Em Timor-Leste, o HPV é a principal causa do cancro do colo do útero, que matou 39 mulheres dos 65 casos registados em 2020, segundo a OMS. Até ao momento, a vacina só está disponível na rede privada de Saúde e custa 480 dólares (três doses), fora o valor da consulta.
O Governo de Timor-Leste planeia introduzir no próximo ano e para todo o sistema público de saúde a vacina contra o Vírus do Papiloma Humano (HPV, em inglês), a principal forma de prevenção do cancro do colo do útero, informou a diretora regional da Organização Mundial de Saúde para o Sudeste Asiático, Poonam Singh – num comunicado divulgado a 17 de novembro. A ministra da Saúde, Élia Amaral, afirmou que a estratégia de implementação da imunização está em fase final de elaboração e não comunicou, mais precisamente, quando terá início.
Até ao momento, a vacina do HPV só está disponível na rede privada de Saúde e custa 480 dólares (três doses), fora o valor da consulta médica. O HPV é transmitido, principalmente, através do ato sexual sem proteção.
O cancro de colo do útero afeta o cérvix, parte que faz a ligação entre o canal vaginal e os órgãos internos do sistema reprodutor feminino. Em Timor-Leste, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2020 (os mais atuais), foram registados 65 casos da doença e 39 mortes no referido ano. No país, é o segundo tipo de cancro mais comum entre as cidadãs, atrás apenas do cancro da mama.
Este mês, faz três anos que a estratégia global para a eliminação do cancro do colo do útero foi lançada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Sendo um estado-membro, Timor-Leste comprometeu-se a atingir a meta do movimento: vacinar 90% das mulheres com menos de 15 anos, até 2030, seguindo o Plano de Ação Regional de Vacinação 2022-2030.
A ambição da OMS é eliminar a doença até ao referido ano e, para isso, pretende-se também que 70% das mulheres sejam submetidas a testes de alto desempenho aos 35 anos, com um rastreio repetido aos 45 anos.
Poonam Singh destacou que, até hoje, seis estados-membros da região do Sudeste Asiático (Butão, Indonésia, Maldivas, Mianmar, Sri Lanka e Tailândia) introduziram a vacina contra o HPV a nível nacional.
Prevenção
A obstetra do Hospital Nacional Guido Valadares, Agueda Li da Cruz, explicou que a prevenção em relação ao cancro do colo do útero consiste, sobretudo, na vacinação contra o HPV – que pode ser realizada a partir dos nove anos. A médica ainda recomendou evitar fatores de risco (tabagismo e não tratamento de corrimento vaginal anormal) e realizar exames regulares, especialmente a partir dos 30 anos.
“Cerca de 90% das pelo menos 342 mil mortes ocorrem em países de baixo e médio rendimento. Os sintomas do cancro do colo do útero são o corrimento vaginal irregular, dor pélvica e dor durante o ato sexual, hemorragia anormal durante a menstruação, relação sexual ou depois da menopausa”, disse Agueda Li da Cruz.
A médica salientou que o vírus HPV pode levar até duas décadas, depois da sua infeção, para se desenvolver e apresentar sintomas – que incluem pequenas protuberâncias ou crescimentos semelhantes a verrugas na área genital, perianal ou na região da virilha. Por isso, a profissional orientou realização de exames. “A deteção precoce pode salvar vidas”, enfatizou Agueda Li da Cruz.
Gostei de ler esta notícia. Eu não sou especialista na área da saúde, mas estou convencido da importância da medicina preventiva para a saúde pública, nomeadamente no combate à propagação de doenças. Os ministérios de saúde, dos vários países, conseguem reduzir gastos com tratamentos e internamentos.
A medicina preventiva ajuda a melhorar o atendimento aos pacientes do Sistema Saúde, visando diminuir o número de internamentos e o caos da superlotação nos hospitais, que geram atrasos e filas de agendamentos para exames e procedimentos. Menos pessoas doentes implicam uma redução de custos para o sistema, que pode ser convertida em melhorias. Graças à prevenção, é possível oferecer melhor qualidade de vida à população, além de se evitar o desperdício de medicamentos e proporcionar um melhor planeamento dos investimentos na área da saúde.