Água suja que chega quase até aos joelhos, lama, lixo, cheiro forte a fezes e urina é o cenário que a comunidade de aldeia Metin 2 enfrenta durante a época das chuvas, desde 2016.
Moradores da aldeia Metin 2, em Bebonuk, Díli, reclamam da falta de atuação do poder público para resolver o problema de alagamento da via sempre que chove mais intensamente. No período das chuvas, como agora, a rua fica completamente submersa: a água, além de invadir as casas dos cidadãos, causando estragos, fica cheia de lixo, e com um cheiro forte a fezes e urina. Muitas das casas da região não contam com sistema de saneamento básico.
A situação repete-se desde meados de 2016, segundo os habitantes do local, aquando de um suposto desentendimento entre os representantes de uma empresa e os donos da área, sobre a instalação de um sistema de drenagem. Os proprietários dos terrenos terão exigido uma recompensa em troca da realização da obra, o que não terá acontecido.
Carlito Ximenes Belo, 51 anos, vendedor no quiosque e morador da aldeia Metin 2 há mais de três décadas, explicou que a estrada foi construída em 2016. Na região, passaram a viver dezenas de famílias. O comerciante ressaltou que já acionou as autoridades inúmeras vezes, mas o problema ainda segue sem previsão de solução. “[As autoridades] disseram-nos que a empresa responsável [por fazer o sistema de drenagem] já terminou o contrato com o Executivo”, lamentou.
Por sua vez, Cláudia Soares, 46 anos, moradora no mesmo bairro, mãe de sete filhos e funcionária pública, mostrou-se indignada com a situação, acusando o poder público de negligência. “Somos obrigados a viver num ambiente fétido e insalubre, que pode causar doenças, sobretudo nas crianças. Para além disso, a água parada atrai mosquitos que causam dengue”, desabafou.
Apoio por conta própria e pedido aos responsáveis
João dos Santos, segurança da empresa MRS (área da construção), salientou que a companhia pretende ajudar a comunidade, uma vez que a água já inundou as casas – inclusive a residência do dono da empresa.
“A intenção do nosso responsável é retirar todos os resíduos que impedem a passagem de água e abrir valetas na beira da estrada, de modo a que a água possa escoar.” Avançou ainda que a iniciativa é válida, porque “o Governo deve demorar a solucionar o problema” e, por isso, “é preciso resolver a questão de acordo com as possibilidades”.
Ao Diligente, Carlito Ximenes Belo confidenciou, contudo, ter a esperança de que, com a publicação deste artigo, as autoridades possam mexer-se mais rapidamente para ajudar os moradores de forma definitiva. “Já enfrentamos essa questão há muito tempo”, concluiu.
O Diligente entrou em contato com a Autoridade Municipal de Díli (AMD) e foi informado por um funcionário de que a competência da entidade se limita às estradas rurais – não sendo o caso dos moradores da aldeia Metin 2 –, recomendando que o Ministério das Obras Públicas fosse procurado. O referido órgão também foi contatado, através da Direção de Planeamento, mas o Diligente não obteve resposta até ao momento.