Três mortes em 95 internamentos por dengue na pediatria do HNGV desde janeiro

Departamento de Pediatria do Hospital Nacional Guido Valadares/Foto: DR

O Departamento de Pediatria do Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV) registou, em janeiro, 50 casos de dengue e duas mortes. Em fevereiro, foram reportados 45 casos e um óbito, perfazendo um total de 95 crianças infetadas, das quais resultaram três mortes.

A chefe do Departamento, Milena Lay, explica que as crianças que não sobreviveram deram entrada no hospital já numa fase crítica da doença. “Quando o paciente tem febre, vómitos e dores de cabeça durante três dias, deve procurar ajuda médica o mais rapidamente possível”, uma vez que podemos estar perante “ a forma mais grave da doença”, chamada dengue hemorrágica.

De acordo com a pediatra, a fase crítica da dengue ocorre no período de transição do estado febril para ausência de febre. O paciente infetado apresenta, entre outros sintomas, dificuldade em alimentar-se, hemorragias, vómitos com sangue, fezes mais escuras e também frio nas extremidades (pés e mãos). Se não receber tratamento médico imediato, “pode ser fatal”.

Relativamente aos fatores que contribuem para o aumento de casos de dengue, a médica pediatra realça o facto de as habitações serem muito perto umas das outras, com grandes aglomerados de pessoas expostas ao contágio e também o ambiente insalubre perto das casas, nomeadamente esgotos, lixeiras a céu aberto e vasos com águas paradas, que favorecem o aparecimento de mosquitos. Para além destes fatores, se a criança já apresentar alguma outra patologia, há mais probabilidades de ser infetada pelo facto de estar com o sistema imunológico em baixo.

Questionada sobre as condições do serviço de pediatria, a responsável afirma que, com apenas 75 camas, o espaço se tem mostrado insuficiente para a quantidade de pacientes que têm recebido nos primeiros dois meses do ano, porque são também precisas camas para o internamento de crianças com outros problemas de saúde.

Milena Lay relembra ainda o surto de dengue que ocorreu em 2022 e que obrigou a que os doentes em estado moderado tivessem de ser assistidos num espaço do Centro de Saúde de Vera Cruz (Díli). Foram apenas transferidos ou mantidos no HNGV os pacientes em estado grave, deixando o alerta para o perigo da situação se repetir.

A médica especialista apela ao apoio da comunidade e sugere algumas medidas de prevenção do contágio da doença, como manter o ambiente limpo, não deixar água acumulada, colocar o lixo em sacos de plástico e em contentores fechados, lavar semanalmente com água e sabão tanques de água, usar repelente e redes mosquiteiras e vestir roupas que cubram braços e pernas para prevenir a picada do mosquito.

Dofin de Jesus é uma das crianças que está, neste momento, internada no Departamento de Pediatria do HNGV. O pai, Domingos de Jesus conta que, depois de o filho ter febre e vomitar, decidiu levá-lo à clínica de Comoro e fazer os exames de sangue para despistar a infeção. Depois dos dois primeiros testes terem dado negativo, o terceiro indicou a infeção por dengue e foi então transferido para a unidade, onde ainda se encontra em tratamento.

No total, a Unidade de Pediatria do HNGV registou, até ao dia 16 deste mês, 166 casos. Dos 95 internamentos relativos aos primeiros dois meses do ano, 82 crianças já tiveram alta e 10 continuam internadas.

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