Desejo de vida mais saudável é ponto comum entre corredores da Meia-Maratona de Díli

Corredoras durante a prova no ano passado: superação/Foto: Meia-Maratona de Díli

Evento, que chega à sua 4.ª edição, acontece no próximo sábado e já possui mais de 500 participantes. Neste ano, inscrição foi limitada aos cidadãos que vivem em Timor-Leste, à exceção de 13 atletas profissionais que vêm da Indonésia.

Entusiastas da corrida que residem em Timor-Leste, de diferentes idades, géneros e nacionalidades, estarão juntos pelas ruas de Díli no próximo sábado para participar na 4.ª edição da Meia-Maratona. Cada um dos corredores tem uma motivação diferente para participar. Em comum, contudo, está o desejo em manter uma vida mais saudável e ativa.

O evento conta com mais de 500 participantes e as inscrições podem ser feitas gratuitamente na Federação de Atletismo de Timor-Leste (localizada na capital) até esta sexta-feira (1.09).

Para atender diferentes perfis de atletas, a prova oferece três distâncias: a meia-maratona, de pouco mais de 21 quilómetros (21,097 quilómetros, metade de uma maratona, para profissionais); uma de 10 (para amadores) e uma de 3 mil metros, que se destina a todo o tipo de público. As duas últimas opções de corrida são as mais indicadas para as pessoas com deficiência. Os prémios para os vencedores vão de 600 dólares a 2.500 dólares americanos.

O local de largada será no Palácio Presidencial, às seis da manhã. Os trajetos, conforme cada distância, serão diferentes, mas todos terminam no ponto da partida.

Barva Ataíde, 23 anos, estudante de Economia da Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL), fará parte de um evento de corrida pela primeira vez. Será, para ela, uma ocasião especial, que marca uma etapa de mudança de hábitos em sua vida, “para melhor”, destaca. Barva, que começou a correr com regularidade em 2021, inscreveu-se na prova de 21 quilómetros.

“Depois da corrida, sinto um alívio no coração. Sinto que meu corpo está mais leve e isso dá-me ânimo para viver”, diz.

A estudante de Viqueque conta que corre mais de 5 quilómetros todas as manhãs. Entre outros costumes adquiridos nos últimos anos, que também servem como preparação para a prova, Barva destaca a atenção ao descanso e à alimentação. “Durmo cedo todos os dias. Tento sempre comer alimentos nutritivos e evito piripiri, beber vinho e fumar”, revela. No sábado, a intenção da corredora é “estar preparada para ganhar”.

A professora Ana Timóteo, 60 anos, também participará na prova de 21 quilómetros. Natural de Portugal, a formadora sente que a experiência será especial, “porque vai ser uma belíssima recordação” do país que a conquistou há 4 anos.

Apesar de ser uma novata em provas de corrida em Timor-Leste, Ana Timóteo é uma atleta amadora experiente. Começou a correr quando tinha 20 anos, na altura em que conheceu o marido. Quanto está em movimento, diz, surgem-lhe sempre ideias e coisas para pensar.

“Gosto de ir correr, porque me desperta e é inspirador, mas ainda gosto mais do que sinto a seguir. Além de ativar o corpo e a mente, sentir que naquele dia cumpri com o que considero ser um dever para me manter saudável é muito saboroso. Sei que mantenho a capacidade de resistência ao esforço graças a uma atividade física que vai além de um simples passeio à beira-mar”, sublinha.

Sobre a prova de sábado, Ana Timóteo acrescentou ainda que não fez nenhuma preparação especial, porque soube do evento há menos de duas semanas. Para a professora, o importante é completar o trajeto, desfrutando de todo o percurso.

“Tenho feito apenas um treino de manutenção, quatro vezes por semana, com uma média entre 25 a 35 quilómetros semanais, num ritmo bem modesto, sem pensar em me preparar para uma distância ou prova. Acho que vou ser a ‘tartaruga’ da prova, mas paciência. O prazer de concluir uma meia-maratona em Timor-Leste é a única coisa que desejo alcançar no próximo sábado”, afirma.

Já Natsuki Kuwada, 24 anos, diz que se inscreveu no evento para ser vencedora. Japonesa, trabalha em Díli como professora no Escola do Farol e participará da prova pela primeira vez também. “Esta é só a meia-maratona. Já costumo correr três a quatro vezes por semana, mais de 10 quilómetros, por isso acho que estou mais que preparada para os 21 quilómetros”.

