Movimento de Resistência Social defende a criação de uma nova força política no país

O evento envolveu mais de duas centenas de participantes/Foto: Diligente

Os oradores destacam que os atuais partidos com assentos no Parlamento Nacional “não têm compromisso real para promover uma sociedade mais justa e igual”, usufruindo das riquezas do país juntamente com outra pequena parte das elites.

Após duas décadas de independência, Timor-Leste continua a enfrentar problemas socioeconómicos, especificamente nas áreas da educação, saúde, nutrição e laboral – devido ao elevado desemprego, que afeta 27% da população, de acordo com a Organização Não Governamental La’o Hamutuk. São questões que, enfatizou o Movimento de Resistência Social (MRS), os atuais partidos e líderes políticos não demonstram ter capacidade de resolver.

Perante este cenário, o coletivo, formado por ativistas e cidadãos em geral, defende a criação de uma nova força política no país para, de facto, desenvolver ações que melhorem a vida da população e desenvolvam o país. No seminário intitulado “Futuro de Timor-Leste”, realizado na passada quarta-feira (10.04) na sede do MRS, em Díli, o grupo ressaltou a necessidade de os recursos públicos do país serem utilizados de forma mais transparente, eficiente e inteligente.

Um dos oradores do evento, Merício Akara, ex-diretor da Luta Hamutuk (ONG que atua na defesa dos direitos humanos) e ex-secretário de Estado da Comunicação Social, reforçou a importância de os jovens terem conhecimento acerca do controlo dos gastos estatais, já que os valores do Fundo Petrolífero podem acabar. “Temos um saldo de cerca de 18 mil milhões de dólares e todos os anos o Governo tira cerca de dois mil milhões. Por isso, podemos vir a enfrentar uma grave crise financeira num futuro próximo”, observou.

Reconheceu ainda que não conseguiu contribuir com as melhorias que desejava enquanto esteve no Governo, mas acredita que o povo tem condições para criar uma força política capaz de fazer mudanças significativas na sociedade.

Conforme um relatório da La’o Hamutuk, os gastos de Timor-Leste ao longo das últimas duas décadas atingiram a marca de 18.2 mil milhões de dólares. Destes, 82% provêm de transferências do Fundo Petrolífero, totalizando 15 mil milhões, enquanto 2.5 mil milhões provieram de receitas domésticas, 300 milhões de empréstimos e 30 milhões de doações.

Na era da independência, de acordo com o jurista Armindo Moniz, um dos oradores, apenas as elites (classe política, ex-titulares e veteranos) usufruem das riquezas do Estado. “Podemos observar a lei eleitoral dos membros do Parlamento Nacional e da Presidência, em que cada voto custa 4 dólares. E a lei da pensão vitalícia e outras que privilegiam as elites”, salientou.

Segundo o jurista, estas leis são aprovadas, porque há falta de participação dos cidadãos no processo de criação das mesmas. “Imaginem se o dinheiro fosse alocado para os setores da educação e saúde, muitos problemas seriam evitados”, refletiu.

Para enfrentar esta realidade, o ativista Nando Fujila complementou que é necessário acabar com os privilégios, sublinhando ainda que nenhum dos partidos com assento no Parlamento Nacional tem um compromisso verdadeiro para promover uma sociedade mais justa e igual.

Corroborando esta ideia, Danial Indrakusuma, formador político do MRS, considerou que a mobilização pode ser um instrumento para a mudança e transformação. “É preciso alertar a comunidade para ter consciência coletiva. Depois, podemos fundar um partido político para competir nas eleições e fazer a revolução”, afirmou.

O evento envolveu mais de duas centenas de participantes. Para Tília Pereira de Fátima, 21 anos, estudante da Filosofia e Ciências Humanas na Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), o seminário permitiu perceber que o caminho para o desenvolvimento do país passa por combater todas as formas de discriminação e privilégios, e que, para isso, “é preciso renovar os quadros políticos”.

Fundado em 2016, o MRS já realizou ações de consciencialização nos municípios de Baucau, Ainaro, Viqueque, Aileu, Ermera e Liquiçá.

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  1. Acho muito bem. Um partido novo tendo como base tecnogratas prontos a fazer a tao necessaria mudanca. E preciso uma lufada de ar fresco. Os partidos que ja la estiveram contam com a ignorancia e falta de experiencia dos timorenses. E necessario ter coragem para uma mudanca palpavel mas de verdade. Para fazer o mesmo que aqueles que por la passaram desculpem mas nao vale a pena.
    A corrupcao a meu ver e o que impede o progresso. Li ha dois dias que carros do estado foram apreendidos por andarem a fazer negocio que nao tinha nada a ver com o que deviam ser usados.
    Mudei de ideas sobre a ida do pontifice pois so ele pode fazer o milagre que TL necessita faz 20 anos.

  2. Caixeiros Viajantes!

    Nunca como dantes
    Os nossos caixeiros viajantes
    No nosso TL de montanhas verdejantes
    De cu tremido sao incessantes
    Oh paraiso nosso, eles sao como elefantes
    Ruminam tudo, sao infestantes
    Calam a boca dos manifestantes
    Verdadeiros ruminantes
    Povo que andas a butes calcantes
    Vocifera tuas cordas vocais com autofalantes
    Nunca como dantes
    Viste caixeiros viajantes

    Ze Passos Dias A.Viajar
    Poeta de TL

  3. Tomo a liberdade de indagar se algum meio de comunicacao social de TL poder fazer um “poll” ao Povo nos seguintes termos;
    Como gostaria que fossem empregues 12 milhoes de dolares americanos do nosso minarai?
    1) Na vinda do santo padre?
    2) Na educacao e saude do Povo de TL?

  4. Na giria futebolistica os melhores jogadores da nossa selecao nacional, os verdadeiros craques, aqueles que podem ganhar o jogo, capazes de mudar o resultado, alterar o marcador, nem estao no banco de suplentes, tem de jogar no campeonato de reserves.
    A federal ao de futebol tem de mudar as regras do jogo, mudar o criterio de selecao.
    Mas isso nao acontece por graca do senhor, os jogadores do campeonato de reservas tem de dar o pontape de saida. Ha que ter coragem!

    Ze Ponta de Lanca
    Ex-jogador de futebol da selecao nacional

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