Estudantes da Faculdade de Direito queixam-se de violação de regras por parte de professores e funcionários da UNTL

AAEFD-UNTL durante a conferência de imprensa, ontem, na UNTL

Alunos alegam atraso na divulgação de notas, falta de assiduidade dos professores e comportamento agressivo de funcionários administrativos

A Associação Académica Estudantil da Faculdade de Direito da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (AAEFD-UNTL) manifestou ontem, dia 2 de março, descontentamento por ver os seus direitos violados. Em conferência de imprensa, na UNTL, o grupo de alunos queixou-se do atraso na divulgação das notas de exames e da falta de assiduidade por parte de alguns docentes.

De acordo com os estudantes, o professor Júlio Crispim e pelo menos outros três “não cumprem o regulamento aprovado no Conselho Geral em 2013, bem como o calendário académico” e, por isso, “não são responsáveis, abusam do poder, desrespeitam os nossos direitos e não valorizam o nosso esforço”, afirmou o porta-voz da associação, Cristóvão de Araújo, estudante do 5º ano da Faculdade de Direito.

Segundo o porta-voz, os estudantes do 2º ano apenas receberam o resultado dos exames feitos em 2021 no ano seguinte. Já os discentes do 1º ano terão tido as notas divulgadas em 2023, dois anos após a realização das provas. Por sua vez, os alunos finalistas deste ano alegam que ainda não receberam os resultados de avaliações de 2022.

“O atraso na publicação das notas afeta-nos , porque não sabemos se passámos ou não e se devemos frequentar determinada disciplina novamente”, argumentou Cristóvão de Araújo.

Os estudantes finalistas são ainda prejudicados em termos financeiros, porque deveriam pagar 5 dólares americanos de propinas semestrais , mas devido ao atraso na divulgação das notas, acabam por pagar 30 dólares e concluem o curso mais tarde, acrescentou.

Segundo a associação, para piorar, os referidos docentes faltam muito e sem justificação e não são pontuais . A situação toda, enfatizou Cristóvão de Araújo, representa uma violação ao artigo 10º (Deveres do corpo docente), números 3 e 4, do Código de Conduta da UNTL, que estipula o respeito a prazos, assiduidade e o compromisso em oferecer um ensino de qualidade. O documento foi aprovado num Conselho Geral da instituição, em 2014.

O porta-voz deu também um outro exemplo do que considera ser falta de comprometimento com a qualidade no ensino. Conforme o jovem, Júlio Crispim, enquanto decano interino da Faculdade, autorizou que recém-graduados do ano passado pudessem ministrar aulas na condição de professores assistentes – o que implica o acompanhamento e orientação dos docentes principais. No entanto, os titulares das disciplinas terão deixado os assistentes a ensinar sozinhos.

Um deles é Nídio Pinto, que destacou que não recebe nenhum dinheiro da UNTL, já que trabalha voluntariamente há um ano. O educador, que teve o nome citado pelos alunos, demonstrou desconforto com o protesto e adiantou que irá parar de lecionar aulas na instituição como voluntário.

“Vou deixar de ensinar, porque os estudantes não sabem agradecer. A minha condição não é como a dos outros professores permanentes, que recebem da UNTL para trabalhar. Em relação às notas, já publiquei todas. Não devo nada a ninguém”, ressaltou.

Pedido de providências

Outra preocupação dos estudantes tem a ver com o mau atendimento por parte dos serviços administrativos da Faculdade. “Os funcionários também não são pontuais e não arquivam corretamente as nossas notas, o que interfere com a obtenção de documentos. Muitas vezes, são agressivos”, sublinhou Cristóvão de Araújo.

Neste sentido, a AAEFD-UNTL apelou ao decano interino, Júlio Crispim, ao vice-decano dos Assuntos Académicos, Estevão Sanches, à vice-decana dos Assuntos Estudantis, Prycillia Ximenes, e ao reitor da UNTL, João Martins, que tomem providências o mais rapidamente possível. “Aos docentes que ainda não divulgaram as notas, exigimos que o façam até ao final desta semana”, informou o porta-voz.

Ao Ministério do Ensino Superior e à Comissão Parlamentar G, que trata dos assuntos da educação, pedem que estejam atentos ao que se passa com os estudantes de Direito da UNTL, que estão a ser prejudicados por causa dos erros dos docentes. “Caso a estrutura da UNTL não tome medidas até ao final desta semana, vamos manifestar-nos contra a Faculdade até sermos ouvidos”, garantiu Cristóvão de Araújo.

Em outubro de 2023, estudantes do curso de Pesca e Ciência Marinha da UNTL também se manifestaram contra o que consideraram ser abuso de poder por parte de um professor.

O Diligente contatou Júlio Crispim, que se limitou a “agradecer” aos estudantes e desligou a chamada sem sequer ouvir as perguntas do jornalista. Estevão Sanches e Prycillia Ximenes também foram procurados, mas não responderam. Já o reitor da UNTL negou-se a fazer comentários a respeito do protesto dos estudantes.

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