Centro de Cuidados de Emergência Obstétrica e Neonatal garante cuidados de saúde reprodutiva em Ataúro

Cerimónia de lançamento do Centro de Cuidados de Emergência Obstétrica e Neonatal Básico (CEmON-B), no centro de saúde de Ataúro/Foto: Diligente

Timor-Leste tem uma das mais elevadas taxas de mortalidade materna no Sudeste Asiático. A cada 100 mil partos, 195 mães não sobrevivem e em 1000 nascimentos, 30 são nados-mortos.

Para fazer face a esta realidade, o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA, na sigla em inglês), em parceria com o Ministério da Saúde (MS) lançou, oficialmente, no dia 9 de março, os serviços de mais um Centro de Cuidados de Emergência Obstétrica e Neonatal Básico (CEmON-B), que presta apoio à comunidade de Ataúro, no centro de saúde de Maumeta.

“Um passo importante no caminho para atingir a meta de zero mortes maternas em Timor-Leste”, foi assim que o Diretor Regional do UNFPA para a Ásia-Pacífico, Björn Andersson, se referiu ao CEmON-B de Ataúro, realçando a importância de garantir um serviço digno e de qualidade para grávidas e recém-nascidos, sobretudo num país com uma taxa de mortalidade materna tão elevada.

“O investimento na capacitação dos profissionais de saúde é crucial para garantir serviços de saúde de qualidade, principalmente quando apenas 48% dos nascimentos são assistidos por um cuidador qualificado e apenas 32% ocorrem dentro de um estabelecimento de saúde”, sublinhou.

Björn Andersson fez questão de destacar que, para fazer face à elevada taxa de mortalidade materna e de recém-nascidos, “o Governo e os seus parceiros têm de investir na formação do pessoal de saúde, na melhoria das infraestruturas e no planeamento familiar”. Nesse sentido, recomendou que “o executivo timorense não fique à espera de apoio dos parceiros, mas que aloque orçamento do Estado para esta área”.

Questionada pelo Diligente relativamente a este alerta, a Ministra da Saúde, Odete Freitas Belo, referiu que, neste momento, “o Governo ainda não alocou orçamento para construir novos centros de saúde, mas já tem financiamento previsto para a reabilitação dos postos de saúde em todo o território nacional”. Reconheceu também que Timor-Leste ainda carece de profissionais de saúde que garantam um atendimento eficaz.

Antonieta Soares Freitas, 37 anos, mãe de quatro filhos, contou ao Diligente que apenas durante a sua última gravidez, mais precisamente no parto do quarto filho, lhe foi diagnosticado um problema no ovário. A lesão foi detetada pelos profissionais de saúde do Centro de CEmON-B: “os médicos ajudaram-me muito, se não fossem eles, teria de ser transferida para o Hospital Nacional Guido Valadares (HNGV) de barco”.

Merlina Lemos, 36 anos, outra das beneficiárias dos serviços do Centro, elogiou o atendimento por parte dos profissionais de saúde, destacou os cuidados prestados ao longo das consultas e “a confiança que os médicos transmitiram desde o início da gravidez até ao nascimento do meu filho”.

José António Guterres, formador do programa do Centro CEmON-B, explicou que, nos cuidados primários da saúde reprodutiva, não são necessários médicos especialistas, porque “os profissionais de saúde destacados no Centro frequentam uma formação sobre atendimento de obstetrícia e neonatal”.

De acordo com Pressia Arifin-Cabo, representante da UNFPA em Timor-Leste, estima-se que “cerca de seis mil mulheres timorenses correm maior risco de desenvolverem complicações durante a gravidez e no momento do parto. A UNFPA quer aprofundar os conhecimentos dos profissionais de saúde através de formações para que, em casos mais graves, sejam capazes de diagnosticar e tratar estes problemas”.

A UNFPA aproveitou a ocasião para anunciar que vai estabelecer mais 32 Centros de Cuidado Emergência Obstetrícia e Neonatal Básico, em todos os municípios de Timor-Leste, de modo a chegar a cada vez mais mulheres, garantindo um parto seguro para mães e recém-nascidos.

Os Centros de Cuidados de Emergência Obstétrica e Neonatal Básicos abrangem um programa de formação de profissionais médicos, auxiliares de saúde e parteiras, com o objetivo de reduzir a taxa de mortalidade materna e neonatal, em Timor-Leste. O CEmON-B de Ataúro é o quarto do país, depois de a UNFPA e o MS terem já estabelecido outros três centros, nos municípios de Liquiçá, Viqueque e Manufahi.

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  1. Parabens , e um GRANDE PASSO em frente do tempo do colonialismo portugues e 24 de invasao Indonesia.
    Nunca estive em Atauro infelizmente, mas estive em Viqueque, Oecusse, Maliana, Ermera, Baucau, Manatuto, Soibada, etc.. mas honestamente penso que os actuais politicos nao diferem muito dos de ha 50 anos atraz
    Apenas agora sao timorenses que criticaram na altura os ditos cujos.
    Estao a gozar conosco ou sao maiores incompetentes que os portugueses e indonesios?

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