Maria Fernanda Lay, do CNRT, foi empossada como presidente do órgão legislativo; deputadas partilham dificuldades a serem superadas para assegurar igualdade de género.
Pela primeira vez na história de Timor-Leste o Parlamento Nacional será liderado por uma mulher. A deputada Maria Fernanda Lay, do Congresso Nacional da Reconstrução de Timor (CNRT), foi oficialmente empossada como presidente na quinta-feira (22.06), durante a cerimónia que marcou o início da VI Legislatura.
Candidata única ao cargo, Lay obteve 45 votos favoráveis. Dos restantes deputados, 19 abstiveram-se e um votou em branco.
Natural de Baucau, Lay é parlamentar desde 2007 e sempre integrou o CNRT. Nesse período, desempenhou funções de liderança em comissões, como a de Finanças Públicas. Foi também Secretária-Geral da Rede das Mulheres da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP) e vice-presidente executiva da Organização Mundial de Parlamentares contra a Corrupção (GOPAC).
“É preciso coragem para que uma mulher assuma um cargo de liderança, porque implica muito estudo e trabalho. Antes de chegar aqui, passei por uma longa jornada. Penso que não é fácil, mas também não é impossível”, destacou Lay no discurso da tomada de posse.
Outras deputadas também partilharam dificuldades para a participação de mulheres na vida política em Timor-Leste. Para Nurima Alkatiri, da FRETILIN, o sistema patriarcal ainda é muito forte e precisa de ser combatido para que, de fato, a igualdade de género possa ser respeitada.
“Muitas vezes, as deputadas são atacadas por motivos que nenhum político homem é, o que pode trazer efeitos nocivos para a saúde mental. Algumas chegam mesmo a desistir das funções”, afirmou.
A deputada destacou que a FRETILIN, desde 1974, sempre lutou por uma política de emancipação da mulher, destacando, por exemplo, que a criação da Organização Popular da Mulher Timor (OPMT) é da responsabilidade deste partido.
“Até aos dias de hoje, promovemos a participação da mulher em todas as decisões políticas. Mesmo antes de existir a lei que obriga, por quota, a cada partido ter 30% de mulheres, já aplicávamos esta regra”, observou.
Já na avaliação da deputada da bancada Kmanek Haburas Unidade Timor Oan (KHUNTO), Olinda Guterres, a sociedade timorense ainda desvaloriza a capacidade das mulheres.
“Muitas vezes, ouvimos comentários de que a mulher não pode ser líder. No tempo da colonização portuguesa, só davam oportunidades ao homem para frequentar a escola. As mulheres deviam ficar em casa a cozinhar e a fazer trabalhos domésticos. Hoje em dia, no entanto, as cidadãs começam a liderar, o que me deixa muito orgulhosa”.
Olinda Guterres realçou que o KHUNTO tem na presidência Amanda Berta e que, na estrutura do partido, há muitas outras mulheres em cargos de liderança.
Sancha Tilman, deputada do partido Democrático (PD), mostrou-se otimista pelo fato de nesta Legislatura haver uma mulher a liderar o Parlamento.
A parlamentar considera que é uma boa oportunidade para realizar ações no sentido de sensibilizar a população para a lei da violência doméstica, de forma a erradicar as agressões no seio familiar ainda muito comuns em Timor-Leste.
O Parlamento Nacional vai divulgar a lista oficial dos 65 deputados da VI Legislatura assim que o novo Governo seja formado (o que deve acontecer nos próximos dias), visto que alguns parlamentares vão deixar os assentos para ocupar cargos em ministérios.
Muitos parabens a Fernanda.
Acho que e uma lufada de ar fresco, um virar de pagina na politica de TL, um feito de se louvar.
As mulheres de TL tem agora na Fernanda um exemplo e prova de que “Feto TL mos bele”.
Muita saude e forca para obter os maiores sucessos!