Abílio Araújo: O esgotamento do Fundo Petrolífero e o novo riquismo ameaçam o futuro de Timor-Leste

Abílio Araújo, dono do Grupo SACOM/Foto: Diligente

Figura histórica do país, o empreendedor e compositor falou sobre questões políticas e económicas de Timor-Leste e ressalta que ter procurado aproximação com a Indonésia, no período da ocupação, contribuiu para a realização do referendo, em 1999.

Abílio da Conceição Abrantes de Araújo é um político, economista, empresário e músico timorense, nascido em Aileu. Estudou no Liceu de Dr. Francisco Machado, em Díli. Em 1971, foi o primeiro timorense a ingressar no então Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade Técnica de Lisboa (ISCEF). Abílio Araújo fez parte da Frente Diplomática, dando a conhecer ao mundo o que se passava no país.

Depois da restauração da independência, o compositor do hino da resistência timorense voltou ao seu país. Atualmente, é dono das empresas do Grupo SACOM, que engloba companhias nas áreas de construção civil, energia elétrica e telecomunicações. No próximo dia 20, uma das suas iniciativas privadas lançará um projeto de fibra ótica para melhorar o acesso à internet em Timor-Leste.

Em entrevista ao Diligente, Abílio Araújo denunciou falhas dos Governos em desenvolver a economia no país, refletiu sobre a independência e deixou algumas sugestões.

Fez parte do Movimento de Libertação Nacional, juntamente com Nicolau Lobato, Xavier do Amaral, Borja da Costa, Mari Alkatiri, Ramos-Horta, entre outros. Considera que a situação atual de Timor-Leste reflete as ambições dos tempos de luta?

Em 1975, sonhávamos com a independência política, económica e cultural. Até agora, só obtivemos independência política. Vivemos num mundo de interdependência económica e não nos podemos esquecer que o país tem de ter a sua própria estrutura económica de afirmação perante as ameaças e as crises mundiais e o país ainda não está preparado. Temos de trabalhar nesse sentido, com vista a atingir uma certa autossuficiência, que para mim é uma forma de independência económica. Quanto à independência cultural, considero que estamos muito mais atrasados. Quem mais sofreu a opressão colonial foi o nosso povo, a nossa cultura, as nossas uma luliks nunca foram protegidas, pelo contrário, andaram sempre na mira da destruição. Hoje em dia, falta uma política de apoio para o desenvolvimento livre da nossa cultura. Se estou satisfeito? Estou, porque conseguimos a independência política. Quanto ao resto, eu continuo a dar a minha contribuição naquilo que é possível para atingir outros objetivos.

“Toda a gente tem a obrigação de dizer o que pensa, sem achar que isto pode trazer algum problema, mas sempre com respeito, boa educação e de acordo com as normas éticas do convívio social”

Chegou a candidatar-se a presidente da República, em 2012 [vencida por Taur Matan Ruak], pelo PNT. Pretende ser candidato novamente no futuro?

De acordo com a nossa história, eu já fui eleito presidente de Timor-Leste, em 1981. E é engraçado que as posições que eu obtive nos órgãos de Estado, obtive-as sem estar presente. Em 1975, quando foi formado o primeiro governo, Nicolau (Lobato) convidou-me para ser coordenador dos Assuntos Económicos e Sociais, uma posição acima dos demais ministérios. Eu estava em Portugal, não andava aqui a fazer lobby para conseguir um lugar. Em 1981, quando os dois sobreviventes, Xanana e Maúno, reorganizaram as forças a nível do país, eu não sabia. Continuei a nossa luta no exterior, só tomei conhecimento quase em finais de 1982. Só nesse ano, recebi a informação de que tinha sido eleito secretário-geral do partido marxista-leninista FRETILIN e por inerência, de acordo com a nossa Constituição, do partido único da Constituição de 1975, eu era também Presidente da República. Há documentos desse tempo, que um dia vou entregar, e que o General Lere Anan Timur, a 3 de março deste ano, me pediu para lhos dar, mas já disse que só o farei quando o Estado reconhecer este facto histórico, porque, falando muito francamente, se ocultaram este tempo todo e os documentos não foram entregues, se desaparecerem, deixa de haver provas históricas.

