Falta de fiscalização das autoridades agrava irregularidades na distribuição de água

Famílias caminham longas distâncias para conseguir um pouco de água/Foto: Diligente

Perfurações ilegais em canos impedem que o abastecimento chegue a algumas comunidades. Poder público admite dificuldades na fiscalização, porém chama a atenção para a falta de consciência de alguns cidadãos.

Mais de 40 famílias na aldeia de Lao Rai, no suco de Kuluhun em Díli, estão sem água desde novembro do ano passado. O problema deve-se, alegadamente, ao facto de  alguns membros da comunidade terem furado o cano de água para fazer ligações ilegais, impedindo que a água chegue a todos os habitantes.

Neste contexto, muitos cidadãos viram-se obrigados a ir diariamente procurar água nos arredores, para poderem responder às suas necessidades diárias.

Fátima de Jesus, 40 anos, mãe de dois filhos, é uma dessas pessoas. “Todas as noites, temos de ir buscar água a um cano que fica em um posto de gasolina, que fica mais ou menos a um quilómetro. Graças a Deus, o dono ofereceu. Se não, teríamos de comprar garrafões de água com mais de 1000 litros por 7 dólares, para gastar num só dia, apenas para tomar banho, cozinhar e beber”, afirmou.

Já Rosa da Silva Batista, 44 anos, mãe de 4 filhos, habitante na mesma aldeia, falou com o Diligente no mesmo lugar onde Fátima de Jesus foi buscar água. Segundo Rosa Batista, o problema surgiu, porque as autoridades locais e a Be Timor-Leste (BTL) não tomaram medidas urgentes e rigorosas para sancionar as pessoas que fizeram ligações ilegais.

“Estamos a pagar pelo que os outros fizeram. Todas as noites, somos obrigados a levar as garrafas para ir buscar água para podermos lavar a louça, cozinhar e beber. A água não é suficiente para lavar a roupa. Às vezes, os nossos filhos vão para a escola com roupa suja. É muito triste”, lamentou.

Por sua vez, o chefe da aldeia de Lao Rai, Roberto da Costa Xavier, atribui a culpa à comunidade. “No tempo da seca, alguns cidadãos furaram o cano que transporta a água para o tanque, sem licença da BTL e sem conhecimento da autoridade local. E deixaram a torneira aberta durante um dia inteiro. Se usassem a torneira, poderiam economizar água e chegaria para todos. Se a comunidade fosse mais consciente, haveria água suficiente para toda a gente”, observou.

O cano que transporta a água da aldeia de Nato para o reservatório localizado na Pura, na aldeia de Lao Rai, de acordo com Egídio Cardoso, técnico operador da BTL, foi furado por alguns habitantes da comunidade, impedindo a água de chegar ao depósito que abastece para as seis aldeias do suco de Kuluhun, como Lao Rai, Tane Mutu, Has Laran, Soru Mutu ba Dame, Nato e Funu Hotu. “Tentamos falar com os moradores, mas não colaboraram. Para evitar problemas, pedimos proteção policial enquanto os técnicos consertam os furos”, relatou.

Questionado sobre como resolver o problema das 40 famílias que estão sem água há três meses, Egídio Cardoso disse que a sua equipa já tinha canalizado a água para um morador do bairro, para que os habitantes não tivessem de ir procurar água longe de casa.

De acordo com o resultado da supervisão da Hak Asasi dan Keadilan (HAK), organização que defende os direitos humanos e justiça, realizada, de 2022 a 2023, nos municípios de Aileu, Ainaro, Baucau, Viqueque, Ermera e Díli, 46.210 chefes de família acedem a água canalizada, 9.849 obtêm água diretamente da fonte e 10.304 através de poços.

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