Quando o lixo toma conta da cidade

A praia de Metiaut até ao Cristo Rei, uma das principais zonas turísticas do país, está coberta de lixo /Foto: Diligente

Os resíduos estão espalhados por todo o lado. O Diligente foi observar algumas das zonas mais afetadas da capital.

Celebra-se, este sábado (30.03), o Dia Mundial do Resíduo Zero, data instituída pela Organização das Nações Unidas para lembrar a importância de iniciativas capazes de aumentar a consciencialização sobre reciclagem, sustentabilidade, padrões de consumo e o destino que se dá ao lixo.

Em Timor-Leste, especialmente em Díli, é evidente que esses valores ainda estão bastante distantes da realidade.

Quando transitamos pelas ruas da capital do país, é visível o acúmulo de lixo. É um problema recorrente, sobre o qual, muitas vezes, as pessoas já não mostram interesse em falar. Contudo, há aqueles que não se cansam.

Martinho da Costa, 35 anos, morador em Metiaut, queixa-se da sujidade encontrada nos arredores de casa. É ele próprio que, na maior das vezes, faz a limpeza do espaço público.

“As pessoas não podem deitar o lixo indiscriminadamente, porque quando chove a água leva os resíduos para a praia, acabando por poluir o nosso mar”, refletiu.

Um dia comum em Metiaut/Foto: Diligente

No Cristo Rei, uma zona turística religiosa, o ambiente não é limpo. Os visitantes não se preocupam em colocar o lixo nos caixotes que o governo instalou no local. Os visitantes bebem cerveja e deixam as garrafas no areal.

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Praia do Cristo Rei, postal do país/Foto: Diligente

Já na Praia dos Coqueiros, os pneus, as garrafas de água, os plásticos e detergentes estão espalhados pelas valetas perto de hotéis, edifícios do Governo e embaixadas. Quando chove, esse lixo transborda e vai parar ao mar.

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O lixo nas valetas na Praia dos Coqueiros/Foto: Diligente

Diariamente, o volume de lixo produzido em Díli é de aproximadamente 220 toneladas. Quando, por alguma razão, não há recolha, há uma acumulação e muitas pessoas optam por queimar tudo. Em Comoro, esta situação é bastante comum.

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Detritos em Comoro/Foto:Diliigente

Quando se atravessa a ponte CPLP, que liga Comoro e Manleu, é evidente o amontoado de roupas, plásticos, caixotes e restos de comida na beira da estrada.

Faustino da Silva, morador no local, afirmou que, muitas vezes, o lixo chega até ao meio da rua, acrescentando que a situação é agravada pela falta de contentores.

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Lixo no espaço aberto entre Comoro e Manleu /Foto: Diligente

O mesmo problema também acontece na zona de Bemori, onde o lixo no espaço aberto já faz parte do cenário. A Autoridade Municipal de Díli (AMD) prometeu, no início deste ano, instalar 345 contentores pela capital, mas ainda não o fez.

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Situação em Bemori /Foto: Diligente

No mercado de Taibessi, a situação é das mais lamentáveis: o volume de produtos que circula no ambiente gera uma quantidade impressionante de resíduos, que, por sua vez, muitas vezes, ficam expostos por dias seguidos, colocando em risco a saúde da população.

Os trabalhadores que fazem a recolha do lixo são os que ficam mais expostos: trabalham sem qualquer equipamento de proteção e ganham um salário abaixo do mínimo.

Não há campanhas de consciencialização. Não há educação de qualidade nas escolas públicas. Não há investimentos sérios por parte das autoridades. Até quando?

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Trabalhadores desprotegidos são os mais expostos a problemas de saúde/Foto: Diligente

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