Neste momento, pela minha idade (74 anos), o único convite que aceitei foi o do presidente [José Ramos-Horta] para ser membro do Conselho de Estado. Quando for necessário, dou as minhas opiniões. Enquanto homem livre, que não está condicionado por pressões políticas de nenhuma ordem, digo aquilo que acho e estou-me nas tintas para o que os outros pensam, foi por isso que lutamos pela independência do país. Toda a gente tem a obrigação de dizer o que pensa, sem achar que isto pode trazer algum problema, mas sempre com respeito, boa educação e de acordo com as normas éticas do convívio social. Isso eu tenho mantido. Não tenho aparecido em público para atacar A, B ou C. Apesar de ter muitas razões, prefiro estar aqui na montanha a trabalhar e a continuar a investir.

Penso que, voltando outra vez à questão da independência económica, um país tem de olhar primeiro para a sua autossuficiência económica, que vai passar pela substituição de importações e pela diversificação económica da nossa produção. Só podemos continuar a comprar arroz, super mie e açúcar, enquanto tivermos dinheiro. A autossuficiência económica tem de se basear numa política de desenvolvimento das forças económicas, que são as famílias e as empresas. As famílias têm de ser apoiadas na produção da antiga cultura de subsistência. Nós nunca tivemos crises de fome como noutros países, porque sempre tivemos uma agricultura de subsistência forte. A partir do momento em que abandonamos a produção familiar de autossubsistência e dizemos que há subsídios, já estamos mal.

O setor privado timorense tem de se afirmar sozinho, não pode pensar que vai afirmar-se ao fazer parcerias com investimentos estrangeiros, porque quem traz o dinheiro, vem para mandar e o empresário timorense funciona apenas como um comissionista ou como um sócio trabalhador e o outro é o sócio capitalista. O sócio trabalhador não tem palavra e quem ganha é o investidor estrangeiro. Nas empresas do grupo SACOM, não há parceiros estrangeiros, temos acordos, mas eles não operam connosco. O setor privado só se desenvolve na base da acumulação, ou seja, começas com um quiosque, ganhas algum dinheiro, acumulas e abres uma loja maior, ganhas dinheiro, acumulas e podes abrir algo maior ainda.

Foi um dos fundadores da FRETILIN, o partido que, em 1975, declarou a independência de Timor-Leste. Porém, acabou afastado da representação exterior do grupo político em 1993, sob acusações de desobediência e indisciplina – por procurar uma reconciliação com a Indonésia na altura. Como está a situação hoje com os membros do partido?

Foi a minha opção da reconciliação que abriu as portas ao referendo. O grande resultado desta iniciativa foi termos chegado ao referendo. Eu escrevi na minha autobiografia, em pormenor, o porquê de dizer isto. Não me arrependo, porque os meus adversários políticos daquele tempo falaram muito e hoje, no seu íntimo, reconhecem isso. Se não tivesse ido à Indonésia para falar com Soeharto (ex-presidente e militar indonésio) e depois ter criado uma relação pessoal forte com o presidente Habibe (na altura, ele era o ministro da Investigação e Tecnologia da Indonésia, mais tarde foi vice-presidente da Indonésia e depois presidente), não teríamos avançado para o referendo. Toda esta minha relação permitiu, através do Encontro de Reconciliação de Londres, dar o salto para o All Inclusive Inter-Timorese Dialogue na Áustria. Depois, as Nações Unidas patrocinaram este encontro alargado, que envolveu todas as outras pessoas e o desenlace foi o referendo. Portanto, considero que tive razão antes do tempo, mas como não vivo à custa de recompensas, vivo do meu trabalho e estou feliz por estar aqui em Timor.

Em relação à FRETILIN, fico triste por o partido que ajudei a formar (fui o autor do programa político e do manual político), em 1974, e que era uma frente ampla, mais tarde,  ter querido dar saltos fora do tempo histórico, criando uma grande hemorragia interna. Pior do que isso, a própria FRETILIN praticou a autofagia, comeu-se a ela própria. Primeiro com a prisão do presidente Xavier do Amaral, o que, na minha opinião, foi um grande erro histórico do partido. A eliminação de Xavier do Amaral da presidência do partido mostrou uma rutura do conceito inicial de frente unida, da frente ampla, que é uma unificação de todas as forças nacionalistas pela independência. Infelizmente, nessa altura, houve uma tentativa de controlo por uma certa esquerda da força nacionalista. E houve depois os fuzilamentos dos vários comandantes da FRETILIN, nacionalistas, mas que não eram comunistas nem socialistas, nem precisavam de o ser, isso é que era o conceito da organização. A frente unida, quando se quis esvaziar do conteúdo da frente ampla para se transformar num partido marxista-leninista, cometeu um grande erro. E a FRETILIN vai continuar a pagar por isso, porque ainda não teve coragem de falar com os militantes sobre os erros cometidos. Considero que o que aconteceu foi, de facto, uma evolução natural e que não se podia evitar, porque sabemos e não podemos negar, que o Maun Boot Xanana teve sempre um grande papel em tudo isto.

