Dia Mundial dos Oceanos

Escolas Azuis em Timor-Leste incentivam ações conducentes à proteção dos Oceanos e a uma utilização mais sustentável dos recursos marinhos

Programa Escola Azul tem a missão promover a literacia do Oceano nas comunidades escolares e criar gerações mais responsáveis e participativas/Foto: DR

Em 2008, a Assembleia Geral das Nações Unidas anunciou que, a partir de 2009, o dia 8 de junho seria comemorado pelas Nações Unidas como o “Dia Mundial dos Oceanos”. O tema escolhido pelas Nações Unidas para o “Dia Mundial dos Oceanos” de 2024 é “Revitalização: Ação Coletiva pelo Oceano”.

O “Dia Mundial dos Oceanos” é uma data particularmente importante para dois Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE) em Timor-Leste. O CAFE de Baucau e o CAFE de Manatuto são duas escolas públicas que integram a rede de Escolas Azuis do programa Escola Azul, incentivando ações conducentes à proteção dos Oceanos e a uma utilização mais sustentável dos recursos marinhos.

O Programa Escola Azul é um programa educativo português do Ministério da Economia. Este programa é dirigido às escolas portuguesas e às Escolas da CPLP e tem como missão promover a literacia do Oceano nas comunidades escolares e criar gerações mais responsáveis e participativas, que contribuam para a sustentabilidade do Oceano. Procura estimular as comunidades escolares a compreenderem a influência do Oceano nas pessoas e a influência das pessoas no Oceano.

Uma pessoa com literacia oceânica consegue compreender a importância do Oceano para o Homem, comunicar de forma consciente e informada, agir, intervir e decidir para promover uma sociedade mais azul.

Não basta saber que os plásticos no mar são prejudiciais aos ecossistemas marinhos, que podem matar tartarugas e peixinhos ou que um dia se irão transformar em microplásticos… é necessário colocar esse conhecimento em prática.

As Nações Unidas determinaram que, desde 2021 até 2030, seria a década dos Oceanos, acreditando que inúmeras e inovadoras ações realizadas em todo o mundo iriam provocar uma verdadeira revolução no conhecimento sobre os Oceanos e revitalizá-los através de ações coletivas.

As Escolas Azuis de Timor-Leste, em plena década dos Oceanos, estão empenhadas em contribuir para a concretização dos objetivos da Agenda do Desenvolvimento Sustentável para 2030, em particular no que diz respeito às metas: “Proteção da Vida Marinha” e “Educação de Qualidade”.

O Programa Escola Azul em Timor-Leste teve início em 2021, no CAFE de Manatuto, com o desenvolvimento do projeto “O mar é, também, a nossa identidade!” e, em 2023, também o CAFE de Baucau se juntou às inúmeras Escolas Azuis existentes no mundo. Desde então, têm sido desenvolvidas várias ações coletivas para promover o aumento do conhecimento acerca dos Oceanos, sensibilizando para a necessidade de os preservar.

O Programa Escola Azul em Timor-Leste teve início em 2021, no CAFE de Manatuto, e, em 2023, também o CAFE de Baucau se juntou às inúmeras Escolas Azuis existentes no mundo/Foto: DR

Na educação pré-escolar da escola CAFE de Baucau, os meninos aprendem o nome de animais marinhos, aprendem canções e fazem jogos de concentração e memória sobre o mar; em Língua Portuguesa e no Clube de Escrita e Leitura os alunos têm o mar como fonte de inspiração; em Geografia e Biologia, os alunos realizam trabalhos de pesquisa sobre os Oceanos e sobre as espécies protegidas dos mares de Timor‑Leste. Para os alunos do CAFE, as poças de maré são laboratórios a céu aberto.

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Educação pré-escolar no CAFE de Baucau/Foto: DR

Nesta escola, já se vai fazendo a recolha e a separação das garrafas de plástico e de latas, aplicando-se a política dos 3R´s: Reduzir, Reutilizar e Reciclar. Existe um peixe gigante na entrada da escola onde alunos, professores e funcionários colocam este tipo de lixo, que posteriormente será encaminhado para uma empresa de recolha seletiva de resíduos localizada em Díli.

