Os recém-graduados das instituições de ensino superior em Timor-Leste mostram-se indignados devido à falta de campo de trabalho no país, o que leva a que muitos decidam emigrar em busca de um emprego bem remunerado no estrangeiro.
Em Timor-Leste, existem 20 instituições de ensino superior que anualmente realizam cerimónias de graduação. Este ano, a Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) graduou 1500 estudantes.
As cerimónias de graduação são envoltas em pompa e circunstância: os jovens compram a toga, ensaia-se o protocolo, organizam-se festas nas universidades e em casa, bloqueiam-se as estradas, os familiares vêm em massa dos municípios para assistirem ao que julgam ser o início de um futuro brilhante para os seus filhos.
No entanto, na maior parte das vezes, o que espera a estes jovens é o desemprego. O Censo de 2022 indica uma percentagem global de 2,9% de desempregados, mas superior a 6% na faixa etária dos 15 aos 29 anos.
Celestino Gusmão, pesquisador da Organização Não Governamental (ONG) La’o Hamutuk, acredita que esta taxa de desemprego não retrata a realidade de Timor-Leste e que os valores são bem mais elevados. “Os mecanismos do Censo para distinção de emprego e desemprego são questionáveis”, sublinhou.
De acordo com o Censo de 2022, o desemprego entre jovens de 15 a 24 anos é de 5% para os homens e 5,5% para as mulheres, o que indica a alta dificuldade de entrar no mercado de trabalho e a posição vulnerável da juventude. Note-se que Timor-Leste regista 1.3 milhões dos habitantes e, segundo o censo de 2022, 64,6% dos timorenses têm menos de 30 anos, sendo que 21,6% são jovens de 15 a 24 anos.
De acordo com o relatório da Secretaria de Estado da Formação Profissional e Emprego, na última década, mais de 17 mil timorenses emigraram para a Austrália, Coreia do Sul e outros países.
O Diligente conversou com alguns recém-graduados para perceber os desafios que enfrentam.
“Temos dificuldade em conseguir emprego porque, segundo os requisitos, os candidatos devem ter um ou dois anos de experiência de trabalho, então nunca somos selecionados”
“As universidades, anualmente, produzem muitos recursos humanos, porém não há emprego para todos. Sendo um problema social, o Governo precisa de criar políticas públicas para o resolver.
Temos dificuldade em conseguir emprego porque, segundo os requisitos, os candidatos devem ter um ou dois anos de experiência de trabalho, então nunca somos selecionados. Somos competentes, por isso recebemos um diploma, se não fossemos, não terminaríamos o curso. No entanto, nunca nos é dada uma oportunidade para adquirir experiência.
Em Timor-Leste, muitas escolas nas áreas rurais não têm docentes, mas o Ministério da Educação não recruta novos professores, porque ainda não resolveu a polémica em torno dos professores voluntários e contratados. Alguns professores ensinam voluntariamente há muitos anos, mas não são contratados pelo Governo. Esta situação desmotiva-nos a trabalhar no país e muitos emigram.
Considero que o grau que a universidade me atribuiu é uma grande responsabilidade. Queria apelar ao Governo para que crie campo de trabalho e invista para que os jovens não fujam para o estrangeiro. Caso contrário, só ficam velhos no país”.
“Pensei em criar a minha própria pequena indústria, mas não é fácil, porque é preciso dinheiro e recursos humanos”
“Acabei a minha licenciatura em Engenharia de Indústria, mas não temos grandes indústrias em Timor. Temos pequenas indústrias como o Sal de Timor, Gota, Café Timor, entre outros, mas não podem acolher os graduados desta área.
Nunca há vagas de emprego na minha área, por isso pensei em criar a minha própria pequena indústria, mas não é fácil, porque é preciso dinheiro e recursos humanos. No ano passado, trabalhei durante seis meses na cooperativa de Café Timor em Letefoho, Ermera, a controlar a entrada e saída de produtos.
Candidatei-me a vagas em instituições públicas e privadas, mas não tive sorte. Aqui, o recrutamento funciona por cunhas, se tens um familiar que trabalha em alguma instituição, vais ser selecionado, o que faz com que muitos profissionais competentes fiquem desempregados.
Por tudo isto e também porque o salário é insuficiente para fazer face às despesas, pretendo ir trabalhar para o estrangeiro. Candidatei-me a vagas na Austrália, se passar, vou para lá para conseguir algum dinheiro e quando já tiver suficiente, volto e crio a minha pequena indústria.
O Governo precisa de convidar as grandes empresas internacionais para investir nas fábricas e indústrias no país, criando assim mais postos de trabalho para os jovens e garantindo o bem-estar das famílias timorenses”.
“O conhecimento que tenho não é para ficar guardado no meu bolso, quero partilhá-lo e contribuir para o progresso da educação”
“Antes de terminar o ensino superior, os estudantes devem ter objetivos bem definidos para rentabilizarem os conhecimentos adquiridos durante o curso.
