Professores descontentes com colocações longe das áreas de residência

Das 2.444 vagas disponibilizadas, apenas 568 foram preenchidas. Ministério da Educação prevê realizar novas etapas para os exames, a fim de completá-las/Foto: Diligente

O destacamento de docentes em locais distantes da sua área de residência tem gerado reclamações por parte dos educadores aprovados no concurso público. Diretora destacou que estava explícito que os docentes deveriam estar disponíveis para ensinar em qualquer ponto do país e que a decisão final é do Ministério da Educação.

O destacamento de professores para escolas distantes da sua área da residência deixou parte da classe profissional, aprovada em concurso público, descontente. As queixas vão desde ter de ficar longe da família aos gastos com arrendamento e deslocações – situação agravada pelos baixos salários oferecidos.

Natural de Covalima, o professor Pedro Júnior Gusmão, é um dos reclamantes. O profissional, que escolheu Liquiçá como a primeira opção, foi mandado para o município de Lautém, estando a viver em Lospalos Vila e a trabalhar numa escola no suco de Cacavei. A sua mulher e filho moram em Díli.

“Preciso de 50 minutos de motorizada para chegar no trabalho, porque não há casa para arrendar perto da unidade de ensino. Não há uma residência oficial para os professores”, relatou.

O professor disse que quando tentou argumentar com o Ministério da Educação a propósito da sua situação foi “ignorado”. “Não tive outra hipótese. A deslocação foi obrigatória, porque não houve diálogo com o ministério”, referiu.

Pedro Júnior Gusmão também se queixou do baixo salário. “Com 288 dólares americanos não consigo pagar uma renda e sustentar a minha esposa e filho. Estar separado da família e com este salário é uma falta de respeito pela nossa profissão”, lamentou o docente, que estima gastar 150 dólares apenas para a acomodação e, por isso mesmo, prevê ter de se endividar para fazer face a todas as despesas.

Aceitou a decisão, porque vai ser funcionário público e por sentir que, apesar de não ser valorizado pelo Governo, precisa de “contribuir para o país”.

Sugeriu que os Recursos Humanos do ME observem diretamente a condição dos professores no terreno. “A direção municipal não pode apenas observar as escolas centrais, é preciso ir até às escolas filiais para ficar a perceber a situação real nas áreas rurais”, recomendou.

De acordo com o Ministério da Educação, das 2.444 vagas disponibilizadas, apenas 568 foram preenchidas. As restantes, por os candidatos não terem tido um desempenho satisfatório nos exames, não foram preenchidas. O órgão, contudo, prevê realizar outras etapas no concurso público para as preencher.

Segundo a diretora nacional de recursos humanos do Ministério da Educação (ME), Anita Tavares Martins, que foi presidente do júri na prova dos professores para a função pública, estava explícito que os docentes deveriam estar disponíveis para ensinar em qualquer ponto do país. A diretora reconheceu que os profissionais podiam elencar três municípios da sua preferência, mas realçou que “a decisão final é do Ministério”.

Acrescentou ainda que os professores destacados foram recebidos pelas autoridades dos municípios, postos e sucos, não tendo sido registada nenhuma reivindicação. “Os diretores do ME nos municípios acompanharam os docentes às escolas e o processo decorreu normalmente”, frisou.

Anita Tavares Martins explicou ainda que os educadores devem aceitar a decisão, porque o futuro da educação depende deles, “e o Governo vai recompensá-los por todos os gastos”, garantiu.

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