Mulheres timorenses vão receber vacina gratuita contra o HPV em 2024

Hospital Nacional Guido Valadares será um dos pontos de imunização contra o HPV; até 2030, Timor-Leste comprometeu-se a vacinar 90% das mulheres com menos de 15 anos/Foto: Diligente

Em Timor-Leste, o HPV é a principal causa do cancro do colo do útero, que matou 39 mulheres dos 65 casos registados em 2020, segundo a OMS. Até ao momento, a vacina só está disponível na rede privada de Saúde e custa 480 dólares (três doses), fora o valor da consulta.

O Governo de Timor-Leste planeia introduzir no próximo ano e para todo o sistema público de saúde a vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV, em inglês), a principal forma de prevenção do cancro do colo do útero, informou a diretora regional da Organização Mundial de Saúde para o Sudeste Asiático, Poonam Singh – num comunicado divulgado a 17 de novembro. A ministra da Saúde, Élia Amaral, afirmou que a estratégia de implementação da imunização está em fase final de elaboração e não comunicou, mais precisamente, quando terá início.

Até ao momento, a vacina do HPV só está disponível na rede privada de Saúde e custa 480 dólares (três doses), fora o valor da consulta médica. O HPV é transmitido, principalmente, através do ato sexual sem proteção.

O cancro de colo do útero afeta o cérvix, parte que faz a ligação entre o canal vaginal e os órgãos internos do sistema reprodutor feminino. Em Timor-Leste, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2020 (os mais atuais), foram registados 65 casos da doença e 39 mortes no referido ano. No país, é o segundo tipo de cancro mais comum entre as cidadãs, atrás apenas do cancro da mama.

Este mês, faz três anos que a estratégia global para a eliminação do cancro do colo do útero foi lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Sendo um estado-membro, Timor-Leste comprometeu-se a atingir a meta do movimento: vacinar 90% das mulheres com menos de 15 anos, até 2030, seguindo o Plano de Ação Regional de Vacinação 2022-2030.

A ambição da OMS é eliminar a doença até ao referido ano e, para isso, pretende-se também que 70% das mulheres sejam submetidas a testes de alto desempenho aos 35 anos, com um rastreio repetido aos 45 anos.

Poonam Singh destacou que, até hoje, seis estados-membros da região do Sudeste Asiático (Butão, Indonésia, Maldivas, Mianmar, Sri Lanka e Tailândia) introduziram a vacina contra o HPV a nível nacional.

Prevenção

A obstetra do Hospital Nacional Guido Valadares, Agueda Li da Cruz, explicou que a prevenção em relação ao cancro do colo do útero consiste, sobretudo, na vacinação contra o HPV – que pode ser realizada a partir dos nove anos. A médica ainda recomendou evitar fatores de risco (tabagismo e não tratamento de corrimento vaginal anormal) e realizar exames regulares, especialmente a partir dos 30 anos.

“Cerca de 90% das pelo menos 342 mil mortes ocorrem em países de baixo e médio rendimento. Os sintomas do cancro do colo do útero são o corrimento vaginal irregular, dor pélvica e dor durante o ato sexual, hemorragia anormal durante a menstruação, relação sexual ou depois da menopausa”, disse Agueda Li da Cruz.

A médica salientou que o vírus HPV pode levar até duas décadas, depois da sua infeção, para se desenvolver e apresentar sintomas – que incluem pequenas protuberâncias ou crescimentos semelhantes a verrugas na área genital, perianal ou na região da virilha. Por isso, a profissional orientou realização de exames. “A deteção precoce pode salvar vidas”, enfatizou Agueda Li da Cruz.

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  1. Gostei de ler esta notícia. Eu não sou especialista na área da saúde, mas estou convencido da importância da medicina preventiva para a saúde pública, nomeadamente no combate à propagação de doenças. Os ministérios de saúde, dos vários países, conseguem reduzir gastos com tratamentos e internamentos.
    A medicina preventiva ajuda a melhorar o atendimento aos pacientes do Sistema Saúde, visando diminuir o número de internamentos e o caos da superlotação nos hospitais, que geram atrasos e filas de agendamentos para exames e procedimentos. Menos pessoas doentes implicam uma redução de custos para o sistema, que pode ser convertida em melhorias. Graças à prevenção, é possível oferecer melhor qualidade de vida à população, além de se evitar o desperdício de medicamentos e proporcionar um melhor planeamento dos investimentos na área da saúde.

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