Direção do Hospital Nacional Guido Valadares realiza cocktail de 4.496 dólares com pacientes

No cocktail, além de discursos, foram realizadas uma missa e entrega de prendas aos pacientes/Foto: Diligente

Iniciativa visou celebrar o Dia Internacional dos Doentes, comemorado na segunda-feira (12.02). Familiares de utentes queixam-se de salas sobrelotadas, falta de medicamentos, infraestruturas precárias e dificuldade em conseguir atendimento.

A direção do Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV) realizou na segunda-feira (12.02) um cocktail de 4.496 dólares para celebrar o Dia Internacional do Doente, sem, no entanto, apresentar nenhuma medida capaz de melhorar o atendimento aos cidadãos que recorrem ao espaço diariamente em busca de ajuda médica.

Salas sobrelotadas, cortes repentinos de energia elétrica, falta de medicamentos, recursos humanos insuficientes são alguns dos problemas enfrentados pelos utentes no HNGV.

Modesto Lemos, 22 anos, familiar de um dos pacientes, mostrou-se preocupado com a falta de salubridade no recinto. “Há baratas nas enfermarias”, disse, acrescentando que esta é uma questão antiga – e que a direção do HNGV não demonstra ser capaz de resolvê-la.

O estudante queixou-se também dos poucos recursos humanos, pois “muitos cidadãos demoram bastante tempo para conseguirem atendimento na urgência”, e das infraestruturas básicas do hospital. “As pessoas aqui internadas, muitas vezes, gritam por causa do calor, uma vez que as ventoinhas das salas não funcionam e somos nós que temos de trazer as nossas. No entanto, muitas tomadas também estão avariadas”, partilhou. As constantes falhas de energia elétrica são outra preocupação do jovem, uma vez que põem em risco a vida dos pacientes.

Modesto Lemos lamentou ainda a escassez de medicamentos – a rutura de stock seria de quase 40%. “Os enfermeiros disseram que os remédios no hospital estão esgotados. Por sorte, um estagiário conseguiu encontrar o medicamento em outra sala e deu ao meu irmão”. Porém, o paciente teve de esperar dois dias para ter o fármaco.

Já Anita Tilman, 54 anos, parente de outro utente no HNGV, destacou que, apesar de todos os problemas, reconhece o esforço dos profissionais que atuam no espaço. “Os médicos e enfermeiros no hospital são carinhosos e preocupam-se com as condições dos pacientes. O meu pai sofre de um problema cardíaco e asma há três anos. Esteve internado por alguns meses e depois teve alta. Quando o estado de saúde dele se agrava, temos de o trazer novamente para o hospital e os médicos tratam-no sempre bem”, sublinhou.

De acordo com o relatório dos serviços de Emergência do HNGV, em 2022 foram registados 60.822 pacientes, dos quais mais de metade (52%) eram casos leves.

Por sua vez, a diretora executiva do HNGV, Cecília Barros Mendonça, agradeceu a todos os profissionais de saúde “por cuidarem dos doentes com cuidado e amor”. “A nossa presença vale muito mais do que qualquer medicamento ou equipamento modernos”, realçou, enfatizando ainda que o HNGV “salva muitas vidas”.

No cocktail, além de discursos, foram realizadas uma missa e entrega de prendas aos pacientes. O Dia Internacional do Doente se assinala a 11 de fevereiro e foi instituído pelo Papa São João Paulo II, em 1992.

De acordo com o Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2024, o Governo alocou para o Ministério da Saúde 67,6 milhões de dólares americanos e 13,5 milhões de dólares americanos para o HNGV. Foram ainda reservados 8,3 milhões de dólares americanos para o Instituto Nacional de Farmácia e Produtos Médicos (INFPM).

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