Lidar com o desrespeito de autoridades e abordar temas sensíveis são alguns dos desafios dos jornalistas, assinalam comunicadores

Painel sobre a atividade jornalística no país/Foto: Racom Maubisse

Profissionais da área e governantes de Timor-Leste reuniram-se em Balibó para tratar de assuntos relacionados com a comunicação social, em evento realizado no âmbito do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, celebrado a 16 de outubro.

A falta de conhecimentos linguísticos dos jornalistas, o desrespeito de autoridades, a dificuldade em abordar assuntos sensíveis e em recolher informações são alguns dos desafios a serem superados para elevar a qualidade dos conteúdos apresentados aos cidadãos, observaram profissionais da comunicação social de Timor-Leste, em painel realizado no posto administrativo de Balibó, em Bobonaro, no domingo (15.10).

O evento faz parte de uma série de atividades promovidas pelo Conselho de Imprensa (CI), no âmbito da celebração do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, que se comemora esta segunda-feira (16.10). A data é uma homenagem aos cinco jornalistas estrangeiros assassinados por militares indonésios em Balibó, há exatamente 48 anos.

Além do painel e palestras, a iniciativa promoverá a premiação de trabalhos jornalísticos publicados em diversos formatos (foto, vídeo, digital e impresso) até ao ano passado.

O presidente do CI, Otelio Ote, ressaltou que o trabalho dos jornalistas no país é de suma importância, pois permite aos cidadãos ter conhecimento dos temas de interesse público que afetam a vida de todos. Por essa razão, a autoridade incentivou os profissionais a procurarem sempre o aperfeiçoamento, como por exemplo, na parte escrita, para transmitir informações cada vez melhores.

“A língua é um critério essencial na atividade diária dos jornalistas, por isso quem tem mais conhecimento linguístico, terá mais possibilidade de escrever melhor. Os jornalistas ainda enfrentam esse problema, uma vez que o próprio tétum tem três versões diferentes”, afirmou o presidente do CI.

Em Timor-Leste, os idiomas oficiais são o tétum e o português, sendo o inglês e o indonésio reconhecidos como línguas de trabalho. Dados do Instituto Nacional de Estatísticas, de 2022, revelam que 70% da população domina o tétum, 40% o português, 30% o indonésio e 15% o inglês.  Grande parte dos cidadãos é fluente em mais de um dos idiomas. Conforme o censo de 2022, há 1,3 milhões de habitantes no país.

Para além das questões linguísticas, o diretor do Grupo Média Nacional (GMN), Delfim de Oliveira, ressaltou que, em inúmeras ocasiões, os jornalistas têm de lidar com a falta de colaboração por parte das fontes oficiais, que dificultam o acesso à informação.

“Muitas vezes, os governantes recusam dar entrevistas. O jornalismo não é uma oportunidade de emprego, mas é uma vocação e é necessário que haja respeito mútuo para que a sociedade não fique insatisfeita com o trabalho jornalístico”, destacou.

Já a Presidente da Associação de Jornalistas de Timor-Lorosa’e (AJTL), Zevónia Vieira, sublinhou a importância de os profissionais da comunicação social não se limitarem a fazer coberturas apenas na capital, já que o papel dos jornalistas, ressaltou, “é divulgar informações sobre o sofrimento de comunidades, e muitas vezes essas pessoas estão nas áreas remotas”. Para isso, Zevónia Vieira recomenda uma maior atenção para a abordagem de temas relacionados com os direitos humanos, igualdade de género e racismo.

Presente no evento, o secretário de Estado da Comunicação Social, Expedito Loro Dias, considerou que todas as questões levantadas pelos profissionais devem ser tidas em consideração pelo Governo, no sentido de reforçar a política de capacitação dos jornalistas. Nomeadamente no que diz respeito à questão linguística, para melhorar a qualidade do conteúdo jornalístico, citou que o Centro de Formação Técnica em Comunicação (CEFTEC) “está a trabalhar para aprofundar os conhecimentos dos jornalistas nas áreas específicas”.

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  1. Estou deveras confiante de que os jornalistas Timorenses estao prontos a aceitar os desafios da imprensa(media) para poderem melhor servir a Nasaun. Tenho no entanto muitas duvidas que os politicos estejam a altura de fazerem a sua contribuicao em prol da VERDADE e do bem servir do nosso POVO. Afinal e um trabalho de conjunto!

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