Primeiro debate legislativo juntou nove dos 17 partidos candidatos

Os representantes dos nove partidos que participaram no debate transmitido na RTTL /Foto: Diligente

Nove dos 17 partidos candidatos às legislativas que vão eleger, no próximo dia 21 de maio, o IX Governo Constitucional de Timor-Leste, participaram esta terça-feira, num debate organizado pela Comissão Nacional das Eleições (CNE) e transmitido em direto pela estação pública de televisão, RTTL (Rádio e Televisão de Timor-Leste). Os partidos partilharam as suas propostas governativas relativas a temas como a saúde, a produção agrícola, da dependência da importação, o fundo petrolífero e outros setores chave para o desenvolvimento do país.

O PLP (Partido Libertação Popular), o PD (Partido Democrático), o Khunto (Kmane Haburas Unidade Nacional Timor Oan), o PDN (Partido Desenvolvimento Nacional), o PLPA (Partido Liberta Povo Aileba), o PVT (Partido os Verdes de Timor), a UDT (União Democrática Timorense), o PUDD (Partido Unidade e Desenvolvimento Democrático) e o PR (Partido Republicano) foram os nove partidos que fizeram parte do painel do primeiro debate televisivo da campanha.

Um dos temas em destaque foi a dependência da importação. Deometro Amaral, segundo vice-presidente do PLP, salientou que caso o partido se mantenha na próxima governação, “pretende investir no setor da agricultura”, principalmente na produção de arroz e de café, “para que o país deixe de depender da importação”. No mesmo sentido, o PLP quer também “incentivar o mercado interno”, dando continuidade a programas como a cesta básica. “O programa da cesta básica não só melhora a nutrição, como contribui para a dinâmica das empresas nacionais.”

Outra das questões em foco no país é o debate em torno da dependência de Timor-Leste do fundo petrolífero. Relativamente a essa questão, Amaral defendeu que “o próximo Governo tem de ter coragem para alocar uma grande quantia de dinheiro para os setores produtivos. Só assim poderemos deixar de estar dependentes do fundo petrolífero”.

O Conselheiro Nacional do KHUNTO e atual vice-ministro do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Julião da Silva, destacou que o partido quer profissionalizar e modernizar os serviços de Segurança e Defesa do país: “precisamos de modernizar os serviços de Segurança e de Defesa do país, através da formação tecnológica para a criação de um sistema mais seguro e da aquisição de equipamentos”.

Considerou ainda importante investir nos setores da agricultura e dos recursos humanos, uma vez que “através do primeiro pode garantir-se uma alimentação saudável e resolver o problema da má nutrição” e apostando na capacitação profissional “estamos a contribuir para a redução da taxa de desemprego. Temos de investir na formação de recursos humanos e na sua colocação de acordo com a sua área de estudo, para que se possa tirar real partido das suas competências”.

Relativamente ao problema da má nutrição, também o presidente do Partido Desenvolvimento Nacional (PDN), Lucas Soares, alerta para o facto deste ser “um dos impeditivos para o desenvolvimento das capacidades cognitivas e que, consequentemente, atrasa o progresso do país.” Criticou ainda o atual Governo por “falta de investimento no setor industrial, o que permitiria reduzir a taxa de desemprego”.

João Paulo Pereira, adjunto do secretário-geral do PLPA, abordou a questão do trabalho infantil. “Para erradicar o trabalho infantil, as famílias devem ter mais poder económico. Os problemas económicos é que levam a que as crianças sejam obrigadas a trabalhar, quando, na verdade, deviam estudar e brincar. Os governantes assistem a este problema, mas não atuam.”

Já o presidente do Partido Democrático, Mariano Assanami Sabino, força política que detém cinco assentos parlamentares na atual legislatura, realçou que é necessário investir na canalização da água, de forma a desenvolver a agricultura e a garantir uma vida melhor para todos os cidadãos. “Temos de nos concentrar na construção de barragens para reforçar o setor agrícola e desenvolver a economia azul. Temos também de apostar na canalização de água potável, de forma a salvaguardar a saúde pública, porque a maioria dos cidadãos, neste momento, consome qualquer tipo de água, o que pode ser prejudicial para a saúde”.

O secretário Nacional do Partido os Verdes Timor (PVT), Santana Martins, garantiu que o partido está focado em “lutar contra o desemprego do país”, principalmente através da aposta na cooperação com os países estrangeiros para garantir condições de trabalho aos jovens que não têm emprego em Timor-Leste. “Queremos enviar os jovens para o estrangeiro, mas temos de os orientar no sentido de impedir que se deparem com trabalhos que não são dignos e com más condições de vida”.

O PVT compromete-se, assim, a apostar na formação profissional para desenvolver o setor agrícola. Entre as medidas previstas, o secretário nacional defende a criação de um programa que prevê “criar, em cada suco, indústrias para os produtos locais, contribuindo, desta forma, para o alargamento do mercado de trabalho e para a diminuição da taxa de desemprego”.

Santana Martins criticou ainda a escassa vontade política, ao longo dos anos de restauração da independência, em alocar orçamento para o desenvolvimento do país e deu o exemplo do setor da saúde. “A fatia do OGE para a saúde é muito pequena, mas as doenças continuam a aumentar e só aqueles com capacidade financeira podem deslocar-se ao estrangeiro para fazer tratamento, uma vez que o sistema de saúde timorense ainda é muito frágil”.

O PLP e o Khunto fazem parte do atual Governo, juntamente com a Fretiilin, sendo que o Primeiro-Ministro em funções, Taur Matan-Ruak é o presidente do PLP. A vice-primeira-ministra, Armanda Berta dos Santos é também presidente do Khunto, que é atualmente a terceira maior força política do país, apenas atrás do CNRT e da Fretilin, os dois partidos com maior representatividade em Timor-Leste. O PVT, registado em 2022, está, pela primeira vez, na corrida aos assentos parlamentares.

O debate teve como objetivo aprofundar os programas dos partidos políticos, que “são instrumentos importantes num país democrático, por isso, numa democracia temos de incluir todos os cidadãos e todos os partidos”, afirmou o presidente da CNE, José Belo, no debate que teve lugar no Salão Oka, em Díli.

Para quinta-feira, dia 18, está agendado o último de três debates televisivos, que desta feita contará com representantes dos 17 partidos candidatos, no mesmo dia em que se encerra a campanha eleitoral. A ida às urnas está marcada para dia 21 de maio.

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