“Já tivemos presidentes da frente armada, já tivemos presidentes da frente externa. Falta um presidente da frente clandestina”

Desde a restauração da democracia, os chefes de Governo e de Estado de Timor-Leste têm sido pessoas do meio militar ou muito próximas a ele. Considera ser necessário haver uma renovação no meio político?

No fundo, todos os presidentes tiveram o apoio de Xanana. Portanto, é claro que ele deve estar muito arrependido, mas paciência, ele é o responsável. Só não sei porque não apoiou o General Lere Anan Timur, mas apoiou Ramos-Horta e acho muito bem. Aliás, eu considerei que, com o presidente Horta, conseguimos novamente ganhar prestígio internacional, porque, nos últimos dez anos, praticamente, os nossos presidentes não  marcaram a sua passagem no estrangeiro. Timor-Leste, como um país pequeno que é, o seu grande capital continua a ser a grande presença internacional. Nós não podemos fazer de Timor o mato (Ailaran). Na guerra, mantivemos a luta no mato, mas também tivemos um braço externo forte. Foi a frente externa, em que eu participei, que deu o grande impacto internacional à presença da luta. Se não fosse a presença do Ramos-Horta, do Mari Alkatiri, do Roque Rodrigues, a minha e do José Luís Guterres, ninguém falava de Timor-Leste. Isto é verdade e é necessário reconhecer. Eu falo nisto e não espero receber qualquer recompensa por isto, não preciso, mas as verdades têm de ser ditas. Houve sempre uma grande unidade entre as três frentes: a frente armada, a frente externa e a frente clandestina. E eu acho que hoje em dia a frente externa é conhecida, mas temos de valorizar os representantes da frente clandestina. Poderíamos pensar em alguém que participou no 12 de novembro para ser o nosso próximo Presidente da República, é o grande desafio que eu proponho. Já tivemos presidentes da frente armada, já tivemos presidentes da frente externa. Falta um presidente da frente clandestina.

“Sou contra qualquer política de mandar pessoal para fora. Esta é a minha posição. Eu discordo de muitos políticos, mas acho que temos de criar condições para a nossa juventude estar em Timor-Leste e desenvolver a nossa agricultura, a nossa agroindústria e o nosso turismo”

Segundo o censo de 2022, 64,5% dos habitantes do Timor-Leste têm menos de 30 anos. Como avalia o envolvimento dos jovens na vida política do país? Considera que deveria haver uma maior representatividade deste grupo, por exemplo, no Parlamento Nacional?

Os jovens que se formam com os diplomas da universidade A ou da universidade B têm acesso fácil a emprego? Têm uma boa formação? Ou têm de sair para outras universidades fora do país? Ou têm de ir trabalhar para a Coreia, Irlanda, Austrália? Vão apanhar fruta? É isso? Eu, por exemplo, quando muitos jovens da família me vêm pedir para irem trabalhar em Portugal, não apoio. Apesar de eu saber que isso poderia ajudar a sua situação, mas discordo. Em 1970, eu saí para fora para estudar, não para trabalhar. Sou contra qualquer política de mandar pessoal para fora. Esta é a minha posição. Eu discordo de muitos políticos, mas acho que temos de criar condições para a nossa juventude estar em Timor e desenvolver a nossa agricultura, a nossa agroindústria e o nosso turismo. Temos de criar condições para que isso aconteça. E se os nossos jovens saírem todos, quem é que vem? Vêm os chineses? Vêm os indonésios? Vêm os tailandeses? Não pode ser. Qualquer dia o nosso país fica com quem?

Em relação à representação no parlamento, nós temos uma democracia representativa através de partidos políticos, são eles que têm de repensar sobre isso, porque o que acontece é que nós temos deputados desde 2001 até agora? Como é possível?

