Mais um grupo de profissionais da comunicação social está a frequentar o curso de Português para Jornalistas, nível B2, do Consultório da Língua para Jornalistas (CLJ). No final da formação, poderão mais facilmente compreender documentos importantes para o seu trabalho, escrever em português ou simplesmente melhorar a escrita em tétum.
O CLJ está a dinamizar mais uma formação intensiva de Português para Jornalistas, nível B2. O curso teve início a 12 de julho e tem uma duração de 220 horas. Envolve, entre outros órgãos, jornalistas da Agência Noticiosa de Timor-Leste – Tatoli, Grupo Media Nacional, Timor Post ou Suara Timor Lorosa’e-, mas também profissionais do Governo ligados à comunicação.
A formadora portuguesa do curso, Ana Timóteo, explica que o nível B2 se foca sobretudo “num trabalho de compreensão do que se lê e ouve, de desenvolvimento do discurso escrito e oral e, claro, são trabalhadas as questões de funcionamento da língua, muitas delas já anteriormente aprendidas”.
Os formandos recebem um manual e material escolar, entregues no início da formação, e durante o curso, vão sendo também disponibilizados outros recursos, como fichas, informativas ou com exercícios, vídeos e apresentações. “Há ainda um acervo de exercícios interativos para os formandos irem praticando, disponíveis nos recursos do sítio do CLJ”, avançou.
Para a formadora, a diversidade de materiais é, em grande medida, a chave para o sucesso, “porque combate a rotina e o desinteresse”. Além disso, “a adoção de recursos diversos coloca o formando perante situações também elas diferentes. Desta forma, testam o domínio dos saberes e consolidam-nos”. Materiais estes que se baseiam num trabalho inicial, exaustivo e consistente de diagnóstico e “que ditou um desenho formativo coerente e eficaz”.
Entre a necessidade de aprender português e a qualidade dos cursos
Os formandos mostram-se satisfeitos pela oportunidade de frequentar esta formação. Um deles é Evaristo Soares Martins, editor de língua tétum e coordenador de cobertura da agência de notícias Tatoli, nos municípios. “O CLJ tem dado formação gratuita de língua portuguesa específica para os profissionais de comunicação social. Devemos, por isso, aproveitar esta oportunidade”, disse.
Soares Martins considera que a formação do CLJ tem contribuído para o seu desenvolvimento profissional, porque, apesar de trabalhar na edição das notícias em tétum, os cursos ajudam-no a aumentar o vocabulário em português, “o que é muito benéfico, pois o tétum tem muitos empréstimos da língua portuguesa”.
“Embora a maioria dos órgãos timorenses use o tétum na escrita jornalística, muitos termos específicos, por exemplo nos documentos do Governo ou das instituições públicas e privadas, são em língua portuguesa. Então, nós, enquanto jornalistas, temos obrigação de aprender a língua para que possamos compreender corretamente estes documentos e passar informação fidedigna ao público”, defende.
Já Manuel de Sousa, também formando deste curso do CLJ e assessor de imprensa do Ministério da Saúde, contou as dificuldades que sentia anteriormente para comunicar e escrever textos em português. “Mas, depois de acabar o nível B1, comecei a sentir a importância desta língua no meu trabalho”.
“Quero desenvolver os meus conhecimentos em português, porque trabalho na comunicação. Então, isso ajuda-me a produzir informações numa das línguas oficiais e chegar a mais pessoas, não só timorenses”, destacou o assessor.
Angelina Maria Gusmão, funcionária do Conselho de Imprensa e formanda do CLJ, considera o português importante para o seu dia a dia profissional, principalmente tendo em conta que recebe, diariamente, correspondência em português. Revela também sentir-se confortável a aprender português no CLJ, porque, apesar de o idioma não ser a sua língua materna, “os manuais e a metodologia de ensino facilitam a aprendizagem”.
Relativamente aos recursos e metodologia, o coordenador-geral do CLJ, Hermenegildo Xavier, explica: “Esta formação é necessária e é um exemplo para as outras formações na área do jornalismo, já que o CLJ teve a preocupação de fazer estudos, que identificaram as principais necessidades e dificuldades dos jornalistas, e construiu a formação e os materiais didáticos em concordância com as mesmas”.
O coordenador considera que este é mais um curso que contribui para o avanço da língua portuguesa nos órgãos de comunicação social timorenses. Fala ainda da “qualidade da formação”, tanto de Português para Jornalistas como de Jornalismo, como principal ingrediente para estes progressos.
Outra componente do projeto que contribui para os avanços do português na comunicação social timorense é, segundo Hermenegildo Xavier, o acompanhamento diário dos formadores aos jornalistas nas redações dos principais órgãos, onde “podem averiguar se os formandos estão a aplicar aquilo que aprenderam, em termos linguísticos e em termos jornalísticos”.
Para o coordenador, os resultados são visíveis: o número de publicações em português aumentou nos últimos anos e, além da Rádio e Televisão de Timor-Leste, o português está presente no Timor Post, Tatoli, GMN e Diligente. “Estes jornalistas foram formados pelo CLJ e escrevem de acordo com os padrões linguísticos que aprenderam nas formações deste projeto”.
A melhorar as competências de português dos jornalistas desde 2016
O CLJ, uma parceria entre o Camões, I.P. e a Secretaria de Estado para a Comunicação Social, teve início em setembro de 2016 com o intuito de melhorar as competências de português, quer dos jornalistas quer dos profissionais do Governo ligados à comunicação, e de capacitar para a transmissão de informação fidedigna ao público, contribuindo para o aumento da literacia mediática, económico-financeira e jurídica e para o fomento do conhecimento geral da população.
O CLJ disponibiliza cursos de Português para Jornalistas, dos níveis A1/A2, B1, B2, B2+ , mas também de Português Específico para Jornalistas de várias áreas, entre outras, Saúde, Justiça ou Educação.
Nesta segunda fase do projeto, que decorre entre 2021 e 2023, já passaram por diferentes cursos de Português para Jornalistas mais de 200 profissionais de comunicação social, a que se somam cerca de 210 da primeira fase, entre 2016 e 2020. A maioria destes cursos terminou com taxas de assiduidade acima dos 90% e grande parte dos formandos concluiu a formação com a avaliação de Muito Bom.
Além da formação em sala de aula de Português para Jornalismo, de Fundamentos do Jornalismo e Jornalismo, o CLJ tem formadores em quatro redações, responsáveis pela formação em contexto de trabalho a nível linguístico e jornalístico. De 2016 a 2022, o projeto apoiou a produção de mais 19 mil notícias e reportagens em língua portuguesa de órgãos como a Tatoli, Timor Post, GMN, RTTL e Diligente.
Saiba mais sobre o CLJ aqui.