Desde o início do ano, escolas do país enfrentam problemas devido à não renovação de contratos de 1.784 docentes. Ministério da Educação, Juventude e Desporto assegura que professores serão integrados na função pública “o mais rápido possível”, depois da conclusão do concurso público que prevê o preenchimento de 2.400 vagas.
Os estudantes do primeiro, segundo e terceiro ciclo das escolas públicas e privadas no país deram início, na segunda-feira (01.04), à época de exames do primeiro trimestre. Porém, os 70 alunos da Escola Básica Ucecai, em Covalima, não puderam realizar os testes, uma vez que a unidade, desde o começo do ano, está com as atividades interrompidas devido à falta de professores.
O diretor interino da referida escola pública, Jacob Caldas, atribui o problema ao facto de o Ministério da Educação, Juventude e Desporto (MEJD) não ter renovado os contratos de 1.784 docentes – o que deixou o estabelecimento sem profissionais.
“Antes, a escola tinha seis professores: um permanente, falecido no ano passado, e cinco contratados, que não tiveram os contratos renovados. Com isso, os alunos estão sem aulas”, disse.
Já na Escola Básica Central do Farol, em Díli, a falta de pessoal levou a direção a atribuir temporariamente aulas de História e Geografia a um segurança do estabelecimento de ensino. Segundo a diretora Filomena Freitas, o segurança é licenciado em Sociologia pela Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), e o Ministério da Educação autorizou-o a lecionar.
Com 54 professores permanentes e 2.257 alunos, a EBC do Farol, segundo a diretora, além de não ter docentes de História e Geografia, está sem profissionais de Desporto, Matemática e Arte e Cultura – situação que fez com que muitos dos atuais educadores assumissem as disciplinas provisoriamente, tendo uma sobrecarga de trabalho. Algumas salas de aula chegam a acumular 60 estudantes. “Foi a forma que encontramos para que os alunos não fossem mais prejudicados”, disse Filomena Freitas.
No entanto, a diretora reconhece que o excesso de alunos em sala de aula põe em causa a qualidade do processo de ensino-aprendizagem. “Com tanta gente num espaço, os professores têm dificuldade em ajudar todos”, sublinhou.
A diretora informou que representantes do Ministério da Educação foram pelo menos três vezes à escola este ano, mas nenhuma medida foi tomada efetivamente.
Ninivia Belo Faria, 12 anos, estudante do 8º ano, mostrou-se insatisfeita com a metodologia utilizada pelos docentes. “Apenas nos pedem que copiemos os conteúdos dos manuais e abandonam a sala”, lamentou.
A EBC do Farol, contudo, enfrenta ainda um outro problema: a pouca quantidade de mesas e cadeiras. Devido à carência de mobiliário escolar, os estudantes tiveram de se sentar no chão ou partilhar cadeiras para realizarem os exames.
Alunos da EBC do Farol: falta de mobiliário obrigou-os a realizar exames sentados no chão/Foto: DR
Ministério da Educação, Juventude e Desporto promete colmatar a falta de professores “o mais rápido possível”
Mais de 13 mil docentes estão a participar em um concurso público que prevê o preenchimento de 2.400 vagas para professores em regime de carreira. A seleção teve início a 16 de março e termina no dia 16 deste mês.
Mais de 13 mil docentes estão a realizar testes para 2.400 vagas/Foto: Diligente
Alguns candidatos, porém, queixam-se da avaliação. José Hortênsio, 34 anos, de Viqueque, teve dificuldades em realizar o exame, porque “enquanto professor de Língua Portuguesa, o Ministério usou termos nunca tinha ouvido antes”, contou.
A Diretora Nacional de Recursos Humanos do Ministério da Educação, Juventude e Desporto (MEJD), Anita Tavares Ribeiro de Jesus, afirmou que os testes foram elaborados por peritos da área da educação. Acrescentou ainda que foram usadas as duas línguas oficiais, tétum e português.
Anita de Jesus sublinhou que o MEJD tem consciência do problema da falta de professores e destacou que os docentes selecionados no concurso serão integrados na função pública “o mais rápido possível”. “É urgente colocar os docentes nas escolas que estão sem profissionais”, observou.
Nos grupos de artes marciais se houver licenciados, eles tambem podem lecionar. Assim vao fazer algo de importante para a nacao!