O Diligente entrevistou Christopher Henry Samson, vice-presidente do Plano Estratégico do Partido Democrático (PD), força política que nasceu a 10 de junho de 2001 pelas mãos de estudantes, jovens e intelectuais que lutaram durante o período da resistência pela Libertação Nacional. O PD apresenta-se à corrida eleitoral com a bandeira da defesa dos princípios democráticos, da solidariedade e dos direitos humanos. Atualmente, conta com a representação de cinco deputados no Parlamento Nacional.
Quais são as principais metas do programa de Governo do PD?
O PD tem muitos objetivos traçados para esta governação. O slogan da nossa campanha é “hamutuk ba mudansa, hadia povu nia moris, hametin ukun rasik an” (“Juntos pela mudança para melhorar as condições de vida e fortalecer a independência”, em português). Entre os principais objetivos do partido está a criação de um Tribunal de Primeira Instância em cada um dos municípios onde ainda não exista para facilitar o acesso do povo à justiça. O PD quer promover e reforçar o desenvolvimento deste setor no sentido de desenvolver a boa governação e combater a corrupção, o nepotismo e outro tipo de desvios.
Sabemos que, neste momento, não temos cadernetas de passaporte nem bilhetes de identidade, tudo consequência de não termos uma boa governação. O PD quer mudar totalmente este cenário e acelerar as políticas de descentralização do poder e dos serviços administrativos.
Outra das intenções do PD é diminuir a taxa das bebidas açucaradas, porque, hoje em dia, está tudo muito caro: açúcar, óleo e tantos outros produtos essenciais.
O partido propõe-se também a assegurar os direitos dos cidadãos no que diz respeito à propriedade privada e às heranças.
Faz também parte dos planos do partido criar uma fábrica para a indústria de peixe. Muitas pessoas pescam ilegalmente e não existem, atualmente, meios para assegurar e proteger a nossa economia marítima. É uma questão que o PD quer rever e solucionar.
No setor do turismo, precisam ser melhoradas as condições dos serviços, nomeadamente hotéis e restaurantes para que Timor-Leste consiga atrair turistas. É também essencial reabilitar as casas de banho públicas, tornando-as dignas para quem vier em turismo, mas também para toda a população.
O partido vai também dar continuidade à atribuição de bolsas aos estudantes, nomeadamente para o apoio ao transporte e para que tenham acesso a computador. Todos os estudantes merecem ter um computador.
Para além disso, relativamente aos que concluíram os seus estudos fora do país, com a ajuda de bolsas, vamos formular uma lista com todos eles para que os que estão desempregados consigam encontrar trabalho de acordo com as suas competências, já que até agora foram abandonados pelo Governo.
Queremos melhorar a qualidade dos centros de saúde, que, muitas vezes, não têm nem médicos nem medicamentos.
Outra das prioridades é melhorar as estradas rurais para que todas as pessoas consigam deslocar-se aos locais mais centrais de cada município e, entre outras coisas, consigam vender os seus produtos, por exemplo, nos mercados.
Porque é que os eleitores devem votar no PD?
Os eleitores devem votar no Partido Democrático, porque é o melhor. Nenhum dos outros partidos é melhor. O PD é o partido da nova geração, com princípios baseados numa democracia de direito, capaz de resolver os problemas mais urgentes do povo, nomeadamente nas áreas da economia e da educação. Os eleitores vão votar de acordo com os programas políticos de cada partido que se apresenta a votos. O PD tem bons programas e é isso que faz com que os eleitores devam escolher votar no nosso partido.
O que diferencia o PD dos outros partidos?
A diferença está na ideologia , porque o PD tem uma ideologia de nacionalismo democrático e religioso e isso só acontece no PD. Nos nomes dos outros partidos não está a palavra “democracia”. Como é que eles podem falar sobre democracia, se os nomes não mostram a palavra democracia? A diferença é muito grande, porque o PD representa uma geração nova e não tem inimigos. O PD está com todos os partidos, FRETILIN, CNRT, PLP e todos os outros. Desde que seja para o interesse da nação e do povo, o PD está sempre disponível para dar o seu contributo e é isso que faz a diferença.
Quais são os problemas mais urgentes para resolver em Timor-Leste?
Relativamente aos problemas mais urgentes, o PD tem de falar sobre a vinda do gasoduto para Timor-Leste. Isto é uma necessidade que o PD já defendeu no Parlamento Nacional e que é indiscutível . O PD sacrificou-se, juntamente com a FRETILIN, para assinar o acordo das Fronteiras Marítimas, depois de o Khunto ter abandonado a plataforma de entendimento entre os três partidos. Outra questão urgente é resolver o problema do mau atendimento público, nomeadamente as esperas longas e muita burocracia nos serviços administrativos do Estado. O PD vai resolver estas situações para que o povo usufrua verdadeiramente da independência.
Se o PD vencer as eleições, enquanto Governo, como vão atuar para salvaguardar os direitos dos grupos mais vulneráveis, nomeadamente LGBTQI+, cidadãos portadores de deficiência, mulheres, crianças?
O PD integra , nos seus quadros políticos, pessoas portadoras de deficiência e implementou também sistemas de acessibilidade na sede do partido. O compromisso do PD é não deixar ninguém para trás, tanto LGBTQI+ como pessoas portadoras de deficiência, mulheres ou crianças.
O partido está disponível para fazer coligação com outros partidos? Se sim, quais?
“Ba O Timor, maubere oan prontu servi” (“Para ti Timor, os filhos mauberes estão prontos para servir”, em português). Ou seja, o PD está disponível para colaborar, desde que seja para o interesse do Estado. Agora depende do povo. Apresentamos o nosso programa e agora é o povo que escolhe. O PD está disponível para fazer coligação com qualquer um dos partidos na corrida eleitoral, desde que esses partidos ponham em primeiro lugar os interesses do país.
Que balanço faz do trabalho desenvolvido pelo VIII Governo?
Não cabe ao PD avaliar o trabalho feito pelo atual Governo. O povo é que avalia e decide, mas o PD vai estar sempre do lado do povo, quer esteja no Governo quer esteja na oposição.