Timor-Leste, segundo um relatório da ONG La’o Hamutuk, tem uma percentagem de desemprego de 27% e o salário mínimo, de 115 dólares, é o mesmo de há 11 anos. Aproximadamente 42% de 1,3 milhões de habitantes encontram-se em situação de vulnerabilidade social, sendo que 22% da população sobrevive em condições de pobreza extrema, ou seja, com menos de 1,90 dólares por dia (Índice da Pobreza Multidimensional, ONU). Esta situação obriga milhares de pessoas a emigrar em busca de melhores oportunidades. Considerando este cenário, de que forma se pode dinamizar a economia e melhorar esses indicadores sociais?

A nossa independência económica passa pela nossa capacidade de desenvolver o que temos agora, desenvolver as famílias, o nosso setor privado, a nossa economia de subsistência, a diversificação da economia e a substituição das importações. Nada disso é feito. Não fazendo isso, nós não ocupamos a nossa gente. Antigamente, no tempo colonial, como não tínhamos dinheiro para importar, éramos obrigados a produzir mandioca, talas, batata e tudo, alimentos muito bons para a nossa saúde. Hoje em dia o que acontece é que importamos toda a porcaria e a nossa gente está a morrer.

Quando vou a algum restaurante, pergunto sempre se as batatas são da China ou de Timor-Leste. Se forem da China, não como. Só quero produtos locais, produzidos pelos nossos agricultores.

Qual é a política para valorizar os produtores locais?

Há pouco tempo, disse que sou contra subsidiar os importadores, porque o arroz que importamos é caro, damos muito dinheiro aos importadores para eles venderem mais barato. Quem ganha mais com isso são os exportadores do Vietname, da Tailândia, etc. Nós devíamos apoiar, dar dinheiro aos nossos produtores nacionais. O produtor de arroz que encontra, por exemplo, o arroz importado é 9 dólares, o nosso é 13. Então, o que o Estado devia fazer era dar 4 ou 5 dólares ao nosso produtor para ele ficar compensado e vender por 8 dólares. Quanto mais ele puder aumentar a produção, o preço unitário vai descer. É uma forma de incentivarmos a produção e controlarmos os preços, não é dar um subsídio aos importadores. Para mim, isso é um erro de gestão e de economia, é um erro fatal.

“Alguns líderes dizem que somos convidados por outros países para encontros internacionais por sermos muito ricos. Se analisarmos bem, basta olharmos para os países vizinhos, o nosso dinheiro não é nada. O trabalho é que é a fonte da riqueza. É necessário começarmos a controlar aquilo a que eu chamo de despesismo. Gastamos muito dinheiro com veteranos”

O Fundo Petrolífero, que todos os anos financia mais de metade do Orçamento Geral do Estado, está a ser gasto de forma insustentável. Num relatório produzido pelo oitavo governo, na altura em que se discutia os detalhes do OGE de 2023, foi relatado que, sob a tendência atual de despesa, o Fundo Petrolífero irá esgotar-se em 2034. Neste ano, por exemplo, conforme a retificação do OGE o Fundo Petrolífero financia 68% do valor total, o que corresponde a 1,21 mil milhões de dólares americanos. Isto, na sua opinião, pode trazer sérias consequências para a população no futuro?

Com certeza. Para mim, há ameaças que comprometem o nosso futuro. Uma delas é o Fundo Petrolífero, que poderá acabar sem conseguirmos impedir. Em segundo lugar, porque nos acostumamos a viver como ricos. A nossa mentalidade é daquele novo riquismo, fenómeno social que se traduz no facto de uma pessoa pobre de um momento para o outro fica rico e não sabe o que fazer com o dinheiro. Gasta à toa. Eu preciso de um carro, mas compro quatro só para efeitos de exibição, para mostrar ao vizinho que eu tenho o meu carro, a minha mulher tem o seu, a minha filha tem o dela e o meu empregado também tem uma mota boa. Alguns líderes dizem que somos convidados por outros países para encontros internacionais por sermos muito ricos. Se analisarmos bem, basta olharmos para os países vizinhos, o nosso dinheiro não é nada. O trabalho é que é a fonte da riqueza. É necessário começarmos a controlar aquilo a que eu chamo de despesismo. Gastamos muito dinheiro com veteranos. Eu não sou veterano. Até agora não recebi um único tostão como veterano. Quando lutei, não pensei um dia receber alguma coisa. Em Aileu, perdemos a casa, as plantações, perdemos tudo. Cheguei a Timor-Leste e comecei do zero aqui nesta montanha. Hoje estou aqui consigo, mas normalmente estou com os trabalhadores a regar as árvores, a plantar. Temos de produzir, trabalhar. O grande problema aqui do nosso país é a falta da cultura do trabalho, mas ninguém ensina isso. Toda gente só quer ter  direito a subsídios, mas trabalhar ninguém quer. Por isso, é necessário educar as nossas crianças, os nossos jovens para trabalharem aqui, não irem para fora.

