Navios japoneses que caçam baleias atracam no porto de Díli e não são monitorizados depois de partida

Embarcações ficaram atracadas no porto de Díli de 1 a 3 de março/Foto: DR

A Direção Nacional dos Transportes Marítimos de Timor-Leste informou que fiscalizou embarcações e por não ter encontrado sinais de pesca ilegal, não viu necessidade de as acompanhar no regresso. Órgão desconhecia que navios caçam baleias.

Cidadãos mostraram-se preocupados com a presença de dois navios japoneses, conhecidos mundialmente por caçarem baleias com a justificação de realizarem pesquisas científicas,  no mar de Timor-Leste. As embarcações Yushin Maru nº 2 e 3 ficaram atracadas no porto de Díli durante três dias, de 1 a 3 de março, e partiram com autorização para navegarem livremente pelas águas do país.

A Direção Nacional dos Transportes Marítimos (DNTM) de Timor-Leste, que desconhecia os “fins científicos” das embarcações, informou que recebeu um documento da Embaixada do Japão em Timor-Leste a comunicar que os navios atracariam no porto de Díli nas respetivas datas, para abastecimento de combustível e alimentos. O responsável pela DNTM, Júlio Barreto, disse também que uma equipa do Ministério da Agricultura e Pescas realizou fiscalizações nas duas embarcações e que não encontrou indícios de atividades ilegais.

“Não encontramos sinais de pesca ilícita. Se tivéssemos encontrado, teríamos contactado a componente naval das Falintil – Forças de Defesa de Timor-Leste (F-FDTL) para apreender os navios, e seria enviada uma notificação à Embaixada Japonesa”, partilhou.

Perante a falta de provas, os navios puderem seguir viagem sem qualquer monitorização por parte das autoridades timorenses. A fiscalização no mar acontece apenas quando há elementos que possam indicar possíveis ilegalidades. Segundo Júlio Barreto, as embarcações deveriam regressar ao Japão.

O presidente da Associação de Turismo Marítimo em Timor-Leste, Ivan Shezzey, sublinhou que estes barcos, muitas vezes, foram à Antártica sob o argumento de pesquisa científica, mas, na realidade, apanharam baleias para fim comercial – atividade banida desde 1986 pela Comissão Internacional da Baleia (organização internacional estabelecida com o objetivo principal de gerir e conservar as populações de cetáceos no mundo). No referido ano, contudo, a entidade publicou uma moratória que permitia o abate dos mamíferos para pesquisa.

Ivan Shezzey acrescentou que o sistema marítimo timorense é muito frágil, porque não tem avião nem barcos suficientes para controlar a atividade no mar de Timor-Leste. “É difícil monitorizar. Sabemos que nosso país tem uma grande riqueza marítima, incluindo baleias, por isso não gostamos de ver estes navios japoneses aqui”, frisou.

Jafet Potenzo Lopes, ambientalista timorense, disse ter ficado inquieto quando viu os navios no porto de Díli. “Decidi publicar no meu perfil de Facebook [as fotos das embarcações] para alertar a sociedade e chamar a atenção das autoridades”, esclareceu. O ambientalista destacou ainda que é do conhecimento geral que as embarcações em causa caçam baleias.

Caça de baleias para pesquisa científica foi proibida em 2014 e para fins comerciais encontra-se banida desde 1986/Foto: Jeremy Sutton-Hibbert (Handout-EPA)

Num vídeo divulgado pelo programa jornalístico 60 minutes, da Austrália, o Yushin Maru nº 2 persegue uma. Primeiro, um arpão acerta no animal. Quando a lâmina entra no cetáceo, uma bomba na sua ponta explode. Outros dois arpões são lançados contra a baleia. Um homem, no alto do navio, ainda dispara tiros de espingarda no mamífero, que morre depois de 20 minutos de caça.

Já em 2014, o grupo ativista Sea Sheperd, que patrulha os oceanos no combate a atividades ilegais, intercetou o Yushin Maru nº 3 nas águas da Austrália e não permitiu que a embarcação avançasse.

No mesmo ano, a Corte Internacional de Justiça, acolhendo a uma ação movida pelo governo australiano, ordenou a imediata paragem da caça “científica” de baleias praticada pelo Japão. Estima-se que aproximadamente sete mil baleias tenham sido mortas entre 1986 e 2014 para fins científicos.

O governo japonês, em dezembro de 2018, deixou a Comissão Internacional da Baleia e, seis meses depois, aprovou a caça comercial de cetáceos dentro do espaço marítimo do país.

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  1. Que linda embarcacao!

    Que linda embarcacao
    Do Japao
    Atracada em Dili, do nosso coracao
    Vem trazer-nos pao?
    Nao consigo enxergar arpao
    Ican maran peixe agulha fora de visao
    Dificil equacao
    Pesca artesanal, certeza que nao
    Abastecer petroleo e agua do coilao?
    Cova Lima esta na contra mao
    Que linda embarcacao!

    Ze Peixeiro
    Poeta de TL com olho aberto

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