

Era jornalista da Rádio Comunidade Comoro, quando, em 2018, decidiu frequentar o curso intensivo de Português para Jornalistas, níveis A1/A2. A partir daí, nunca mais parou de aprender a língua. Fez a restante formação, dos níveis (B1, B2 e B2+), mas também a Oficina da Escrita Jornalística e cursos de Português Específico para Jornalistas. Octaviano Gomes conta: “Fiquei muito surpreendido com a qualidade da formação. Tínhamos manuais bem elaborados, havia interação entre os formadores e formandos na sala de aula, condições que nunca encontrei em lado nenhum. Os cursos permitiram-me evoluir muito. Aprendi mais do que na própria escola”.

Entretanto, Octaviano já tinha começado o estágio no Grupo Media Nacional, onde fazia cobertura e escrevia para o programa televisivo “CPLP na GMN” e jornal Semanário. O domínio da língua levou-o a uma nova função, em 2021: a de revisor linguístico de informação em português. “Tive o privilégio, que os meus colegas não tiveram, de me cruzar com pessoas extraordinárias (formadores e formandos) que me ajudaram a acreditar nas minhas capacidades e a seguir em frente”, diz.

Octaviano Gomes (à direita, camisa castanha) com os colegas revisores linguísticos de informação em português. Foto: CLJ

Isaura Lemos de Deus já tinha algum domínio da língua portuguesa e, por isso, começou o curso no nível B2. Completou depois o seu percurso formativo e iniciou o estágio no Timor Post. Foi com a reportagem que escreveu neste órgão, “Rostos da pobreza em Timor-Leste”, que viria a ganhar o Prémio Adelino Gomes, atribuído pelo Conselho de Imprensa. Em 2021, começou a trabalhar na secção de Português da Tatoli como jornalista. É atualmente editora da mesma secção.

blank
Isaura Lemos de Deus em formação em contexto de trabalho com a formadora Marta Diegues. Foto: CLJ

As histórias de Octaviano e Isaura são semelhantes à de Germenino Ximenes que não dominava a língua e é agora tradutor de português do Timor Post. O percurso formativo foi ainda o de centenas de jornalistas e editores timorenses, que, embora não escrevam em português, reconhecem a importância da língua para a compreensão de documentos ou para melhorar a escrita em tétum.

O que têm todos em comum? Foram beneficiários do CLJ. Isaura resume todo o percurso que fez em duas frases: “Este projeto ajudou-me muito. Tive a oportunidade de aprender o português e escrita jornalística, o que mudou a minha vida”.  O CLJ não tem mudado só vidas. Está a mudar a comunicação social timorense.

O QUE É O CLJ?

O CLJ é um projeto bilateral que tem como missão melhorar as competências de língua portuguesa e de jornalismo de jornalistas e profissionais do Governo ligados à comunicação (assessores de imprensa, oficiais de comunicação ou tradutores).

Entre 2014 e 2015, o CLJ consistia numa atividade do Programa de Apoio à Comunicação Social (União Europeia/ Camões, Instituto da Cooperação e da Língua). Em setembro de 2016, dada a adesão dos jornalistas timorenses, transformou-se num projeto bilateral do Camões I.P (Portugal),  Secretaria de Estado para a Comunicação Social e posteriormente Ministério dos Assuntos Parlamentares e Comunicação Social (Timor-Leste).

A primeira fase, de 2016 a 2020, iniciada com apenas dois formadores, teve como foco a formação de Português para Jornalistas. Nesta segunda etapa, entre 2021 e 2023, além do Português, o CLJ disponibiliza formação de Jornalismo.

O objetivo geral do projeto é capacitar os profissionais de comunicação social timorenses para a transmissão de informação fidedigna ao público em língua portuguesa, contribuindo para o aumento da literacia mediática, económico-financeira e jurídica e para o fomento do conhecimento geral da população.

Os objetivos específicos do projeto passam por: i) fomentar o uso da língua portuguesa por parte de profissionais de comunicação social; ii) promover a correção linguística de conteúdos informativos em língua portuguesa; e iii) promover a transmissão de informação fidedigna pelos profissionais de comunicação social.

O QUE FAZ O CLJ E COMO FAZ?

A intervenção do CLJ, na área da língua, é programada para que os formandos dominem progressivamente o português, numa perspetiva de língua não materna e para fins específicos. Tanto os cursos de Português para Jornalistas como os de Jornalismo envolveram um estudo prévio para que a formação fosse ao encontro das reais necessidades do público-alvo.

