Empreendedorismo

“Feira do Empreendedor”: MOVE continua a incentivar timorenses a gerarem rendimento próprio

Debate sobre estratégias e caminhos para o empreendedorismo em Timor-Leste/Foto: Diligente

Realizou-se, no sábado, na Fundação Oriente, em Díli, a 2ª edição da “Feira do Empreendedor”, subordinada ao tema “O Futuro do Empreendedorismo em Timor-Leste”. A iniciativa, que juntou vários empreendedores, esteve a cargo do MOVE, organização não governamental (ONG) que atua na promoção do empreendedorismo em Timor-Leste e contou com um debate e uma competição de ideias de negócio.

A presidente da ONG, Catarina Marques, explicou que a organização apoia atuais e futuros empreendedores, com consultoria e formação, através de três programas que abarcam os requisitos primordiais para criar uma empresa: o desenvolvimento da ideia de negócio (programa Wake), o apoio na transformação dessa ideia num modelo de negócio viável e sustentável (programa Shake) e, em terceiro, o acompanhamento da empresa, depois desta estar implementada (programa Make).

Estes programas procuram responder aos maiores desafios com que quem procura a organização, que está em Timor-Leste desde 2011, se depara para implementar um negócio e que consistem, fundamentalmente, em “identificar uma boa ideia, elaborar um plano de negócio eficaz e obter recursos financeiros para alavancar a empresa”, concluiu.

Em entrevista ao Diligente, a CEO da empresa MIRTEJES-F, Leónia Lemos, formada na área da nutrição, confessou que começar um negócio em Timor-Leste não é fácil, sobretudo para uma mulher. “Quando decidi ter o meu próprio negócio, a família do meu ex-namorado não concordou. Para eles, o lugar das mulheres é na cozinha. Como sou uma pessoa muito determinada, ignorei a opinião deles. Quando me deram a escolher entre o negócio e ele, obviamente que escolhi o meu negócio.”

A MIRTEJES-F nasceu em 2017 e é uma empresa de consultoria de vida saudável, que trabalha em quatro componentes: terapia e consultório de nutrição, produção de alimentos ricos em nutrientes, fabrico de sumos detox e uma escola de culinária saudável para crianças.

Relativamente à feira, a presidente referiu que o principal objetivo “é aumentar o número de empreendedores timorenses para que haja cada vez mais pessoas que consigam gerar o seu próprio rendimento e sejam capazes de tomar decisões autónomas”.

Por sua vez, o voluntário do Move, Francisco Almoster, destacou que o objetivo principal deste evento “é trazer para a agenda pública a importância do empreendedorismo na República Democrática de Timor-Leste e os passos que devem ser tomados para desenvolver esta vertente em áreas como o turismo”.

A iniciativa reuniu diversos empreendedores timorenses como a carpintaria Pun put (produção e comercialização de cadeiras), a Ceramics Art Shop, empresas de artesanato local (principalmente Tais), negócios de venda de produtos alimentares, entre outros.

O programa contou ainda com um debate subordinado ao tema “Empreendedorismo: O caminho a seguir” em que participaram Apolinário Magno, professor da Faculdade de Economia da Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL); Leónia Lemos, empreendedora e CEO da empresa MIRTEJES-F e Manuel Vong, assessor do Ministério do Turismo.

Na competição de ideias de negócio, em que participaram cinco ex-formandos do MOVE com as respetivas empresas que criaram, Natalino Ximenes, compositor musical e guitarrista da banda The Kraken venceu com o seu plano de negócio para a empresa NAFEX Art Production, tendo recebido 500 dólares de prémio.

“Transformo as canções em negócio, através da produção de músicas que promovem instituições públicas ou organizações”, esclareceu Ximenes. O jovem avançou ainda que para desenvolver este projeto, o investimento inicial foi cerca de quatro mil dólares e incluiu o custo de licença e algum equipamento. “Por mês, para ter tempo para escrever sobre os assuntos em causa, consigo produzir para dois clientes. O processo implica três fases: ensaio, preparação do cenário do vídeo e uma reunião final com o cliente. Este pacote custa 2660 dólares”.

O evento contou com a presença do presidente da República, José Ramos-Horta, e teve o apoio da Fundação Oriente, da Timor Telecom e da ETO. Para além de Timor-Leste, o Move atua também em São Tomé e Príncipe e em São Miguel, nos Açores (Portugal).

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