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Entrada do CAFE de Baucau/Foto: DR

A praia de Watabo´o foi recentemente um “Estádio Olímpico”, onde os alunos da Escola do CAFE de Baucau se juntaram a outras escolas de todos os continentes do mundo, participando nos “Olympic Blue Schools”. Foi realizado um torneio de voleibol de praia em que, para além dos objetivos associados à disciplina de Educação Física e de valorização das praias enquanto locais de lazer, se procurou que fosse uma atividade verdadeiramente significativa em termos de sustentabilidade e de participação cívica. Os alunos recolheram o lixo da praia, deixando-a mais limpa do que a encontraram e construíram os seus quatro campos de voleibol com canas de bambu, pneus e redes de pesca velhas, sendo um verdadeiro exemplo de atitudes “eco-friendly”.

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Atividade na praia de Watabo´o/Foto: DR

A construção do mural “A Minha Escola + Azul” para comemorar o Dia das Escolas Azuis foi um projeto artístico no qual participaram alunos, funcionários, professores e a associação de pais, tornando a escola ainda mais azul.

Os Oceanos são ecossistemas aquáticos marinhos, ricos em biodiversidade, com extrema importância para o planeta Terra. Cumprem uma função fundamental para a manutenção da Vida na Terra. Os oceanos são responsáveis pela regulação do clima, proporcionam empregos, fornecem alimentos, são fontes de lazer, são importantes vias de comunicação e geram riqueza.

Os mares de Timor-Leste fazem parte do Triângulo de Coral do Pacífico, locais de elevada biodiversidade marinha. As praias e o recife de coral de Timor-Leste são um dos seus melhores e mais bonitos “cartões de visita”.

Mas por que motivo temos de nos preocupar com o futuro dos mares em Timor‑Leste? Porque, tal como no resto do mundo, em Timor-Leste, a pesca ilegal de espécies protegidas e o enorme volume de lixo e sobretudo plástico acumulado têm conduzido à diminuição da biodiversidade marinha. O branqueamento dos recifes de coral é já uma realidade no Triângulo de Coral do Pacífico.

Sendo o mar tão importante para o povo timorense, é de crucial importância a sua valorização e o seu uso sustentável.

Podemos adotar pequenas atitudes no nosso dia a dia que se podem traduzir em grandes mudanças. Como, por exemplo: evitar o uso de plástico – quando vamos ao mercado ou ao supermercado, devemos levar um saco para colocar as compras; preferir materiais biodegradáveis; não atirar lixo para o chão, porque mais tarde ou mais cedo, vai acabar por ir parar ao mar; não matar tartarugas e não comer os seus ovos, porque não são um medicamento para tratar doenças (como alguns timorenses acreditam); não matar nem comer tubarões, mantas nem outras espécies marinhas protegidas; não comer peixes demasiado pequenos e quando se vai à praia, não deixar lixo espalhado na areia.

A Bandeira Azul, oferecida pela Coordenação do Programa Português Escola Azul, pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido, hasteada no pátio das escolas CAFE é para toda a comunidade escolar um motivo de orgulho.

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Bandeira Azul: motivo de orgulho para a comunidade escolar/Foto: DR

Os professores e os alunos envolvidos no desenvolvimento dos objetivos do Programa Escola Azul têm a certeza de que estão no “caminho” certo, apesar de terem consciência de que as mudanças não se farão sentir de um de um dia para o outro. Acreditam que, no futuro, alguma coisa irá mudar para melhor.

A educação é, sem dúvida, a base para que as pessoas compreendam os problemas. As aprendizagens curriculares são fundamentais, mas há também que formar bons cidadãos.

 

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Maria Hélia Fernandes Gomes, 52 anos, portuguesa, natural de Mortágua, distrito de Viseu, com residência no Porto. Licenciou-se em Ensino de Biologia e de Geologia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e fez Pós-Graduação em Design Educacional no Instituto de Gestão e Administração de Santarém. Possui vasta experiência em coordenação de projetos de Cidadania, Saúde e Educação Ambiental em contexto escolar: Eco Escolas, PESES e PROSEPE. Colaboradora da Network for Astronomy School Education. Atualmente docente e Agente de Cooperação no Projeto Centros de Aprendizagem e Formação Escolar em Timor-Leste. Coordenadora Local do Programa Educativo Escola Azul, em Baucau.

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  1. Parabéns pelo excelente trabalho desenvolvido no projeto pela Coordenadora professora Hélia Gomes, pela sua dinâmica com os alunos e com todos que estao envolvidos nesta maravilhosa ação de preservação dos Oceanos.

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