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Como é estudar e trabalhar na Escola Portuguesa Ruy Cinatti?

Escola Portuguesa de Díli/ Foto: Diligente

Depois de 21 anos de existência da EPRC, a escola alberga 1.310 alunos. Apesar de o espaço não ser suficiente, todos os anos, a lista de espera para integrar o estabelecimento de ensino é infinita.

A Escola Portuguesa de Díli (EPD) foi estabelecida em 2002, fruto de um acordo de Cooperação entre a República Portuguesa e a República Democrática de Timor-Leste, passando a chamar-se Escola Portuguesa Ruy Cinatti (EPRC), através do Despacho nº 11812/2015.

Com currículo português, atualmente a instituição oferece educação desde o pré-escolar até ao secundário. Acumula 1.310 alunos, divididos em 51 turmas, que funcionam em blocos, de manhã e à tarde.

Depois de 21 anos de existência, a EPRC, ao produzir recursos humanos qualificados, tem feito a diferença no panorama educativo timorense e, por isso, a lista de espera para poder frequentar a escola aumenta de ano para ano. Porém, este ano, Governo timorense concedeu um terreno, em Caicoli, para a construção das novas instalações da EPD, o que permitirá ampliar o número de vagas.

Para além de estudantes timorenses e portugueses, a escola alberga estudantes de outras nacionalidades, o que proporciona um ambiente multicultural.

O Diligente falou com alguns estudantes, funcionários e professores para perceber os motivos que levam tantas crianças e jovens a quererem frequentar a escola.

“Trabalhamos em conjunto, a educadora de cada turma e os funcionários que acompanham as crianças durante as aulas, o que é muito importante para que todas as crianças se sintam acompanhadas e motivadas”

Natacha Carmo, 27 anos, professora de Educação Física no pré-escolar/ Foto: Diligente

Trabalho aqui há quase quatro anos. Ser professora de Educação Física aqui é fácil, porque a escola tem as condições desportivas adequadas e as crianças são interessadas. Tem dois espaços oficiais para a prática de educação física. Um campo de jogos, onde se pode praticar futsal, basquetebol, futebol, voleibol e andebol. E temos o ginásio. No armazém, temos colchões, bolas, marcadores, trampolins e outros objetos necessários à prática desportiva.

Penso que para ser boa professora, é preciso ser criativa, por exemplo, em vez de dizer que vamos fazer exercícios, digo que vamos brincar com a bola, porque, na verdade, é isso mesmo que fazemos.

Não sabia que ia gostar de ensinar o nível pré-escolar, mas estou a adorar. Sinto que tenho muita sorte em trabalhar aqui. Eu própria frequentei a EPRC desde o quinto ano, tendo concluído o secundário, na área de Ciências e Tecnologia, em 2015.

Agora estou do outro lado, sou professora, e é muito bom, porque trabalhamos em conjunto, a educadora de cada turma e os funcionários que acompanham as crianças durante as aulas, o que é muito importante para que todas as crianças se sintam acompanhadas e motivadas. São elas o centro do processo de ensino-aprendizagem e devemos focarmo-nos nelas, em como as motivar a aprender de uma forma divertida e adaptada às necessidades de cada uma.

“Para garantir a qualidade, temos de ser exigentes e rigorosos, só assim podemos crescer e evoluir”

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Prudência Valente, professora de Físico-química, 62 anos/ Foto: Diligente

Este ano, estou a ensinar os nono e décimo anos. Estive cá em 2014 e 2015, depois fui para Portugal e agora regressei, porque gosto muito de ensinar aqui. Gosto muito da cultura, que é completamente diferente. Em Portugal, há muita gente, muitos alunos. Aqui é uma escola familiar, então o contato, o convívio, o trabalho que se pode fazer com os alunos é muito bom.

Para garantir a qualidade, temos de ser exigentes e rigorosos, só assim podemos crescer e evoluir. Na escola portuguesa, há exigência e rigor, porque estamos a preparar os alunos para o futuro, para que continuem a progredir e a querer fazer do mundo um lugar melhor.

É muito agradável trabalhar aqui. Ainda ontem disse aos meus colegas que este período passou num instante e eu nem dei conta. Eles riram-se, mas isso só demonstra que é muito bom trabalhar aqui, por isso o tempo passa depressa.

“Sinto que, apenas em três meses, a minha filha progrediu muito, já se expressa e fala muito melhor em português”

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Merícia Soares, 31 anos, encarregada de educação/ Foto: Diligente

Tenho uma filha no ensino pré-escolar. Chama-se Letícia e anda cá há mais ou menos 3 meses. Escolhi a EPRC, porque eu sou timorense e o meu marido é luso-brasileiro, então a minha filha tem as três nacionalidades, e aqui os professores são portugueses. O currículo é igual ao de Portugal, o que é uma mais-valia para mim. Sinto que apenas em 3 meses, a minha filha progrediu muito, já se expressa e fala muito melhor em português.

