Cidadãos questionam gastos superiores a 350 mil dólares para financiar atividades comemorativas da Proclamação da Independência

A cerimónia do içar da Bandeira Nacional no Palácio Presidencial em Díli/Foto: Diligente

As queixas são de que o dinheiro poderia ser economizado e utilizado na resolução de alguns dos muitos problemas sociais do país. 

Para celebrar o 48.º aniversário da Proclamação da Independência de Timor-Leste, celebrado a 28 de Novembro, o Governo, através do Ministério da Administração Estatal (MAE), disponibilizou mais de 350 mil dólares para atividades da cerimónia, apenas em Díli. Alguns cidadãos incomodaram-se com os valores das despesas por considerarem que o Estado gasta elevadas quantias de dinheiro em eventos de curta duração, enquanto há muitos problemas básicos a serem resolvidos no país – como a precariedade de escolas, desemprego e a falta de saneamento e de abastecimento regular de água.

Natalino de Jesus, 24 anos, vendedor ambulante, considera inútil o gasto do Governo para a celebração da data. “O Estado devia criar postos de trabalho para os jovens ou usar este dinheiro para oferecer formação contínua aos recém-graduados para que possam trabalhar nas suas áreas e diminuir a elevada taxa de desemprego. O Governo não devia gastar dinheiro com eventos que duram pouco tempo”, afirmou.

Joanita Pinto, estudante de Direito da Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL), corrobora a opinião de Natalino de Jesus. “Sabemos que em Timor-Leste há muitos problemas sociais sérios, como o desemprego, a falta de educação de qualidade, pobreza, más condições das estradas, falta da água potável, escolas em condições precárias e outros. O Governo deveria usar este dinheiro para os resolver”, observou.

A universitária criticou ainda o facto de a feira que o Governo organizou, no porto de Díli, não ter permitido a participação de vendedores ambulantes. Avelino Ximenes, 55 anos, vendedor de cocos em Díli, sentiu-se desrespeitado com a situação. “Só alguns grupos, empresários, têm oportunidade de vender os seus produtos na feira. Os seguranças não me deixaram entrar. Queria apenas trabalhar. Sou um cidadão, acho que deveria ter esse direito”, disse Avelino Ximenes. A feira e os concertos no porto da capital tiveram início a 24 de novembro e terminam esta terça-feira (28.11).

O Diligente entrou em contacto com o ministro da Administração Estatal (MAE), Tomás Cabral, para conversar sobre os valores gastos no evento, mas o governante, exaltado, recusou-se a falar, enfatizando que estava muito ocupado.

A celebração do dia 28 de Novembro teve lugar no Palácio Presidencial de Díli, com o içar da Bandeira Nacional às 8h, seguido de um minuto de silêncio, homenagem aos professores e condecoração dos combatentes e veteranos da libertação de Timor-Leste – incluindo a condecoração ao presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, pelo chefe de Estado timorense, José Ramos-Horta. A cerimónia do arriar da bandeira nacional foi às 16h30.

No ano passado, o Governo alocou 400 mil dólares para comemorar o dia da Proclamação da Independência, num evento em Manatuto.

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  1. Deus da nozes a desdentados!
    Neste dia, 28 de Novembro desde 1975, eu faco retiro em memoria de dois primos cuja vida foi ceifada em tao tenra idade, eram praticamente criancas e partiram para o outro mundo fuzilados em Aileu.
    Que Deus vos tenha no Reino dos Ceus, Jeronimo e Rui Manuel Aniceto Maher.

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