Primeira loja para a venda de Tais gerida por um grupo de mulheres tecelãs é inaugurada em Díli

Rede Soru Na’in reúne, no momento, mais de 600 tecelãs/Foto: Diligente

Localizado nos arredores do supermercado Páteo, o espaço é administrado pela Rede Soru Na’in. São vendidos atualmente produtos de seis municípios, mas a expectativa é a de contemplar todos os que formam o território nacional.

Um grupo, formado por mais de 600 mulheres tecelãs, inaugurou em Díli, na passada segunda-feira (14.08), a primeira loja física em Timor-Leste gerida exclusivamente por artesãs que produzem o próprio Tais.

Situado nos arredores do supermercado Páteo, no coração da capital, o espaço é administrado pela Rede Soru Na’in (Rede de tecelãs, em português) e reúne, neste momento, tecidos de seis municípios timorenses (Viqueque, Lautem, Baucau, Oecússi, Bobonaro e Covalima). A expectativa é de que a loja possa concentrar, em breve, produtos de todos os 13 municípios do país.

Interior da loja/Foto: UN Women Timor-Leste

O Tais é um tecido típico de Timor-Leste que, em dezembro de 2021, foi reconhecido como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, em inglês).

Tanto a criação da Rede como a abertura da loja contaram com o apoio da UN Women, em parceria com a Timor Aid e a Fundação Alola. Além de salvaguardar e promover a arte tradicional, a iniciativa tem como objetivo proporcionar às mulheres tecelãs melhores oportunidades de trabalho.

A chefe de gabinete da UN Women em Timor-Leste, Amy Nishtha Satyam, argumentou que as cidadãs que vivem nas zonas rurais estão entre as que mais se atrasam no acesso aos seus direitos económicos, começando pelas oportunidades de trabalhar para subsistir. Por essa razão, justificou em comunicado de imprensa, “a UN Women mantém o seu compromisso de apoiar as mulheres tecelãs como um subgrupo, particularmente marginalizado”.

Amy acrescentou ainda que a abertura da loja representa um momento crucial no apoio aos meios de subsistência das mulheres que compõem o grupo e na preservação do Tais como elemento identitário do país.

Natural de Lautem, a tecelã da Rede Soru Na’in, Robela Mendes, 50 anos, realçou que é preciso investir na produção de algodão e na formação de novos artesãos para que as gerações seguintes saibam como usar a matéria-prima para tecer.

“Estou feliz com o novo espaço, pois podemos vender os nossos próprios produtos. Eu espero que haja investimento no cultivo de algodão para podermos manter a originalidade de toda a produção do tecido, garantindo a qualidade”, observou Robela.

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Tecelãs irão vender na loja os próprios produtos/Foto: UN Women Timor-Leste

Uma das tecelãs mais jovens do espaço, Francisca Antónia Oki, 11 anos, estudante do 6.º ano, contou ao Diligente que começou a tecer quando tinha apenas cinco anos, através dos conhecimentos transmitidos pela sua mãe, Paulina Elo, vice-diretora da Rede. Apesar da pouca idade, Francisca demonstrou conhecimento sobre a importância do Tais para o seu país e já pensa no futuro. “É a nossa identidade, a nossa cultura. Fico muito feliz por fazer parte deste grupo, além disso, posso ganhar algum dinheiro para poder pagar os meus estudos”, afirmou.

Por sua vez, a Secretária de Estado para a Igualdade (SEI), Elvina Sousa Carvalho, elogiou a iniciativa, dizendo que é fundamental para que a tradição se mantenha. “A loja vem também mostrar ao público a capacidade e o poder das mulheres tecelãs timorenses, pela importância que têm na herança cultural no país. Além disso, é uma forma de garantir um equilíbrio nas oportunidades e no acesso ao mercado pelas tecelãs das áreas mais remotas”, concluiu.

O Presidente da República José Ramos-Horta esteve presente no evento e mostrou o seu apoio às tecelãs e ao projeto, mas não conversou com os jornalistas.

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    1. Boa sugestao Professor Serra.
      Acho que o professor Serra podera nesse aspecto dar-lhes uma grande ajuda.
      Um grande abraco para si

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