De 19 de abril a 18 de maio, vão realizar-se, em Timor-Leste, as campanhas eleitorais para as eleições parlamentares, que levam os timorenses às urnas, no dia 21 de maio. Naquele que é um dos períodos mais férteis da democracia, o voto, enquanto elemento democrático, não garante, por si só, uma democracia plena. Uma cobertura jornalística rigorosa, imparcial e capaz de evitar atropelos ao sistema democrático é um desafio ainda maior num país onde a sociedade civil é maioritariamente desinformada, a politização das notícias é constante e os jornalistas têm medo de questionar o poder político.
Em período de campanha eleitoral, os desafios ao trabalho dos jornalistas timorenses crescem na mesma medida da devoção dos militantes ou apoiantes dos partidos, independentemente da força política que apoiam.
O Conselho de Imprensa (CI) alertou, recentemente, para a responsabilidade dos jornalistas na cobertura do ato eleitoral, realçando que o trabalho dos profissionais da comunicação social “deve ser feito de acordo com o código deontológico da profissão, com independência e imparcialidade”.
Não são poucos os obstáculos que as preocupações e alertas dos responsáveis do CI encontram, num país em que, apesar de ocupar o 17º lugar no ranking mundial da Liberdade de Imprensa – que avalia as condições para o exercício do jornalismo em 180 países – , as instituições do Estado não disponibilizam informações de forma transparente e evitar a propaganda política não fica longe de uma missão impossível.
Num encontro que juntou, em Díli, jornalistas de vários órgãos de comunicação social timorenses, membros do CI, do STAE (Secretariado Técnico de Administração Eleitoral) e da CNE (Comissão Nacional de Eleições), Rigoberto Monteiro, diretor executivo do CI, destacou que “para evitar notícias falsas sobre as campanhas legislativas e o processo eleitoral, os jornalistas têm de respeitar o código deontológico” e, nesse sentido, “ser imparciais e independentes”. Alertou ainda para a necessidade de “confirmar a veracidade das informações publicadas, não só nos próprios órgãos de comunicação social, mas também nas redes sociais, porque, muitas vezes, não correspondem à verdade”.
“Enquanto jornalista, tenho o direito de informar, mas tenho também o dever de confirmar os factos antes de publicar”, defendeu a editora da Rádio Comunidade de Comoro, Domingas da Silva, no encontro subordinado aos desafios da imparcialidade jornalística em Timor-Leste e aos perigos da propaganda política.
Por sua vez, Expedito Dias, em representação do presidente do CI, Otélio Ote, pediu aos jornalistas que “não sejam porta-vozes dos partidos políticos.”
Relativamente às “notícias parciais, provocatórias e sensacionalistas de alguns órgãos de comunicação social”, Alberico da Costa Júnior, também do CI, sublinhou que a estrutura tem a função de “repreender estes meios quando não atuam de acordo com as regras da profissão” e esclareceu que os jornalistas “podem ter preferências partidárias, mas devem saber separar a cobertura informativa das suas convicções políticas.”
Aníbal do Espírito Santo, jornalista do órgão de comunicação social Esperança, entende que, enquanto agente de informação, deve publicar a verdade dos acontecimentos e ser incorruptível: “não posso escrever um texto jornalístico influenciado por nenhum partido, mesmo que queiram pagar para que isso aconteça.”
Às portas de mais uma disputa eleitoral, que vai nomear o IX Governo Constitucional de Timor-Leste, as pressões do poder político ramificam-se pelos vários setores da sociedade, sem que os jornalistas estejam imunes a elas. Também a autocensura limita o trabalho jornalístico, quando os líderes históricos do país gozam de uma impunidade que exige dos jornalistas coragem e independência, e, do poder político, transparência e abertura, que permitam catapultar a posição de destaque que o país ocupa no ranking da Liberdade de Imprensa para a vida real destes profissionais.
Ainda estao por nascer…
Ha que aprender a viver com aquilo de melhor que existe, ate la boa sorte!
Respeitosamente