Unidade de Trânsito de Díli registou 375 acidentes e 14 vítimas mortais nos primeiros quatro meses deste ano. Autoridades realizam workshop para discutir necessidade de melhorar a segurança e fluidez das vias.
De janeiro a abril deste ano, a Unidade de Trânsito do Comando da Polícia do Município de Díli registou 375 acidentes e 14 vítimas mortais – 75% a mais do que as mortes contabilizadas no mesmo período do ano anterior. Nos primeiros quatro meses de 2023, oito pessoas perderam a vida, num total de 310 colisões na capital, de acordo com os números do referido órgão.
Até ao momento, os acidentes este ano envolveram 415 motas e 254 carros. Como o Diligente já detalhou numa reportagem, os casos de atropelamento e fuga em Díli são bastante recorrentes.
Com o intuito de alertar e sensibilizar a população para os problemas nas estradas de Timor-Leste, sobretudo em Díli, a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA), juntamente com a Câmara Municipal de Lisboa (CML) e a Autoridade do Município de Díli realizaram, na passada sexta-feira (10.05), um workshop sobre Prevenção e Segurança Rodoviária.
No evento, que decorreu no salão da Universidade Católica Timorense, os intervenientes destacaram a necessidade de os agentes públicos reforçarem as campanhas de consciencialização sobre a importância da segurança no trânsito.
Na avaliação dos participantes, a falta de rigor dos exames para obter a carta de condução, a ausência de um plano nacional de sistema rodoviário e formação inadequada aos utentes das estradas sobre os sinais de trânsito são alguns dos problemas que contribuem, sobretudo, para a ocorrência de acidentes de tráfego – e que, por isso, preocupam as autoridades municipais e de segurança do país.
O primeiro comandante da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), comissário Paulo Fátima Martins, avalia que o movimento de veículos em Díli é desorganizado. “Os condutores param de acordo com a sua vontade, desrespeitando as regras, o que prejudica a circulação de outros veículos e pessoas”, observou.
Segundo o comissário, o Governo deveria construir pontes nas zonas mais movimentadas, como é o caso do Timor Plaza, Banco Mandiri e à frente do Palácio do Governo, “de modo a facilitar a passagem de peões. Além disso, é necessário definir as paragens e o estacionamento público para garantir o ordenamento das estradas”, afirmou.
Questionou também o profissionalismo dos agentes da unidade de trânsito da polícia, que, muitas vezes, não atuam perante o desrespeito pelas regras de trânsito. O comissário criticou também o pouco rigor para se obter a carta de condução no país, como o Diligente evidenciou numa reportagem. “Tirar a carta de condução em Timor-Leste é como comprar pão em Taibessi”, ironizou.
O chefe de departamento da unidade de trânsito da PNTL, Luís da Costa, é outro crítico do processo de obtenção da carta de condução. “Mesmo que exista um sinal a proibir o estacionamento, os condutores ignoram. Será que os exames funcionam como deveriam ou os cidadãos simplesmente pagam para ter o documento?”, questionou.
Luís da Costa também apontou o dedo às más condições dos táxis que operam na capital e fez duras críticas à Direção Nacional de Transportes Terrestres (DNTT), por, a seu ver, “não fazer inspeções rigorosas e permitir que estes veículos não apenas circulem como transportem pessoas, pondo em risco a vida dos cidadãos”.
Em relação aos engarrafamentos em Díli, Luís da Costa identificou oitos pontos de concentração de negociantes a partir de Becora até Comoro. “Alertámos muitas vezes, mas a situação continua igual. Os cidadãos não sabem usar as vias públicas”, disse.
O presidente da Autoridade do Município de Díli, Gregório Saldanha, informou que a entidade vai continuar a transferir os vendedores que ocupam as vias públicas para os mercados de Taibessi e de Manleu. “Estamos a preparar condições e, quando terminarmos, não vamos tolerar que os negociantes continuem a vender nas ruas”, afirmou.
Por sua vez, o coronel Chitas Soares, da Guarda Nacional Republicana (GNR), também presente no evento, salientou a necessidade de as autoridades competentes “fazerem um levantamento dos pontos da cidade nas horas críticas, definir as paragens para os transportes públicos, garantir a segurança nos cruzamentos e rotundas, instalar iluminação pública e reparar os buracos das estradas”.
Segundo o membro da GNR, é essencial apostar na formação sobre o código da estrada para toda a população. “Não há educação cívica, logo não há comportamentos adequados na circulação rodoviária, porque muita gente desconhece as regras e o código da estrada”, opinou.
O coronel também é favorável ao desenvolvimento de um plano nacional do sistema rodoviário, com a finalidade de assegurar a segurança e a fluidez no trânsito. “A capital precisa de uma circular externa para que quem vai de leste para oeste, e vice-versa, não precise de passar pelo centro. Para diminuir o tráfego, o Governo deve criar uma alternativa, que também vai contribuir para a economia nacional”, concluiu.
Uma das prioridades no trânsito é defenir locais de paragem para as. Mikroletes, param em cima das curvas, nos cruzamentos. As motos ultrapassam pela esquerda pela frente, pela direita, nunca sabemos para onde vão. Haver policiamento nos cruzamentos. Há. Muito, muitos condutores sem carta.