Liberdade, democracia e dignidade humana: os valores do 25 de abril

Foto: Creative Commons

Esta é a madrugada que eu esperava

O dia inicial inteiro e limpo

Onde emergimos da noite e do silêncio

E livres habitamos a substância do tempo.

                            Sophia de Mello Breyner

Há 50 anos, na madrugada de 25 de Abril, jovens militares portugueses promoveram aquela que ficou conhecida como a Revolução dos Cravos, devolvendo a Portugal e ao povo português a alegria de passar a viver em Liberdade e Democracia e assegurando que a autodeterminação das ex-províncias ultramarinas pudesse também entregar aos seus povos o seu próprio destino.

Esta é uma data que nos une (portugueses, timorenses e outros países da CPLP) e que merece ser celebrada em conjunto, porque os valores da Liberdade, Democracia e da Dignidade humana são os alicerces da nossa existência coletiva e merecem ser protegidos todos os dias, num mundo onde as ameaças são cada vez mais insidiosas e sofisticadas.

Em Timor-Leste, os ventos de mudança e a alegria da Revolução de Abril que encetou o processo de descolonização conduziu a dificuldades inesperadas e a um longo período de heroica resistência que finalmente permitiu a restauração da independência a 20 de maio de 2002.

O 25 de Abril foi inspirado em valores humanistas de igualdade, fraternidade e tolerância, realizado por Homens e Mulheres que sonharam com um mundo melhor, livre do medo, da pobreza e de todas as formas de subalternização.

Hoje, em Portugal e em Timor-Leste, vivemos em Estados democráticos com eleições livres, segurança e onde o compromisso com os direitos sociais é assumido por todas as forças que asseguram a alternância governativa.

Contudo, os ideais democráticos só estarão cumpridos quando a igualdade de oportunidades, na Educação, na Saúde ou na Habitação forem uma realidade. Por isso, será sempre necessário relembrar que a Democracia e o Estado Social são conquistas inalienáveis e – apesar das insuficiências ainda existentes – têm de ser defendidas e promovidas.

Às gerações mais jovens, hoje confrontadas com múltiplas formas de distração e de alienação, é nosso dever sensibilizar para a necessidade de a Humanidade se defender contra a desumanidade dos tempos atuais, não apenas das guerras intoleráveis, mas aquela imposta pela tecnologia que pretende substituir o contacto humano por uma pretensa interação virtual, reduzindo a existência humana a uma solidão nunca antes experimentada.

Hoje, no dia em que celebramos 50 anos da Revolução do 25 de abril, através do Jornal Diligente que me convidou a partilhar esta mensagem, quero enviar um abraço fraterno a todos os que em Timor partilham os ideais de abril, o sonho de um mundo melhor, livre de todas as submissões e desigualdades. Só seremos livres quando todos formos livres e quando o sol iluminar todos por igual.

 

 


Manuela Bairos
Embaixadora de Portugal em Timor-Leste

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  1. A chamada palavra liberdade e usada e abusada
    por muitos que so querem tirar proveito da revolucao de Abril para se porem nos “pincaros”
    O 25 de Abril no meu mais humilde parecer tarda a marcar o ponto depois de 50 anos. Os proprios deputados no leque politico de Portugal assim o disseram hoje(correio da manha). A culpa nao e da liberdade e dos politicos que nao conseguiram torna-la positiva.
    O que os povos realmente necessitam e emprego, melhores condicoes de vida, agua potavel, saude, educacao, RESPEITO pelos povos kiiks, depois de eleicoes. Promete-se muito em campanhas eleitorais, mas nunca as promessaa sao cumpridas, talvez so 20% delas se efectivam.
    Aos 69 anos de idade nunca vi a LIBERDADE ser algo que alimente ou crie essas condicoes.
    Ta chegada a altura de pouparmos nos discursos para as masses e embarcarmos naquilo que contribui para a felicidade e bem estar dos POVOS. Eu sou um felizardo, tenho dois POVOS, o de Timor e o de Portugal.
    O 25 de Abril precisa de um banho de ouro e nao de latao. Nao me deem mais bailinho!

    Ze da Tertulias

  2. Para mim o 25 de Abril so foi prejudicial.
    Tomo a liberdade de explicar.
    Com 11 dias de casado fui obrigado a ter a lua de fel em Atambua onde fui “prisioneiro” dos indonesios por 13 meses. Quando cheguei a Portugal precisei de tirar uma radiografia, tudo que tive de fazer foi levantar os bracos de tronco nu, o radiografista viu tudo, nao tive de ir ao X-RAY. Nao vou pormenorizar a liberdade que o 25 de Abril me trouxe nesses 13 meses em Atambua. Em Timor fui professor e funcionario do ME. Trabalhei tambem para a emissora de radiofufusao de Timor quando a liberdade olhava pelo buraco da fechadura. Em Portugal trabalhei para o ME, fiz a montagem do ciclo preparatorio de Arronches e trabalhei na defunta direcao escolar de Portalegre onde passei a licenca ilimitada em 85. Faz 3 anos que ando aos xutos e pontapes(boa banda musical), para receber a devida reforma. Infelizmente o 25 de Abril e a LIBERDADE, nao trouxe melhoria ao Ministerio da Educacao, mais precisamente a direcao geral de Evora. Nao e que tiveram a liberdade de perder ou registo biografico de funcionario? A CGA tomou a liberdade de indeferir a reforma pois sem registo biografico e declaracao de anos de servico prestado, vencimentos auferidos etc… nao ha baile.
    E ando neste jogo de ping pong, nao sei que mal fiz ao maromak.
    Eu sei que muitos o 25 de Abril nao trouxe tanta sorte como a minha, ficaram pelo caminho, tombaram, morreram por uma causa tao nobre.
    Valha-me Santa Eugracia, suplico a quem de direito, en nome do 25 de Abril e de tao apregoada liberdade que me deem a devida justica. Nao preciso de 25 de Abril nem de liberdade, so JUSTICA! Nao e pedir muito ne?

    Ze do Registo Biografico Fugitivo

  3. Quando cheguei a Portugal em fins de 1976, o 25 de Abril deu-me a liberdade de viver na Quinta dos Balteiros e Quinta da Graca, no lamacal do Jamor, uma autentica pocilga!

    Ze Suino

  4. Pelos vistos eu nao tenho liberdade, tolerancia.
    Depois de 50 anos ainda nao chegou aqui a este portugues.

    Ze Sem Direito a Tolerancia

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