O Diligente entrevistou Aleixo de Carvalho Ximenes Monteiro, secretário-geral do Partido Unidade Desenvolvimento Democrático (PUDD), que está na corrida para as eleições parlamentares, no próximo dia 21 de maio. O secretário-geral falou sobre as metas, a visão e a missão do partido. Referiu ainda as medidas a implementar no sentido de melhorar os setores que o partido considera prioritários para o desenvolvimento de Timor-Leste, nomeadamente o da agricultura, da educação, da saúde e da defesa e segurança.
Porque é que os eleitores devem votar no PUDD?
Timor-Leste é um Estado de direito democrático, por isso, todos têm liberdade de escolher o partido que consideram ter um bom programa e em quem querem depositar a sua confiança. Porém, nós temos uma forma própria de convencer os nossos eleitores, de modo a que entendam a ideologia e o programa do partido e possam votar em nós.
“A estrutura do partido engloba todos os grupos, por isso, para o PUDD não há minorias e maiorias, somos todos iguais perante a lei”
O que diferencia o PUDD dos outros partidos?
O PUDD quer resolver os problemas fundamentais do país, como o saneamento básico, a má nutrição, entre outros. Assim, poderemos pensar em comparar Timor-Leste com Singapura e com outros países desenvolvidos. O PUDD considera que, com a entrada do país na Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN, sigla em inglês), é necessário e urgente o Governo resolver os problemas básicos, caso contrário, a entrada na ASEAN será difícil.
Quais são os problemas mais urgentes para resolver em Timor-Leste?
Os problemas mais urgentes estão relacionados com os setores da agricultura, da saúde, da educação e defesa e segurança. A má nutrição também é um problema muito grave e precisa de ser resolvido o quanto antes.
Em Timor-Leste, a maioria das mulheres trabalha na agricultura, por isso, é preciso modernizar este setor. Muitos agricultores ainda utilizam cavalos e búfalos para prepararem as várzeas, em vez de equipamentos modernos.
Temos também de nos concentrar no reforço da formação profissional para que os agricultores tenham mais conhecimento sobre este setor e possam fazer um melhor trabalho. Para além disso, muitos dos terrenos estão abandonados e são usados apenas para plantar arroz, porque não há uma política adequada para regular esta situação. Neste sentido, o PUDD pretende que os agricultores cultivem também baunilha, vegetais, fruta, café e outros bens alimentares.
Relativamente ao setor da saúde, temos a sorte de ter acesso gratuito aos hospitais, mas os recursos materiais e humanos não são suficientes, principalmente no que diz respeito aos médicos especialistas em cardiologia e oncologia.
Na área da educação, também verificamos a falta de recursos humanos e materiais. Preocupam-nos também os estudantes que vão estudar para o estrangeiro e quando voltam são abandonados pelo Governo, em vez de serem integrados no mercado de trabalho.
Os professores que trabalham mais de cinco anos devem assinar um contrato para serem funcionários permanentes. Os edifícios escolares devem ser reconstruídos e o número de salas aumentado para que se diminua o número de alunos por turma, porque é muito difícil gerir uma turma com 60/70 estudantes, o que prejudica o processo de ensino-aprendizagem.
Quanto à má nutrição, Timor-Leste é o país com a taxa mais elevada do Sudeste Asiático. Temos de apostar numa política adequada para diminuir este valor. Se obtivermos lugar no Parlamento ou no Governo, temos de “gritar” para reduzir a taxa de má nutrição e os outros problemas básicos do país.
Consideramos que a segurança terrestre não enfrenta problemas, mas a marítima tem de ser revista. Todos os anos, perdemos toneladas de peixes. O Estado adquiriu muitos navios, mas são pequenos e a manutenção alta. É necessário comprar um navio maior para que se possa fazer um bom trabalho e conseguir ter receitas para o país.
Sabemos que temos recebido muitos apoios de outros países, mas o Governo não está a saber gerir esses fundos com seriedade e não consegue resolver problemas básicos, como a falta de canalização, as condições rodoviárias, o saneamento básico, entre outros.
“Se o resultado assim o determinar, com certeza que o caminho será coligarmo-nos”
Se o PUDD vencer as eleições, enquanto Governo, como vão atuar para salvaguardar os direitos dos grupos mais vulneráveis, nomeadamente LGBTQI, cidadãos portadores de deficiência, mulheres, crianças.
A estrutura do partido engloba todos os grupos, por isso, para o PUDD não há minorias e maiorias, somos todos iguais perante a lei. Se o PUDD vencer as eleições parlamentares, iremos lutar para que cidadãos portadores de deficiência sejam membros do Governo. Ninguém será discriminado.
O partido está disponível para fazer coligação com outros partidos? Se sim, quais?
Todos os partidos podem formar coligações, mas depende do resultado das eleições. Se o resultado assim o determinar, com certeza que o caminho será coligarmo-nos para poder formar o órgão legislativo.