O Dia Mundial de Luta contra a Sida celebrado hoje, 1 de dezembro, lembra a urgência de combater o estigma e a desinformação em Timor-Leste. A falta de conhecimento e a discriminação dificultam a prevenção e o tratamento eficaz, colocando em risco a saúde e os direitos humanos de milhares de timorenses.
O Dia Mundial de Luta contra a Sida, celebrado a 1 de dezembro, foi instituído em 1988 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Este dia visa consciencializar sobre o VIH/SIDA, promover a prevenção, melhorar o acesso ao tratamento e combater o estigma e a discriminação enfrentados por pessoas que vivem com o vírus.
Em Timor-Leste, a luta contra o VIH/SIDA enfrenta sérios obstáculos, como desinformação, preconceito e falta de conhecimento científico entre a população.
Dados do Instituto Nacional do Combate ao VIH/SIDA (INCSIDA) revelam que, dos 1996 casos registados entre 2003 e 2023, cerca de 400 pessoas interromperam o tratamento antirretroviral, essencial para controlar a doença.
Apenas 10% das mulheres e 16% dos homens timorenses têm conhecimentos básicos sobre o VIH, segundo o Inquérito Demográfico e de Saúde de 2016. A desinformação é alimentada por declarações de líderes como a deputada Maria Angelina Sarmento, que associou o aumento de casos ao acesso a pornografia, ou de Daniel Marçal, presidente do INCSIDA, que culpou a forma de vestir das mulheres. Marçal considera ainda que o ato sexual em si implica risco de infeção, mesmo entre pessoas seronegativas. Propõe como métodos de prevenção a abstinência, fidelidade e, apenas em último caso, o uso do preservativo, mas apenas após o casamento. Defende também a inclusão da Educação Sexual nas escolas, desde que seja focada em valores morais.
A resistência cultural e religiosa impede a promoção de métodos eficazes de prevenção, como o uso de preservativos. Em 2021, a então Ministra da Saúde, Odete Freitas Belo, ordenou a remoção da expressão “uza preservativu” dos cartazes de sensibilização.
O preconceito contra pessoas que vivem com VIH é alarmante. Muitos enfrentam rejeição familiar e social, com relatos de violação de confidencialidade em unidades de saúde que levam ao abandono do tratamento. A falta de empatia e o estigma agravam a vulnerabilidade destas pessoas, resultando, em casos extremos, em angústia psicológica e suicídio.
É urgente que o governo implemente campanhas educativas baseadas na ciência, combata a desinformação e promova a integração social das pessoas com VIH/SIDA.
O Diligente saiu à rua para conversar com a população e avaliar o nível de informação sobre o VIH/SIDA entre os timorenses.
“Sublinho a importância do envolvimento de todas as partes interessadas para combater o estigma e a discriminação, garantindo que as pessoas afetadas pela doença se sintam confortáveis e plenamente integradas na sociedade”
“Aproveitem o Dia Mundial contra o VIH/SIDA para que os ministérios relevantes, especialmente o Ministério da Saúde, e as organizações que lidam com esta questão reforcem a sensibilização da comunidade para a prevenção do VIH/SIDA. Esta doença pode ter um impacto significativo na saúde mental das pessoas, especialmente se não forem tomadas medidas para proteger a comunidade, podendo gerar sérias consequências para a saúde pública.
Apelo ao Governo e ao Ministério da Saúde para que se concentrem neste problema, pois o VIH/SIDA não é apenas uma preocupação em Timor-Leste, mas um desafio global.
As pessoas que vivem com VIH/SIDA devem ser tratadas com respeito e dignidade, independentemente de serem homens ou mulheres, pois a doença não é um julgamento moral, mas sim um desafio de saúde pública que exige apoio e solidariedade. É fundamental promover uma relação de proximidade com estas pessoas, de forma a evitar que se sintam excluídas.
Incentivo também a prática regular de exercício físico e a busca de informações sobre saúde, como forma de promover a imunidade e o bem-estar geral. Por fim, sublinho a importância do envolvimento de todas as partes interessadas para combater o estigma e a discriminação, garantindo que as pessoas afetadas pela doença se sintam confortáveis e plenamente integradas na sociedade.”
“Não devemos discriminar pessoas que vivem com VIH/SIDA, pois a doença não se transmite através do contacto físico ou social comum”
“Na minha opinião, o VIH/SIDA é uma doença crónica que representa um risco significativo para a vida das pessoas. Quando uma pessoa é infetada pelo VIH/SIDA e não recebe tratamento atempado, a sua saúde pode deteriorar-se gravemente. A transmissão do VIH/SIDA ocorre principalmente através de relações sexuais desprotegidas com pessoas infetadas ou pelo uso partilhado de instrumentos contaminados.
Para prevenir o VIH/SIDA, é fundamental cuidarmos de nós próprios e da nossa saúde, evitando comportamentos de risco. Além disso, é importante participar em formações e campanhas de sensibilização sobre o VIH/SIDA para obter informações corretas e combater mitos e preconceitos.
Não devemos discriminar pessoas que vivem com VIH/SIDA, pois a doença não se transmite através do contacto físico ou social comum. Quem vive com VIH/SIDA deve sentir-se apoiado e encorajado a procurar os centros de saúde para iniciar o tratamento o mais rapidamente possível, uma vez que este é essencial para melhorar a sua qualidade de vida e prevenir complicações de saúde.”
“Para prevenir esta infeção, é essencial adotar práticas seguras, como o uso de preservativo, especialmente em situações de risco, como relações sexuais casuais”
“O VIH/SIDA é uma doença que se transmite principalmente através de relações sexuais desprotegidas e do contacto com sangue contaminado. Para prevenir esta infeção, é essencial adotar práticas seguras, como o uso de preservativo, especialmente em situações de risco, como relações sexuais casuais. Reduzir o número de parceiros sexuais e conhecer bem as pessoas antes de iniciar relações também contribui para a prevenção.
As pessoas que vivem com VIH/SIDA enfrentam um desafio significativo, pois ainda não existe uma cura definitiva. No entanto, o setor da saúde oferece tratamentos que ajudam a controlar a doença, reduzindo a carga viral e melhorando a qualidade de vida. Esta condição é perigosa e pode encurtar a vida, especialmente se não for tratada.
Infelizmente, muitas pessoas não procuram tratamento por vergonha ou medo do estigma social. O ambiente em que vivem muitas vezes agrava a situação, causando-lhes angústia psicológica e, em casos extremos, levando-as a ações drásticas, como o suicídio.
Pessoalmente, não discrimino as pessoas com VIH/SIDA, pois sei que ninguém escolhe estar nesta situação. Muitas vezes, são as condições sociais ou o comportamento egoísta de outros que contribuem para a transmissão. O que posso oferecer é encorajamento e apoio, ajudando essas pessoas a manterem-se positivas, mesmo sabendo que a cura ainda não é uma realidade. A empatia e o respeito são fundamentais para aliviar o peso desta doença.”