A jovem explica que gosta muito de correr porque “a atividade ajuda a queimar as calorias todas. A corrida exige que vários músculos do corpo trabalhem ao mesmo tempo”.

Por sua vez, Amâncio Marquês, funcionário público, 47 anos, pai de seis filhos, conta que irá participar no evento como uma forma simbólica de comemorar o Dia da Consulta Popular, celebrada na passada quarta-feira. “Escolhi a prova de 3 mil metros. Não vou correr para vencer, mas sim para mostrar aos jovens que Díli é a cidade da paz e que o desporto é um fator importante para consolidar a paz”, diz.

O trabalhador ressalta também que “correr faz bem para a saúde” e, por isso, quer servir de exemplo para os filhos, para que também eles desenvolvam hábitos saudáveis.

Dicas para a prova e mudanças neste ano

Segundo o treinador português António Matos, a semana que antecede a meia-maratona deve ser de recuperação, sem treinos de grande intensidade. Os atletas podem realizar, no entanto, na véspera da prova, uma leve corrida de 5 ou 6 quilómetros e alguns exercícios. No dia do evento, sugere, os participantes devem levantar-se, no mínimo, com três horas de antecedência.

“Devem iniciar o dia  fazendo as necessidades fisiológicas. Não devem correr em jejum. Escolham um pequeno-almoço leve, constituído, por exemplo, por sumo de laranja natural, torrada ou bolo seco. Evitem a ingestão de leite nessa manhã e nunca, mas mesmo nunca, ingiram qualquer líquido ou sólido que não tenham o hábito de consumir. O organismo pode reagir mal e podem ter problemas durante a corrida”, propõe.

António realça que uma prova como uma meia-maratona é para ser corrida de forma estratégica. O início deve ser numa intensidade baixa e, gradualmente, aumentar a passada para terminar num ritmo alto. “É esta talvez a melhor forma para se completar o percurso sem sofrer muito”, observa.

O coordenador-geral da Meia-Maratona de Díli, Joel Maria Pereira, explica que a prova, este ano, sofreu algumas alterações em relação aos eventos anteriores. Uma delas, por exemplo, foi ter permitido inscrições apenas de residentes em Timor-Leste. Segundo Joel, as temperaturas altas, de julho a dezembro, tiveram peso nessa decisão.

“No ano passado, realizámos o evento na mesma altura. Ao terminar a prova, um atleta do Quénia sentiu dificuldades com o calor e foi hospitalizado. Por isso, decidimos limitar a prova a maratonistas timorenses e a estrangeiros que residam em Timor-Leste, porque já estão habituados ao clima do país”.

Joel Pereira destaca, porém, a exceção que foi feita aos participantes de Timor Ocidental (NTT  – Nusa Tengara Timor, em indonésio) da província da Indonésia. O coordenador argumenta que, em 2022, os corredores da região pediram, logo após o final do evento, para participarem neste ano. “Valorizamos este pedido e fizemos o convite. Vem uma comitiva de 20 pessoas: 13 atletas e sete membros da equipa técnica”.

Ao longo de todo o percurso, os corredores receberão água e terão a segurança garantida pela Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL). Já o Ministério da Saúde colocará ambulâncias e profissionais da saúde de prontidão para apoio médico.

Notícia atualizada em 1/09/2023 às 18h50 

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  1. Parabens a todos, organizadores e participantes. Ha 24 anos atras fugia-se da tropa e policia Indonesia. Nessa altura nao so isso acontecia para manter uma boa saude mas tambem para desopilar o figado.
    E necessario que se corra, que haja uma boa alimentacao desde crianca, que nao se respire o ar doentio das queimadas do lixo, das bacoradas de fumo do maun boot que devia dar o exemplo, ate porque ja tem idade para isso. E necessario que corra para a agricultura, para o turismo, para a descentralizacao do poder. E necessario por o pe no acelerador a fundo, para uma meia maratona de mudanca de mentalidades. Nao vou poder estar presente em corpo, estarei presente espiritualmente desde o ponto de partida ate a meta. Nao vou correr para fugir do buan nem da ponciana, vou correr como faziam o Carlos Lopes, Fernando Mamede, Rosa Mota. Corram, com ou sem tais, o importante nao e ganhar, e participar!

    Ze Cigano
    Licenciado em velocidade

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