No âmbito da celebração dos 50 anos da Revolução dos Cravos (25 de abril de 1974 a 25 de abril de 2024) e do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, efeméride celebrada a 3 de maio, no passado dia 15 de abril, o Consultório da Língua para Jornalistas (CLJ), em parceria com os Centros de Aprendizagem e Formação Escolar de Timor-Leste (CAFE) de Díli e Liquiçá e o Diligente promoveram um workshop de jornalismo para os estudantes do ensino secundário.
A iniciativa, que durou o dia inteiro, teve lugar na sala de formação do Centro Cultural Jorge Sampaio, na Embaixada de Portugal, em Díli, e contou com a presença de 20 estudantes, acompanhados por professores nacionais e internacionais.
Os jovens escreveram textos jornalísticos sobre temas do seu interesse, sendo que os três melhores ficam aqui publicados.
Em terceiro lugar, ficou a aluna Livânia Jesus (CAFE Díli), com o texto: “Videoconferência entre escolas de Timor-Leste e de Portugal”. A segunda classificada foi a estudante Guizete Viegas (CAFE Díli) que escreveu a notícia “Escola CAFE de Díli é amiga da CPLP”, e em primeiro lugar ficou o texto “A Escola EBC 123 de Liquiçá: Faltam professores, salas de aula e material escolar”, escrito pela discente Natália de Deus Martins (CAFE Liquiçá).
Podem ler os seus textos aqui!
1º texto premiado
Escola EBC 123 de Liquiçá: falta de professores, salas de aula e material escolar
Natália Martins, CAFE de Liquiçá
A Escola EBC 123 de Liquiçá tem poucos professores para os 1717 alunos. Além disso, não há salas, mesas, cadeiras e outros materiais escolares em quantidade suficiente.
É uma escola antiga, que existe desde o tempo da ocupação Indonésia e não tem tido qualquer intervenção na requalificação do edifício ou na reposição de materiais de uso escolar, de acordo com o acréscimo do número de alunos.
O diretor, professor João Rodrigues, disse que, neste momento, a escola tem 1717 alunos matriculados e 43 professores. Por falta de salas, foi necessário mudar 5 turmas do 7.º ano e 5 do 8. para a escola EB 12 de Mauboke.
Acrescentou ainda que pediu aos encarregados de educação para comprarem cadeiras para que os seus educandos se possam sentar nas salas de aula.
Os Serviços da Educação Municipal de Liquiçá foram informados da situação, através de cartas, mas até ao momento não apresentaram soluções. Prometeram enviar mais cadeiras, mesas e outros materiais escolares, e resolver o grave problema de faltas dos professores, mas continua tudo igual.
Um aluno do 9º ano de escolaridade disse que todos os alunos se sentem tristes e discriminados em relação aos alunos que têm, nas suas escolas, boas condições de aprendizagem. Disse, ainda, que tem conhecimento que o Ministério da Educação prometeu melhorar a situação, mas até ao momento nada foi resolvido.
2º texto premiado
Escola CAFE de Díli é amiga da CPLP
Guizete Viegas, CAFE de Díli
A Escola CAFE de Díli tornou-se amiga da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), ao receber a placa condecorativa da REDE de Escolas Amigas desta comunidade.
A placa foi descerrada no dia 14 de março de 2024, pelo Dr. Zacarias Albano da Costa, Secretário Executivo da CPLP. Para além da delegação da comunidade de países que têm a Língua Portuguesa como oficial, também participaram na cerimónia, a Dra. Dulce de Jesus Soares, Ministra da Educação de Timor-Leste, a Dra. Manuela Bairos, Embaixadora de Portugal em Díli, os coordenadores gerais do projeto CAFE e a comunidade educativa (alunos, professores, funcionários e familiares).
Atualmente, existem duas escolas amigas da CPLP em Timor-Leste, para além da escola já referida, também a Escola 4 de Setembro, Unamet, Balide, é parte integrante desta rede.
A rede foi criada na XII Reunião de Ministros da Educação da CPLP, decorrida a 31 de maio de 2023, em Luanda, local onde se efetuou o lançamento oficial da iniciativa Escolas Amigas da CPLP. A Rede de Escolas Amigas da CPLP (REA-CPLP) é constituída por escolas do ensino primário/básico, ensino secundário geral e técnico profissional, de natureza pública ou privada, de todos os 9 países membros e países terceiros, caso se acreditem e atuem com base nos ideais da CPLP.
Enquanto amiga da CPLP, a Escola CAFE de Díli beneficia da coesão linguística criada entre escolas de 9 países, mas também do social e cultural que a partilha de projetos desta rede proporciona. Para o Dr. Zacarias Albano da Costa, o facto de Timor-Leste estar distante dos outros países que falam português não é um problema, mas sim um desafio.
O ponto focal do Ministério da Educação de Timor-Leste para assuntos da CPLP, Dra. Benedita Martins, declarou que mais duas escolas timorenses vão aderir à rede: a EBC 30 de Agosto (Comoro) e a EBC Fatumeta.
Benedita Martins também informou que já estão lançadas duas atividades para as escolas amigas, a primeira é um concurso de escrita criativa para alunos do 10.º ano e a segunda consiste na realização de encontros, por videoconferência, com escritores para alunos do 9.º ano. Neste momento, já existem 22 escolas amigas dos vários países CPLP, sendo o total de alunos superior a trinta mil.
3º texto premiado
Videoconferência entre escolas de Timor-Leste e de Portugal
Livânia Jesus, CAFE de Díli
As turmas do 12.º ano da Escola CAFE de Díli participaram numa videoconferência com alunos da Escola Secundária Ferreira de Castro, da cidade de Oliveira de Azeméis, em Portugal. Esta atividade decorreu no espaço escolar de Taibessi, sala 1, no dia 24 de abril.
Os principais objetivos desta atividade foram promover a interculturalidade entre alunos destes dois países diferentes, mas membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), e debater o 25 de Abril.
Durante a realização da videoconferência foram feitas várias perguntas, de um lado e do outro, sobre cultura, tradição e modo de viver de ambos os países. Também foi analisada a questão da liberdade nos dias de hoje, em especial a liberdade relacionada com a juventude e as oportunidades para os alunos do ensino secundário.
No final, a aluna Mónica Findalin, do CAFE de Díli, disse ao nosso jornal que tinha sido uma experiência muito boa e que gostaria de repetir esta atividade. Por outro lado, o aluno Rui Silva, de Portugal, ficou entusiasmado com o debate e manifestou o desejo de visitar Timor-Leste quando tiver possibilidade.
Timor-Leste e Portugal são membros da CPLP e têm a Língua Portuguesa como língua oficial, sendo que em Timor-Leste também o Tétum é língua oficial. Para Mónica Findalin, estas atividades são uma forma diferente de falar mais em Língua Portuguesa e de ouvir o Português pronunciado de outra forma.
A professora Angelina Pinto, da Escola CAFE, uma das promotoras do evento, reforçou a necessidade de repetir este tipo de atividade. Assim, no terceiro período, durante o mês de setembro, Timor-Leste e Portugal voltarão a estar ligados pelas palavras de dezenas de alunos via videoconferência.
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