Soluções passam por pedir ajuda a moradores de outras localidades ou pagar pulsa ao vizinho que possui canalização instalada pela BTL – a empresa responsável pelo fornecimento do recurso hídrico no país.
Em Timor-Leste, a falta de água ainda é um problema recorrente, atingindo grande parte da população. Moradores do suco de Manleuana estão sem abastecimento regular há mais de dois anos e, nas últimas duas semanas, habitantes de Becusse tiveram de procurar ajuda noutras aldeias, já que ficaram com as torneiras secas. A situação desesperante leva muitos cidadãos a quase perder a esperança de que o Estado possa trazer alguma solução definitiva e, por isso, apelam a medidas alternativas.
Na retificação do Orçamento Geral do Estado (OGE) deste ano, aprovado pelo Parlamento Nacional e promulgado na semana passada pelo presidente da República, o montante alocado para o abastecimento de água, incluído em Habitação e Infraestruturas Coletivas, foi reduzido em 18% – passando de 27,5 milhões de dólares americanos para 22,4 milhões.
Inocência Mendez, 34 anos, é uma das vítimas de falta da água. Desde as cheias de 4 de abril de 2021, os canais do suco de Manleuana, onde vive, ficaram estragados – deixando milhares de pessoas na seca. Até hoje os canais não foram arranjados.
No início, a dona de casa comprava água a empresas privadas, que transportam o recurso hídrico em camiões para que as pessoas possam encher os galões que guardam nas suas residências.
Atualmente, adquire água ao vizinho, que pagou a agentes da Bee Timor-Leste (BTL, E.P.) – empresa responsável pelo fornecimento de água em Timor-Leste – para instalar uma canalização até sua casa. “Só precisamos de carregar a pulsa para usar a máquina de puxar a água”, informou. Contou que, com dois ou três dólares, consegue-se encher um tanque de 500 litros, que a família de três pessoas possui. O volume chega a durar três semanas, revelou Inocência.
Em Becusse, o professor Aleixo Guterres, 37 anos, afirmou que a escassez, iniciada em 20 de agosto, levou a família a caminhar um quilómetro e meio todos os dias para Balide, à procura de água.
“Ficamos sem água para cozinhar, tomar banho e lavar a roupa. Mesmo com a ajuda das pessoas da aldeia vizinha, muitas vezes o que obtínhamos não era o suficiente para responder às necessidades”, lamentou.
O pai de três filhos acrescentou ainda que a situação não é difícil para as famílias que têm poço em casa, mas “para as pessoas como nós, o problema é muito sério”.
Aleixo Guterres informou que, para tentar resolver o problema, a BTL, E.P. colocou um tanque no centro de distribuição na aldeia, que era enchido diariamente, mas rapidamente esvaziado pela comunidade.
Na noite de segunda-feira (4.09), o professor disse que voltou a ter água em casa.
O diretor operacional de manutenção da BTL, E.P., Aleixo dos Santos, confirmou que a crise de fornecimento à comunidade de Becusse se deveu à avaria da bomba de água, localizada em Maufelo/Becora.
Aleixo dos Santos argumentou que as ligações ilegais praticadas por algumas famílias em Becora e Taibessi contribuíram também para a falha do sistema.
“A bomba de água já é antiga e algumas pessoas fizeram conexões ilícitas diretamente ao sistema de canalização no local, o que fez com que o motor perdesse a força para carregar a água”, explicou.
O dirigente pediu para a população não realizar ligações clandestinas nas canalizações de água.
Há dias, fui de Díli para Aileu e utilizei a estrada nova. Ocorre-me perguntar qual é a utilização que está a ser feita da água, daquela pequena cachoeira, que cai do alto da montanha para a estrada? Não sei se está a ser feita a captação dessa água limpinha nalgum ponto do percurso.
Não consigo pôr aqui uma fotografia para a identificar.