Gosto muito que traga livros para casa todas as semanas para lermos com ela. São os próprios professores que aconselham esta atividade e eu gosto muito, porque é um momento entre pais e filhos. Espero que ela continue a frequentar esta escola e faça muitos amigos cá, porque aqui é uma mistura de dois mundos: Europa e Ásia, e essa multiculturalidade só traz benefícios.

“A EPRC ajudou-me a ficar em 4.º lugar na competição internacional de Matemática”

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Simplício José de Deus, 14 anos, aluno do 9o ano, 4º lugar na competição Cálculo Tmatik, em 2021/ Foto: Diligente

Estudo aqui desde o pré-escolar, acho que há mais ou menos 10 anos. Todos os dias, acordo cedo para vir para a escola. Quando volto para casa, estudo um bocadinho, faço uma revisão breve da matéria, mas o mais importante é estar atento nas aulas.

Para aprender português, precisamos de falar e ouvir também. Por isso, gosto muito de ouvir música portuguesa e ver filmes nesta língua, ajuda-me a escrever e a falar melhor.

Desde pequeno que a minha mãe me incentivava a ler, mas eu prefiro estudar Matemática. Sou mesmo apaixonado por Matemática e foi assim que consegui ganhar o prémio e fiquei muito orgulhoso. A EPRC ajudou-me a ficar no 4o lugar na competição internacional de Matemática.

“Gosto de estudar aqui, porque acho que esta escola é diferente das outras, temos casas de banho limpas, uma psicóloga, uma biblioteca confortável, cantina, bar, um bom ginásio, laboratórios, uma enfermeira sempre disponível”

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Maria Clarissa Bruneta Vares Soares, 15 anos, aluna do 9º ano/ Foto: Diligente

Comecei a estudar na EPRC em 2016, no 2º ano. Acordo sempre cedo, porque não quero chegar atrasada. Gosto de estudar aqui, porque acho que esta escola é diferente das outras, temos casas de banho limpas, uma psicóloga, uma biblioteca confortável, cantina, bar, um bom ginásio, laboratórios, uma enfermeira sempre disponível. Antes estudava numa escola timorense e noto muito a diferença.

Gosto de estar na biblioteca, e quero ler aqueles livros todos. Tenho muitos amigos timorenses e de outras nacionalidades, gosto muito de conviver com todos e aprender coisas novas.

Foi aqui que aprendi a cantar e agora faço parte da banda da escola. Cantar é uma coisa que faço todos os dias, é um hábito.

“Gosto muito de trabalhar nesta escola, porque, ao interagir com os estudantes e professores, aprendo português”

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Pascoela Soares Pereira, 45 anos, funcionária da Papelaria e Serviços de Impressão e Cópias/ Foto: Diligente

Trabalho nesta escola desde 2003, na Papelaria e Serviços de Impressão e Cópias.  Vendo cadernos, lápis, canetas, borrachas, marcadores e outros materiais escolares. Também disponibilizamos fotocópias para professores e alunos.

Gosto muito de trabalhar nesta escola, porque, ao interagir com os estudantes e professores, aprendo português. Em 2003, quando vim para qui, havia poucos alunos e o espaço era menor. Agora temos mais discentes e mais salas de aula. O ambiente de trabalho é muito bom, ajudamo-nos uns aos outros.

“Sinto que estou a contribuir para que as novas gerações tenham um futuro melhor”

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Vitorino Ribeiro, 30 anos, funcionário administrativo/ Foto: Diligente

Trabalho na secretaria há mais de 9 anos. Lido com professores, alunos e encarregados de educação. Sou antigo aluno da EPRC, por isso gosto muito de trabalhar aqui. Sinto que estou a contribuir para que as novas gerações tenham um futuro melhor. Trabalho com professores e, no final do ano letivo, no início de junho, trato das inscrições dos novos estudantes.

Esta escola é diferente das outras, porque tem currículo e professores portugueses. Para além disso, as condições são muito melhores, o que contribui para que os alunos gostem de estudar e sejam mais bem-sucedidos.

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Ver os comentários para o artigo

  1. Em analogia se os governantes especialmente os da educacao tivessem tido a oportunidade de frequentar esta escola, quer como estudantes, funcionarios ou mesmo como “humanos de olhos abertos” interessados em melhorar o ensino, uma semana como “turistas” bastaria!
    E que nao e so “uma familia”, todos entrevistados tem a “tesao” o “bichinho” que falta aos governantes. E notei que para ensinar Fisica e Quimica, necessita-se de “Prudencia” bem como de uma Pascoela para a ” Semana Santa”.
    Sera que todos nos podemos aprender com este exemplo para fazer “Mais e Melhor” na educacao em TL? A mim nao restam duvidas.

    Antonio do Desleixo
    Pueta e escritor de TL

  2. Muito BEM, e’ Uma escola de qualidade comparando com a minha idade no tempo da ocupacao Portuguesa adoro! tinha dois filhos Que eram OS promeiros inscritos Nesta escola em 2002,embora nao concluiram na mesma escola,mas conseguiram com este sistema e finalizaram em areas tecnicas de arquitetura e tecnica de computacao, tentei muitas vezes para Que OS meus netos estudassem Nesta escola,so’ Que nao ha’ oportunidade,nao sei Porque?! Tambem sou profa de LP. Desculpem me mas Sinto l UM pouco ofendida! Obgda.

