Ama Minta, o detergente criado por Nelson Serrão, um empreendedor que quer reduzir as importações

Nelson Serrão (ao centro) com os funcionários e clientes/Foto: DR

O jovem escolheu estudar química com o objetivo de transformar recursos naturais em produtos essenciais. A empresa emprega cinco pessoas e tem planos para desenvolver uma indústria própria para o cultivo de matéria-prima complementar.

Ao identificar um mercado em potencial para ser explorado e confiando nas suas competências como químico, o jovem Nelson Serrão decidiu criar um detergente para lavar louça. O produto, conhecido no mercado como Ama Minta (em português, significa mãe Minta), em homenagem à sua mãe falecida no ano passado, pode ser encontrado na sede da empresa (Kaileo Unipessoal Lda.), em Liquiçá.

Fundado em 2020, o estabelecimento do empreendedor de 28 anos emprega cinco pessoas e vende, em média, 70 caixas do produto por mês – cada caixa tem 24 garrafas. A empresa também comercializa perto de 25 recipientes de cinco litros de detergente todos os meses.

Com a empresa, o jovem tem conseguido não apenas maior autonomia profissional e financeira, mas também contribuído para a redução da importação de bens de primeira necessidade – situação que favorece a comunidade em que vive. O seu produto, mais acessível, eficiente e de odor agradável, conquistou a preferência da população.

Evalina Imaculada Vidigal, coordenadora do equipamento de gestão do programa da merenda escolar do Ensino Básico Central 123 de Liquiçá, informou que a escola de 1.717 alunos compra, mensalmente, quatro caixas cheias de Ama Minta.

“Usamos quatro garrafas de detergente por dia. Antes, usávamos Mama Lemon, um produto estrangeiro, mas com este novo detergente já não temos de ir a Díli propositadamente, e o preço é mais acessível”, destacou.

Já Madalena dos Santos Vidigal, proprietária do restaurante LakoHali Star, em Liquiçá, revelou que, todos os meses, compra 10 litros de Ama Minta por 16 dólares americanos e está muito satisfeita com o produto. “É excelente para lavar a louça do restaurante. O cheiro é bom e remove a sujidade mais entranhada. Para além disso, é muito económico”, elogiou.

Iniciativa 

Graduado em Engenharia Química pela Universidade Tribhuwana Tunggadewi, em Malang, na Indonésia, Nelson Serrão explicou que escolheu esta área pela capacidade de transformar substâncias, algo que sempre o fascinou.

Em 2014, terminou o ensino secundário geral, em Liquiçá, e no ano seguinte foi para a Indonésia. “No início, tive algumas dificuldades com a língua, porque só aprendi tétum e português. Com esforço, consegui terminar os estudos superiores em 2020”, contou.

Regressou a Timor-Leste no mesmo ano e, com o apoio financeiro de familiares, abriu a empresa.

Para o fabrico do detergente, o empreendedor recorre ao sal produzido em Liquiçá como elemento essencial e acrescenta outros complementares, que são feitos a partir da aloe vera e têm de ser importados. Porém, Nelson Serrão já tem planos para cultivar a planta e criar uma indústria para a transformar em componente químico.

Um dos maiores desafios que o empreendedor enfrenta está relacionado com os recipientes para armazenar o produto. “Não conseguimos importar, pois, devido à política zero plástico, a taxa é muito alta”, lamenta.

Para contornar a situação, a Kaileo Unipessoal reutiliza garrafas de água da marca Fresca para acondicionar o produto. Contudo, Nelson Serrão relatou que “a reciclagem é limitada, por isso ainda precisamos de adquirir as garrafas. Planeamos produzir a nossa própria embalagem com materiais locais”, informou.

Em cinco horas de trabalho, a empresa Kaileo produz 50 litros de detergente Ama Minta, que são distribuídos por 15 mil garrafas, sendo que cada uma custa 50 centavos.

Comente ou sugira uma correção

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Open chat
Precisa de ajuda?
Olá 👋
Podemos ajudar?