Num país em que a Educação Sexual não faz parte do currículo escolar, apesar de os números da gravidez precoce serem preocupantes: uma em cada quatro mulheres é mãe antes dos 20 anos – dados de 2017 do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA, na sigla em inglês) – as organizações internacionais a atuar no país procuram formas de informar e consciencializar os jovens para este tema. A Youth Off The Street (YOTS) e a clínica Marie Stopes (organizações não governamentais), juntamente com a Unicef Timor-Leste, em parceria com o Ministério da Saúde levaram os temas da educação sexual e da saúde reprodutiva aos estudantes da Escola Secundária Nobel da Paz, em Díli, como forma de assinalar o Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março.
O encontro foi dirigido a 50 estudantes da escola secundária com o objetivo de informar os jovens sobre temas como gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis (DST’s).
“Sabemos que muitas estudantes foram expulsas da escola, por terem engravidado. Queremos que esta formação contribua para a literacia sexual e reprodutiva destes jovens e ajude a evitar a gravidez precoce”, afirmou o gestor de programas da YOTS, Cipriano Manuel das Neves.
O responsável mostrou-se preocupado com o número elevado de estudantes que engravida antes de terminar os estudos, “hipotecando assim o seu futuro”, e explicou que estas formações pretendem permitir aos jovens fazer escolhas conscientes.
Lembrou ainda que “as estudantes são mais vulneráveis e é dever das escolas apoiá-las para que não desistam do seu direito de acesso à educação”.
“Esta atividade ajudou-nos a compreender as mudanças que ocorrem no nosso corpo durante a puberdade e a adolescência, bem como a protegermo-nos de uma gravidez indesejada e de DST’s”, destacou Esperança Soares, estudante de 19 anos, salientando a importância de oportunidades como esta para “esclarecer as nossas dúvidas”.
Marcos Luís Pereira, 17 anos, está a frequentar o 12.º ano, mas realçou que, relativamente às temáticas abordadas, tratam-se de assuntos ainda desconhecidos: “é algo novo para mim e nas aulas, nunca falamos destes assuntos”.
Por sua vez, a oficial do Serviço Adolescentes e Jovens do Ministério da Saúde (MS), Luísa Barro, sublinhou que “nestas idades, os jovens são muito curiosos sobre a sexualidade, por isso, é importante que estejam a par dos riscos de relações sexuais desprotegidas e das consequências negativas associadas a uma gravidez precoce”. Aproveitou o encontro para avançar que o MS pretende desenvolver mais programas sobre educação sexual e reprodutiva com os estabelecimentos de ensino do país sem, no entanto, especificar de que forma.