Relatório destaca problemas no abastecimento de água para cidadãos em Covalima

Torneiras públicas avariadas em Covalima dificultam a vida das famílias que não têm acesso a água em casa/Foto:PN- BESI TL

Relatório da Plataforma Nacional BESI Timor-Leste revela que torneiras públicas não funcionam e que pessoas chegam a passar a noite em reservatório para conseguir um pouco de água.

A distribuição de água em Covalima ainda é um dos maiores problemas dos habitantes do município. De acordo com um relatório da Plataforma Nacional Água, Saneamento e Higiene Timor-Leste,(PN-BESI TL, em tétum), uma organização da sociedade civil criada em 2014, a questão exige a intervenção urgente das autoridades. O estudo foi divulgado pela entidade esta quarta-feira (6/03).

Na região, são poucas as famílias que têm acesso a água em casa e grande parte das torneiras públicas não funciona. O documento relata que os funcionários responsáveis pela gestão das instalações hídricas deixaram de trabalhar por não receberem salário, o que fez com que as infraestruturas ficassem sem manutenção. Para além disso, as mudanças climáticas fizeram com que algumas fontes secassem e a comunidade não preserva os recursos instalados nos sucos.

A situação obriga muita gente a deslocar-se ao reservatório de água. Devido ao elevado número de cidadãos que querem aceder ao local, alguns chegam a esperar até à meia-noite ou a pernoitar no lugar para conseguirem um pouco de água.

O documento dá conta da falta de investimento do Governo no setor, a insuficiência de recursos hídricos e também da pouca consciencialização da população, que não conserva os sistemas de água instalados nos sucos.

“O fornecimento de água ainda não é seguro e acessível para a comunidade nas áreas rurais. Sendo um direito básico, o Governo tem a obrigação de investir mais e melhor no setor para garantir o bem-estar da população”, sublinhou a presidente da PN-BESI TL, Esménia Laura Ximenes.

De acordo com a Organização Não Governamental (ONG) La’o Hamutuk, a percentagem do Orçamento Geral do Estado (OGE) alocada este ano para água e saneamento corresponde a 1,3% do montante total (1,9 mil milhões de dólares).

A líder da organização esclareceu que, em colaboração com o Serviço de Apoio à Sociedade Civil e Auditoria Social (SASCAS), conduziu uma investigação abrangente nos sucos de Maudemu, Cassabauk, Lalawa e Baiseuk, localizados no posto administrativo de Tiliomar, em Covalima. Este processo envolveu uma série de reuniões com os fornecedores, os residentes e as autoridades competentes, visando a troca de informações sobre a situação da comunidade em relação ao acesso a água.

“Para além disso, a falta de coordenação e cooperação entre Bee Timor-Leste e as autoridades locais e do Governo contribui para que estes problemas persistam”, lamentou Esménia Laura Ximenes.

“O Governo precisa de consciencializar a população para cuidar das instalações de água e reforçar a acessibilidade para que as pessoas com deficiência possam aceder aos reservatórios, acrescentou.

Segundo o censo de 2022, apenas 10% das moradias em Timor-Leste possui torneiras próprias e menos de 40% das famílias têm acesso a torneiras públicas.

O diretor do Fórum Organização Não Governamental Timor-Leste (FONGTIL), Valentim da Costa Pinto, ressaltou que o acesso a água, sobretudo potável, é fator essencial para o desenvolvimento nacional e, por isso, os governantes precisam de melhorar os serviços de abastecimento à população.

Nesse sentido, solicitou ao Governo a revisão do programa Àrea La soe Foer boot Arbiru, que deveria garantir aos cidadãos instalações sanitárias dignas, saneamento básico e distribuição de água potável. “É importante que o Ministério da Saúde, juntamente com as autoridades competentes, deem continuidade a esta iniciativa”, apelou.

O vice-presidente da Bee Timor-Leste (BTL), Gustavo da Cruz, afirmou que em Tiliomar as condições da localidade dificultam o fornecimento de água para toda a comunidade. A BTL, de acordo com o responsável, pretende fazer perfuração no local, mas a água está contaminada com petróleo.

Relativamente à inoperância da BTL e autoridades locais, o dirigente realçou que desde 2016 os serviços de abastecimento foram expandidos para as áreas rurais. “Reconhecemos que o serviço de água nos municípios, para além da capital, enfrenta desafios. Mas quando as bombas de água avariam, a BTL faz manutenção”, afirmou.

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  1. Sempre houve problema de agua em Cova Lima.
    Sugiro que engarrafem essa agua e vendam para todo o pais pro pessoal acender os fogoes e petromaxes. Com a receita da venda do “minarai” constroi-se um aguaduto de Cova Lima ate a localidade mais proxima com agua potavel. Ou se compra agua em Dili e envia-se de aviao para o Suai pois temos um aeroporto muito muito bonito que esta as moscas.

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