A retificação também revelou que 82% do valor do OGE 2023 são direcionados para o financiamento da máquina pública, enquanto que a percentagem para setores-chave como saúde, educação e agricultura não chega a 10%. Como analisa isso?

Isto está errado, eu não concordo. Nós não podemos alimentar uma máquina improdutiva. Eu sei de gabinetes onde estão 20, 10 pessoas sentadas, isto é impossível. Eu espero que o irmão Xanana saiba o que está a acontecer. Espero que ele leia esta entrevista, porque há muita coisa que tem de ser corrigida. Eu digo isto, porque eu apoiei este Governo. Eu tinha o Partido Nacionalista de Timor (PNT), mas em 2012, parei. Apoiei o Partido Democrático (PD). Andei com o La Sama e com o Ramos-Horta a apoiar o PD. Em 2017, dei todo o apoio ao Partido da Libertação Popular (PLP) e andei com o Taur Matan Ruak por todo lado. Em 2018, nas eleições antecipadas, apoiei a FRETILIN e andei com o partido a fazer campanha. Agora, nesta última campanha, apoiei o CNRT. No fim, faço um balanço e vou ver se valeu a pena todos os meus apoios.

“Gosto de cantar, fico feliz, alegro toda a gente, mas para viver não dá. Continuei a compor durante a luta e agora muita gente pede-me para compor, mas se o fizer, será música de revolta”

Também é conhecido pelos dotes musicais, tendo sido um dos autores do hino da FRETILIN, Foho Ramelau. De onde veio esta influência?

A influência veio da família, desde criança. Penso que isto é algo natural. Aprendi música no seminário e lá escrevi músicas para a minha ordenação. Assim, quando fosse padre, já tinha composto o hino ecce sacerdos, que é usado para receber os bispos. Gosto de cantar, fico feliz, alegro toda a gente, mas para viver não dá. Continuei a compor durante a luta e agora muita gente pede-me para compor, mas se o fizer, será música de revolta.

Depois de 120 dias deste Governo, que balanço faz?

Muito sinceramente, não sei o que fizeram nestes 120 dias. Segundo o que foi dito, iam fazer várias mudanças e várias correções. Eu estou mais concentrado nas minhas empresas, na minha vida e não senti assim muitas diferenças. Espero para ver, mas faço votos que as promessas sejam, não diria que cumpridas a 100%, porque é impossível, mas pelo menos a 50%. E também acho que o país tem de viver mais em diálogo. Acho que é necessário juntar forças e cada um com as suas ideias, dialogarmos.

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  1. Fabula

    A Cigarra de Aileu e o Pirilampo de Dili

    A cigarra de Aileu vinha para Dili e cantava os sete cantados nas arvores em frente ao Liceu Dr Francisco Machado e nas arvores em frente a Escola Industrial e Comercial Professor Silva Cunha. Era um verdadeiro encanto ouvi-la desabrochar cantorolando o do re mi seguindo o compassion da cigarra irma que ainda era melhor cantankerous que o irmao mais novo.
    Uma noite fizeram amizade com o pirilampo de Dili, que os iluminava na escuridao das noites mais quentes de Dili.
    O pirilampo era o petromax das cigarras. A sua luz embora intermitente, ajudava a que o concerto tivesse a claridadje merecida.
    Um belo dia a cigarra mais velha padeceu e a mais nova emigrou para alem mar em busca de novos ventos, novas luzes, novos claroes.
    Hoje em dia e uma cigarra rica, devido ao novo riquismo desta vida de modernice.
    Ate as cigarras tem mais sorte que o Povo pobre de TL.

  2. Grande e saudoso abraço, meu colega “iseguiano” Abílio Araújo. Desde o fim de FEV2020, quando regressei a Portugal para acompanhar a minha mulher na sua doença (que a vitimou), que não regressei a TL. Mas vou acompanhando cá de longe. Concordo com muito do que diz nesta entrevista.

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