Três mil estudantes em protesto impediram receção anual dos novos alunos da UNTL

Estudantes em protesto na reitoria da UNTL/ FOTO: DR

A Associação Académica e os novos estudantes da Universidade Nacional de Timor-Lorosae (UNTL) impediram , esta segunda-feira, dia 13, o início da orientação académica (praxe) anual dos caloiros da faculdade. Manifestaram-se, na reitoria, 3 mil estudantes contra os atrasos dos serviços administrativos da instituição, que impediram a matrícula dos novos estudantes a tempo de todos poderem participar nas atividades de receção aos caloiros.

“Reunimos 3 mil estudantes na universidade para protestar contra o sistema pouco profissional dos serviços administrativos, que atrasou o registo dos caloiros o que, consequentemente , os impede de participarem na orientação académica. Este problema repete-se todos os anos”, explicou ao Diligente no dia do protesto, o coordenador da manifestação, César João Batista, estudante da faculdade de Direito da UNTL.

Na passada quinta-feira, dia 9 de março, a Associação Académica já tinha emitido um comunicado de imprensa a pedir ao reitor da UNTL, João Soares Martins, uma solução para o problema, uma vez que a apenas quatro dias da data marcada para o início da orientação dos novos alunos da universidade, mais de mil estudantes ainda não tinham conseguido matricular-se. Na ausência de resposta, decidiram avançar com a manifestação, acabando mesmo por impedir o arranque das atividades agendadas para os dias 12 e 13 de março.

Os estudantes exigiram , a par da alteração da data da orientação académica, a exoneração dos funcionários administrativos, por “não terem registado os novos alunos atempadamente ”. Além de os impedir de participarem na orientação, esta situação atrasou também o início do ano letivo para os novos estudantes, já que a UNTL estipula que as aulas dos caloiros só começam depois de concluída a orientação académica.

Na manifestação, o presidente da Associação Académica da UNTL, Cristóvão César, defendeu que a universidade não está preparada para fazer a orientação, porque “apenas os estudantes matriculados podem participar e muitos ainda não conseguiram fazê-lo. Não se preocupam com os nossos problemas. Exigimos uma solução, caso contrário vamos apresentar queixa do reitor e da sua equipa ao Parlamento Nacional e ao Ministério do Ensino Superior, Ciência e Cultura (MESCC)”.

Arcénia Augusto, caloira da Faculdade de Direito, realçou que “se deve esperar pelos colegas que ainda não conseguiram matricular-se. Esperamos muito tempo para nos registarmos, porque os serviços administrativos funcionam mal e os novos alunos atropelam-se uns aos outros para conseguirem chegar ao balcão”, contou.

O diretor geral dos serviços da administração académica da UNTL, Armindo Leto Fátima, esclareceu ao Diligente que os serviços administrativos “conseguiram matricular, até ao dia 10 de março, 3100 estudantes e ficaram por matricular 1400”.

O reitor da UNTL dirigiu-se, na manifestação, aos estudantes em protesto para realçar que “a orientação académica não é obrigatória”, salientando que os alunos que não conseguissem participar, poderiam “fazê-lo numa próxima oportunidade”, nomeadamente no próximo ano letivo. Pediu, por isso, aos manifestantes que voltassem atrás no protesto e não impedissem as atividades de receção dos novos alunos.

O apelo não foi acolhido , e no próprio dia da manifestação, a UNTL cancelou a orientação académica e anunciou que o início das aulas para os novos alunos iria acontecer sem que se realizasse orientação académica, o que até à data nunca tinha acontecido. Os serviços da faculdade não especificaram, no entanto, a data de arranque do ano letivo, que deveria ter começado em fevereiro, à semelhança do que aconteceu em anos anteriores.

Na terça-feira, a Associação de Estudantes informou, em conferência de imprensa, que já solicitou ao vice-reitor para os assuntos académicos e de garantia da qualidade da UNTL, Samuel Freitas, uma justificação para o cancelamento da orientação. A associação exigiu também a melhoria célere dos serviços administrativos para evitar que este problema se repita no futuro.

Apesar do cancelamento, os estudantes da Faculdade de Ciências Sociais da UNTL participaram, esta quarta-feira, numa sessão de sensibilização sobre as regras, visão e missão da faculdade. O decano da Faculdade de Ciências Sociais, Camilo Ximenes, explicou ao Diligente que esta ação surge como “alternativa à orientação académica por discordar do cancelamento”, que considera não ter sido “uma decisão unânime de todos os decanos da UNTL”. Avançou ainda que “as atividades de sensibilização vão decorrer até sexta-feira” e que as aulas nesta faculdade “têm início previsto para segunda-feira”, dia 20 de março.

O processo de matrículas na UNTL continua a decorrer até dia 30 de março.

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