    1. Filomena
      E uma escola privada que tem feito uma diferenca enorme nao so no ensino da lingua portuguesa mas tambem na formacao de timorenses. Compete ao governo de TL atravez do Ministerio da Educacao de criar a mesma qualidade de ensino no sector educativo de TL.
      Infelizmente sucessivos governos e ministros da educacao por razoes inaceitaveis, estao a passar ao lado de uma grande oportunidade.
      A EDUCACAO(com qualidade) e o FUTURO de TL!
      Eu fui professor de Posto em 1974.

  3. Gostei bastante deste artigo, que dá um cheirinho, de uma escola organizada pedagogicamente. Trabalhei alguns anos no projeto dos CAFE (Centros de Aprendizagem e Formação Escolar.). Estes Centros de aprendizagem colocados em todos os Municípios, estão-se transformando cada vez mais em Ilhas, onde nascem e morrem as aprendizagens, pois deveriam ser abertas como Centros abertos a toda a Comunidade, aliás como o foram no seu início como polos da Escola Ruy Cinatti, na altura chamados de escolas de Referência. Julgo que o seu funcionamento está refém da sua organização e aprisionados pela Coordenação mista de dois Coordenadores, um Português e um Timorense que coloca nas coordenações das escolas pessoas com base na confiança pessoal e não da competência profissional, até mesmo contrariando a igualdade de género, fazendo que todas essas escolas tenham dois professores do género masculino. Também a sua qualidade pedagógica, cada vez mais, se vai deteriorando, a escola da alegria e da oportunidade de aprender em Português, passaporte para o mundo se vai fechando em si mesma, sem ser como devia, um local aberto a todo o Município, com professores de excelência, fechados e desaproveitados como recursos de desenvolvimento cultural nos locais onde estão inseridas. Talvez seja a altura da Coordenação Pedagógica estar alicerçada à Escola Ruy Cinatti, como nas suas origens, hoje transformadas em locais coordenados por tentáculos de um polvo de duas cabeças sediado em Díli. Timor marca. Ontem estive presente no I Encontro de Amigos Professores Cuja Amizade Começou em Timor-Leste e se mantém para a vida, em Campo Maior, tendo sido agendado um II Encontro para Évora em 2024. São professores que sentiram uma luz no fundo do túnel quando a Dr.ª Lurdes Bessa, hoje Embaixadora na Suíça, foi Vice-Ministra da Educação. Depois dela, uns foram para outros Países da CPLP, outros regressaram às suas escolas de origem em Portugal, uns por vontade própria, outros afastados pela cabeça do polvo sediada em Díli. Penso ter chegado a oportunidade de com este novo Governo e esta nova Presidência ser a Escola Ruy Cinatti a Coordenar Pedagogicamente esta rede de escolas espalhadas pela Ilha Mágica, onde se aprende tanto ou mais do que se ensina. Esta rede não pode, nem deve, continuar a ser desaproveitada. Também deveria ser repensado o funcionamento dos anos escolares, que deveriam ser não por anos civis, mas como em Portugal e em toda a Europa. Isso evitaria que estes alunos pudessem de forma natural continuar os seus estudos sem esperar seis meses, para puderem ingressar em escolas europeias. Isso só é feito por quem tem possibilidades económicas de o fazer, empurrando todos os outros para uma continuidade de estudos na Indonésia, descaracterizando a cultura identitária de um País, assente em duas línguas oficiais, o Português e o Tétum. Também o aproveitamento, de professores “reformados”, acumuladores de conhecimentos e experiência deveria ser recurso, com a valorização de contratos locais, que beneficiariam para uma diminuição da despesa pública e uma mais valia do aproveitamento junto de colegas mais novos dessa experiência acumulada. Há muito para fazer em Timor-Leste. Para já, como objetivo imediato, a coordenação pedagógica por parte da Escola Ruy Cinatti, seria um passo gigantesco no aproveitamento da rede dos CAFE.
    O trabalho jornalístico deste grupo de jovens jornalistas do Diligente necessita de apoio da sociedade civil e, faz-nos acreditar, numa juventude preparada e inovadora capaz de assumir um novo caminho para Timor-Leste, tendo como Senadores todos os que contribuíram para a libertação e implantação da democracia, neste País tão jovem, mas que deixou de ser adolescente. A própria Universidade de Timor-Leste terá que acompanhar também esta transformação, remodelando-se e investindo cada vez mais na formação cientifica. No início deste novo ano, desejamos uma continuidade mais ativa na mudança. A todos os colegas professores timorenses, votos de Felizes Festas.

  4. Pois e Rui. O apelido Aragones e a mencao de Campo Maior onde o meu mano mais velho foi delegado escolar, e Portalegre donde sao os meus costados, e onde nasceram os meus filhos. Ja agora, oh Elvas, oh Elvas…

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