Cidadãos lamentam que o socorro a Alito da Gama não tenha sido imediato. O comandante da Unidade de Polícia Marítima argumenta que uma equipa foi ao local às 2h da manhã, aquando do pedido de ajuda, mas por questões de segurança só puderam atuar quatro horas mais tarde.
A falta de intervenção imediata da Unidade da Polícia Marítima (UPM) no socorro a Alito da Gama, 18 anos, que se perdeu dos amigos no mar da Areia Branca na madrugada do último domingo (17.03), terá contribuído para o afogamento e morte do jovem, ressaltam as testemunhas que comunicaram o incidente às autoridades.
Eram quase duas da manhã quando Marcos de Araújo, 44 anos, habitante de Fatucama, aldeia Três do suco de Metiaut, acordou sobressaltado com os apelos desesperados de Mateus da Costa, o pescador que estava com Alito da Gama. Quando soube do ocorrido, ligou à Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL), que enviou ao local apenas uma equipa da unidade terrestre.
“A polícia marítima não veio, porque já não era horário de trabalho ou porque estavam a salvar outro cidadão, em Tibar. Só às seis horas da manhã, quatro horas depois de ter sido chamada, é que compareceu. Se a polícia marítima trabalhasse eficazmente, poderia ter salvado a vida do jovem”, lamentou Marcos de Araújo.
Mateus da Costa, que diz estar traumatizado, acredita que o amigo ainda poderia estar vivo se a UPM tivesse sido célere a socorrê-lo. Era a primeira vez que ele e Alito da Gama tinham ido pescar naquela área.
“Quando chegámos, por volta das 22h de sábado, vimos que estava maré baixa e decidimos entrar. Não sabíamos que o mar enchia repentinamente, foi tudo muito rápido. O Alito não sabia nadar. Tentei ajudá-lo, mas não consegui. Então, saí para pedir socorro. Duas pessoas ouviram-me e foram de barco até ao lugar, mas só encontraram a lâmpada e o chinelo do meu amigo”, explicou. Foi depois desta busca que Mateus da Costa encontrou Marcos de Araújo e a polícia foi acionada.
O comandante da UPM, Eugénio Pereira, informou que uma equipa se deslocou até ao local ainda na madrugada de domingo, porém, devido às condições, não foi possível prosseguir com o resgate. “A maré estava baixa, o barco não conseguia aproximar-se do local onde o rapaz estava. Tentámos salvá-lo, mas por razões de segurança, não conseguimos”, lamentou, destacando ainda que não havia visibilidade para um eventual mergulho por parte da equipa.
Somente às seis da manhã, mergulhadores da UPM, Cruz Vermelha e Proteção Civil entraram na água, na região da Areia Branca. O corpo do jovem só foi encontrado, a boiar, não muito afastado da margem, por volta das 9h30 de segunda-feira, 18 de março.
Afogamentos na região
De acordo com Marcos de Araújo, a Areia Branca, enquanto lugar turístico, recebe muitos visitantes, sobretudo nos fins de semana – o que aumenta o risco de eventuais afogamentos. “Testemunhei, em 2016, a morte de dois irmãos. Em 2017, faleceu um menino chinês e, em 2018, afogou-se um estudante num passeio escolar. Em todas as ocasiões, não houve atuação imediata e eficaz da polícia”, afirmou.
Por isso, considera necessária a instalação de um posto permanente da UPM na área, de forma a agilizar as possíveis assistências. “Isto pode ser uma medida eficaz para aumentar a segurança da população. Uma resposta rápida a um incidente de afogamento pode fazer toda a diferença”, observou.
O corpo de Alito da Gama foi transportado até o posto administrativo Iliomar, município de Lautém, onde se realizaram as cerimónias fúnebres. Martinho Pereira, tio do falecido, não autorizou a realização da autópsia pelo facto de a causa da morte já ser conhecida. “Sabemos que o amigo não teve culpa, eles andavam sempre juntos. Não queremos processá-lo”, partilhou.
O Diligente solicitou à UPM autorização para aceder a dados sobre o número de mortes por afogamento em Díli, mas até à publicação deste artigo não obteve resposta.
Atualmente, a UPM conta com 120 polícias efetivos distribuídos em três zonas, incluindo nos postos administrativos (Batugade, Atabae, Ataúro, Beloi, Portão Porto Díli, Sional Díli e Com,). A UPM possui cinco barcos.
Os cidadãos que se encontrem em perigo, podem ligar para os seguintes contactos:
Comandante da Polícia da Unidade de Polícia Marítima
+670 78343111
Chefe de Operação da Unidade de Polícia Marítima:
+670 75568835