Associações de jornalistas condenam agressão a profissional da Tatoli em Oecusse

Jornalista informou que irá avançar com um processo contra o funcionário/Foto: DR

Entidades apelam para que o funcionário responsável pela atitude violenta seja demitido.

Entidades que defendem o trabalho dos jornalistas em Timor-Leste repudiaram o episódio de violência contra o profissional da agência de notícias Tatoli destacado em Oécusse, Abílio Elo Nini, que foi agredido pelo funcionário do protocolo da RAEOA, Aquito Roxaca Guterres, na passada terça-feira (4.06), enquanto fazia a cobertura de um evento no Hotel Ambeno. O incidente foi presenciado pelo presidente da República, José Ramos-Horta.

Em conferência de imprensa, realizada nesta quinta-feira (6.06), na sede da Associação dos Jornalistas de Timor-Leste (AJTL), em Díli, representantes da referida organização e da Timor-Leste Press Union (TLPU) apelaram para que o responsável pela atitude violenta contra o profissional de comunicação social seja demitido.

“O que aconteceu é uma ameaça à independência e à liberdade de imprensa em Timor-Leste. O ato fere os princípios da democracia”, enfatizou Acácio Pinto, porta-voz da AJTL.

Por sua vez, o secretário da TLPU, Zezito da Silva, informou que enviou uma carta ao presidente da RAEOA, Rogério Tiago Lobato, pedindo a demissão do funcionário, “para que, no futuro, episódios do tipo não se repitam”.

Zezito da Silva acrescentou ainda que, se o presidente da RAEOA não tomar medidas, “a TLPU vai apoiar a vítima em eventuais medidas judiciais”.

Em conversa com o Diligente, Abílio Elo Nini relatou que, na altura, estava com outros jornalistas, à frente das autoridades para tirar fotografias. “Chegou o funcionário da RAEOA e pediu-me para sair do local, mas continuei a fazer o meu trabalho, então o homem puxou-me pela camisa e caí. O presidente Ramos-Horta assistiu”, disse.

Acrescentou ainda que polícias intervieram logo de seguida, tentando acalmar a situação. “Depois, o funcionário chamou-me para falar sobre o que tinha acontecido, mas fiquei furioso, porque passei vergonha em público. Discutimos e ele quase me bateu outra vez”, contou.

O jornalista explicou que estava devidamente identificado com o cartão de identidade, com a camisola da Tatoli e com a câmara. Abílio Elo Nini lamentou que Aquito Roxaca Guterres não tenha respeitado o seu trabalho e adiantou que vai avançar com um processo legal.

Segundo o artigo 41.º da Lei da Comunicação Social de Timor-Leste, “é punido com pena de prisão até três anos ou multa o funcionário público ou agente do Estado que cometa atentado à liberdade de imprensa.”

O Diligente tentou entrar em contacto com o chefe de gabinete do presidente da RAEOA, Ivo Gil da Costa Tilman, mas não obteve resposta até à publicação da notícia.

Há pouco mais de um mês, a Organização Não Governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras publicou o relatório onde consta o ranking da liberdade de imprensa. O documento demonstra que Timor-Leste neste ano, em relação a 2023, caiu dez posições e figura em 20° lugar na classificação.

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