Vendedores pedem ao Governo que crie condições antes de os expulsar de atual espaço

Cerca de 100 vendedores em Bidau Akadiru-Hun correm risco de serem expulsos/Foto: Diligente

Os comerciantes do tradicional mercado de Sengol Bidau Akadiru-Hun estão preocupados com  o plano do Governo para os remover dos seus pontos de venda, sem a garantia de um lugar digno para continuarem a trabalhar. Autoridades permanecem em silêncio sobre a questão

Os vendedores do mercado Sengol, situado em Bidau Akadiru-Hun, Díli, foram confrontados, no início deste mês, com o plano do Governo de os retirar dos espaços de venda que ocupam há mais de 20 anos. No local, aproximadamente 100 pessoas trabalham diariamente no comércio de roupas, vegetais e lenha. Há também no espaço pequenos estabelecimentos.

A porta-voz do grupo, Imaculada Afoan, classificou a mudança forçada como “inadmissível” e pediu às autoridades para procurarem uma alternativa que não prejudique o rendimento dos negociantes.

“O Governo deveria ter promovido o diálogo antes de tomar esta decisão. Deste modo, poderíamos ter chegado, em conjunto, a uma outra solução”, frisou, na conferência de imprensa realizada na passada sexta-feira (8.03), em Bidau Akadiru-Hun. A intenção do Governo, conforme a porta-voz, é de transferir os trabalhadores, até ao fim deste mês, para os mercados em Taibessi e Manleu – espaços que já enfrentam problemas de sobrelotação e infraestruturas.

Neste contexto, Imaculada Afoan apela às partes competentes para que sejam consideradas outras alternativas, e deu exemplos. “Pedimos ao Governo que reative o mercado de Becora ou outros espaços em Díli, que cumpram os critérios básicos para que possamos continuar o nosso negócio”, afirmou.

A porta-voz ainda reclamou dos representantes do povo no Parlamento Nacional. “Deveriam ouvir as nossas preocupações, pois o que está em causa é a nossa sobrevivência”, destacou. Imaculada Afoan ressaltou que os negociantes não se recusam a mudar, desde que tenham um lugar para trabalhar de forma digna.

Em 2015, segundo a porta-voz, o Governo terá pedido os dados dos vendedores para abrir uma conta bancária, para onde supostamente seria transferida uma indemnização, algo que não se verificou até ao momento. “Vamos cooperar com o Governo, mas o Governo vai cooperar connosco? Vai preparar condições dignas e seguras para que possamos trabalhar?”, questionou.

Celina Ximenes, 47 anos, é proprietária de um restaurante e de um salão de beleza em Bidau Akadiru-Hun. Com os seus negócios, sustenta os filhos e emprega 12 pessoas, que ganham, cada uma, 150 dólares americanos por mês. “Se eu tiver de sair daqui sem ter um lugar adequado para reabrir os meus estabelecimentos, estas pessoas poderão ficar desempregadas”, frisou.

A negociante contou que os elementos do Governo fazem constantemente pressão para que os trabalhadores em Bidau Akadiru-Hun deixem o espaço, e deu o recado: “Não vamos sair do lugar sem informação formal e clara do Governo sobre o nosso destino”, enfatizou.

O mesmo sentimento acompanha Marta Martins Salsinha, 43 anos, vendedora de roupa e lenha. “Estamos aqui há 25 anos. Vamos resistir. Não temos outro espaço para viver e trabalhar. Se o Governo nos expulsar, sem termos um local para montarmos o nosso negócio, estará a matar-nos”, afirmou.

O chefe de suco de Bidau Santana, Alexandrino Mesquita Braz, disse que a maioria dos vendedores no mercado Sengol é residente na região e chamou a atenção das autoridades “para a urgência de criar condições para os trabalhadores, no sentido de permitir que continuem a trabalhar com dignidade”.

O secretário de Estado dos Assuntos da Toponímia e Organização Urbana, Germano Brites, partilhou com o Diligente que o plano de mudar os negociantes é do Ministério da Administração Estatal e, por isso, não poderia comentar o assunto. “Não posso dar explicações sobre a questão, uma vez que apenas estou a cumprir orientações do meu superior. É da minha competência, mas prefiro evitar polémicas”, afirmou o governante.

O Diligente também entrou em contacto com o diretor do Serviço Municipal de Gestão de Mercado e Turismo, Artur Henriques, mas não obteve resposta até à publicação deste artigo.

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