Jornalistas com competências em língua portuguesa reforçadas

O CLJ forma jornalistas de órgãos públicos e privados, bem como profissionais ligados à comunicação do Governo, dos níveis de proficiência A1/A2 (elementar), B1 (Intermédio), B2 (Intermédio Superior), cursos com 220 horas de duração cada, e B2+, com 150 horas. Antes de seguirem para o nível C1 (Avançado), os formandos têm de frequentar a Oficina da Escrita Jornalística e os cursos de Português Específico para Jornalistas sobre as áreas da Saúde, Justiça, Educação, Economia, entre outras.

blank

A formação de Português para Jornalistas foi planeada com base num estudo exaustivo, assente, entre outras estratégias, na análise sociolinguística do público-alvo e dos conteúdos na imprensa, rádio e televisão (editorias, línguas usadas…), na aplicação de testes diagnósticos e na análise de um corpus linguístico escrito de conteúdos informativos em português. As necessidades detetadas nortearam a elaboração dos planos e dos manuais de formação.

blank
Manuais de Português para Jornalistas elaborados com base nas necessidades detetadas num estudo prévio. Foto: CLJ

A análise do corpus linguístico permitiu compreender quais as maiores dificuldades dos formandos, sendo-lhes dado enfoque nos planos de formação e manuais.

blank
Exemplo de áreas criticas detetadas na análise do corpus linguístico de textos jornalísticos. Foto: CLJ

Além dos manuais, os formandos de Português para Jornalistas do CLJ encontram em Recursos do sítio do CLJ exercícios em linha interativos de A1/A2, B1, B2 e B2+ com os conteúdos dos vários níveis de proficiência que podem resolver no telemóvel.

blank
Exemplo de materiais interativos com conteúdos estudados, que envolvem, entre outros, exercícios de palavras cruzadas, correspondência, lacunas ou ordenação de palavras nas frases. Foto: CLJ

Jornalistas com competências técnicas reforçadas

No âmbito do Jornalismo, o CLJ realizou formação de Fundamentos do Jornalismo, cursos elaborados com base nas orientações do Manual de Jornalismo da UNESCO, adaptados às necessidades de Timor-Leste. Foram lecionados os cursos de Conhecimentos Gerais, Pensamento Crítico, Evidência e Pesquisa, Matemática para Jornalistas, Redação Jornalística e Instituições Nacionais e Internacionais.

blank
Manuais dos cursos de Fundamentos do Jornalismo. Foto: CLJ

Já a formação de Jornalismo foi pensada com base num diagnóstico das necessidades formativas, que envolveu: i) a análise de mais de uma centena de notícias e reportagens; ii) questionários aplicados aos beneficiários para obter o perfil, verificar conhecimentos jornalísticos e identificar  necessidades formativas sentidas por cada um; iii) entrevistas exploratórias junto dos responsáveis dos órgãos de comunicação social para averiguar as necessidades; e iv) análise de um caso in loco. Esta análise deu origem a um relatório, que permitiu a construção do plano de formação de Jornalismo do CLJ e dos manuais.

blank
Estudo das Necessidades Formativas e manuais dos cursos de Jornalismo elaborados com base nesse estudo. Foto: CLJ

blank

Produção de conteúdos próprios em Língua Portuguesa reforçada nas redações

Além da RTTL, são atualmente publicadas notícias em português no jornal diário Timor Post (versão digital e em papel), na Agência Noticiosa de Timor-Leste – Tatoli, jornais Diário, Semanário e programa televisivo “CPLP na GMN” do Grupo Media Nacional (GMN), bem como no Diligente, o primeiro jornal totalmente em língua portuguesa em Timor-Leste.

blank
Informação em português (em papel e digital) do Timor Post. Foto: CLJ
blank
Página de português da Tatoli. Foto: CLJ

As redações do Timor Post, Tatoli, GMN e Diligente recebem apoio para a produção de conteúdos informativos através do trabalho de revisores linguísticos timorenses formados pelo CLJ e de formadores de Português e Jornalismo, que dão formação em contexto de trabalho.

No que toca aos revisores linguísticos, todos os textos corrigidos por estes profissionais são posteriormente revistos com um formador. A maioria dos revisores apresenta uma percentagem de desvios (erros) inferior a 3%.

blank

Também nas redações destes órgãos estão 18 estagiários que frequentaram formação intensiva durante 15 meses, tendo concluído: os cursos de Português para Jornalistas (níveis A1/A2, B1, B2, B2+, Português Específico para Jornalistas – Saúde, Português Específico para Jornalistas – Justiça; Português Específico para Jornalistas – Educação); as formações de Fundamentos de Jornalismo (Pensamento Crítico, Lógica e Evidência/ Matemática para Jornalistas/ Conhecimentos Gerais/ Instituições Nacionais e Internacionais/ Redação); e Jornalismo (Princípios da Profissão de Jornalista/ Escrita Jornalística/Técnicas de Reportagem).

blank
Estagiários do CLJ a entrevistarem o Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Foto: CLJ
Conteúdo patrocinado por:

blank

Array

Comente ou sugira uma correção

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Open chat
Precisa de ajuda?
Olá 👋
Podemos ajudar?