Todos queremos ter emprego e, para tal, devemos procurar oportunidades. Hoje em dia, vivemos na era da tecnologia e há muitas ferramentas digitais que podemos utilizar para criar o nosso próprio emprego. Por exemplo, existem tutoriais que nos podem ajudar a criar um negócio online e a ser criativos. Se não fizermos isto, vamos ficar desempregados.
As instituições públicas e privadas disponibilizam espaços para aqueles que querem trabalhar como voluntários, mas muitas vezes os graduados não querem aproveitar essa oportunidade. Trabalhar como voluntário é uma boa forma de melhorarmos as nossas competências e, quando chegar o momento certo, se o nosso desempenho tiver sido satisfatório, vamos ser contratados.
Trabalho há dois anos, como professor voluntário numa escola em Lautém. O meu objetivo não é ganhar dinheiro, mas sim desenvolver os conhecimentos adquiridos no ensino superior. O conhecimento que tenho não é para ficar guardado no meu bolso, quero partilhá-lo e contribuir para o progresso da educação. Ainda somos jovens, temos de fazer sacrifícios, ser criativos e ter ânimo para fazer o melhor para o nosso futuro, não podemos ficar sentados à espera que as oportunidades nos batam à porta”.
“Em Timor-Leste, é muito difícil conseguir uma vaga, porque algumas instituições só funcionam por cunha”
“Depois de terminar os estudos, todos os graduados desejam ter um emprego, mas não há postos de trabalho todos os recursos humanos que as universidades produzem, por isso, muitos jovens licenciados decidem ir trabalhar para o estrangeiro.
Sempre que abre uma vaga, concorrem mil e tal pessoas apenas para uma vaga. Ora, isto mostra-nos que muita gente está desempregada e o Governo não consegue resolver a situação.
Candidatei-me a vagas de emprego e passei na seleção de documentos, mas depois na entrevista não. Em Timor-Leste, é muito difícil conseguir uma vaga, porque algumas instituições só funcionam por cunha.
Para além disso, as instituições exigem carta de bom comportamento do chefe de suco, da Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), atestado médico e outros documentos. Para os conseguir temos de gastar muito dinheiro.
Considero que alguns requisitos são injustos, porque exigem que tenhamos dois ou três anos de experiência de trabalho. Enquanto estudamos na universidade, estamos concentrados para conseguir terminar o curso atempadamente. Este requisito precisa de mudar, uma vez que impede os recém-graduados de competir, o que acaba, consequentemente, por contribuir para o aumento do desemprego no país”.
“Não queria este curso, foi exigência da minha família, e como quem pagou os meus estudos foi o meu irmão, tive de aceitar”
“Ainda estava no ensino superior e já ouvia dizer que os graduados de engenharia do petróleo iam ter dificuldade em arranjar emprego. Nunca encontrei informação sobre o recrutamento de especialistas na minha área e agora que me graduei, percebo que não temos mesmo campo de trabalho.
Não queria este curso, foi exigência da minha família, e como quem pagou os meus estudos foi o meu irmão, tive de aceitar. Na universidade, não temos aulas práticas, porque não há laboratório. Uma amiga minha decidiu não fazer o exame final da monografia, por saber que não ia ter emprego e disse que seria melhor tirar outro curso.
Gostaríamos de trabalhar na perfuração de gás e petróleo no Suai, Covalima, mas não temos informação sobre como fazê-lo. Alguns dos meus colegas que se graduaram no ano passado estão a trabalhar como mecânicos e também nos serviços administrativos em organizações locais.
Espero que o IX Governo traga o gasoduto para Timor-Leste para termos oportunidade de trabalho na nossa área”.
E muito triste que se estejam a formar jovens para o desemprego. Na minha mais modesta opiniao, os formados em engenharia, petroleo e minas, deviam tentar os laboratorios analiticos como a SGS, Ultratrace, Genalysis etc…
Podem ganhar experiencia como tecnicos de analises nos sectores de minerais, oleo e gas, agricultura, environmental, etc…
A embaixadora D. Ines de Almeida podera arranjar um acordo de trabalho com os CEO dessas companhias a semelhanca da apanha da fruta.
Eu pessoalmente trabalhei para a SGS por mais de 30 anos.
Essa experiencia nos laboratorios vai ser muito util no futuro desires jovens e de Timor Leste.
Ja agora e desculpem a minha ignorancia TL forma carpinteiros, pedreiros , latoeiros, electicistas, canalizadores, alcatroadores de estradas, tecnicos de asfalto, hoteleiros de turismos, e, tem uma politica de udescentralizacao?
Aileu, Ainaro Atauro, Baucau, Bobonaro, Covalima, Ermera Liquica, Manatuto, Maubisse, Ermera, Maliana, Oecusse, Baucau, Viqueque, voces foram apanhados pelos extraterrestes?
Eu so perguntei nee? Inteligencia do macaco!