Formada em 2011, a Warwaik combina estilos como post-hardcore, metal progressivo e nu metal alternativo para criar uma sonoridade única. A banda timorense fala da sua história, dos desafios enfrentados e da força da música como terapia e expressão cultural.
Warwaik é uma banda timorense fundada em 2011 com o objetivo de unir talentos e criar algo inovador no panorama musical de Timor-Leste. Formada por músicos oriundos de três bandas – Alcatraz, Kahorik e Rai Nain –, começou como um projeto colaborativo denominado ARK. Com o tempo, o grupo evoluiu e adotou o nome Warwaik, inspirado na língua Tétum Terik, que significa “Centro de Energia”, refletindo o dinamismo e a paixão que os seus membros colocam na música. Com influências que vão do post-hardcore ao metal progressivo, a banda construiu uma identidade única, misturando estilos e homenageando grandes referências internacionais como Dream Theater, Metallica e Godsmack.
O Diligente conversou com a banda para saber mais sobre a sua história, os desafios que enfrentaram e as suas ambições para o futuro.
Como surgiu a ideia de formar a banda?
Conhecemo-nos através de um centro juvenil, onde criámos uma ligação que rapidamente nos transformou numa família. Na altura, cada um de nós pertencia a bandas diferentes – Alcatraz, Kahorik e Rai Nain. Em 2011, surgiu a ideia de juntar os nossos talentos num único projeto, inicialmente chamado ARK, um acrónimo dos nomes das três bandas. Começámos por tocar músicas de outros artistas (covers), com o intuito de aprimorar as nossas capacidades técnicas.
Mais tarde, decidimos mudar o nome para Warwaik, que, em Tétum Terik, significa “Centro de Energia”. Em 2012 e 2013, começámos a compor as nossas próprias músicas, usando a banda não como um meio para ganhar dinheiro, mas como uma forma de lazer e terapia pessoal.
Como foi a escolha dos membros e quais são as suas funções?
A formação da banda foi natural, uma vez que já nos conhecíamos. Atualmente, contamos com cinco membros: Nélson Turquel, vocalista e baterista; Agá Soares, vocalista; Dani Barros, baixista; Francisco, guitarrista; e eu, Bernardino Soares, também na guitarra.
Cada um de nós traz influências únicas para a banda. Inspiramo-nos em grupos como Dream Theater, pelo seu metal progressivo e complexidade técnica, mas também em Metallica e Godsmack, especialmente em termos de batidas e ritmo. Além disso, cada membro tem as suas próprias referências: o Nélson, por exemplo, aprecia Aerosmith, enquanto o Agá segue bandas como Linkin Park e Green Day.
Como descreveriam o estilo da banda? Quais são os temas abordados nas vossas músicas?
O nosso estilo musical é uma fusão de post-hardcore, post-grunge, heavy metal, metal progressivo e nu metal alternativo. Atualmente, temos oito músicas originais que exploram temas como a cultura, experiências espirituais e o amor. A nossa primeira música foi “Minuto”, seguida de “Revolta Nakukun”.
Embora a técnica musical seja o nosso foco, procuramos também criar músicas mais suaves para que todos possam apreciá-las. Uma das nossas músicas mais especiais chama-se “Helik”. Fala sobre trauma, depressão e as escolhas difíceis que algumas pessoas fazem, como o suicídio. Esta canção foi escrita pelo nosso vocalista e trabalhada em conjunto com toda a banda.
Quais foram os principais desafios que enfrentaram até agora?
Como em qualquer projeto, enfrentámos vários desafios. Um dos maiores foi a falta de tempo para ensaiar, pois todos os membros têm empregos ou outras atividades. Durante cerca de quatro anos, os ensaios foram praticamente inexistentes. Além disso, o nosso baixista enfrentou problemas de saúde que quase o afastaram da banda.
No entanto, conseguimos ultrapassar esses obstáculos. Estabelecemos um horário de ensaios fixo – às segundas e quintas-feiras – e o Dani, o nosso baixista, está a recuperar. O apoio mútuo através da música foi essencial para superarmos estes momentos difíceis.
Como é a reação do público às vossas atuações?
Recebemos sempre um feedback muito positivo. Tocamos aquilo que gostamos e que nos representa, mas procuramos também criar uma ligação com o público, para que possam desfrutar das nossas músicas. É importante para nós mantermos a nossa identidade musical, sem ceder à pressão do mercado.
O que significa a música para si?
Para mim, a música é um meio de comunicação poderoso. Embora o conceito tradicional envolva instrumentos como a guitarra ou a bateria, acredito que qualquer som pode tornar-se música. Mais do que isso, a música é a expressão do futuro – um meio de inovação e de permanência. Tornar-se viral hoje em dia é fácil, mas manter a relevância a longo prazo exige consistência e dedicação.
Qual foi a atuação mais marcante para a banda?
Uma das atuações mais memoráveis foi num concerto organizado pela Fundação Oriente. Apesar de ser um evento pequeno, o entusiasmo do público foi incrível. Muitos conheciam as nossas músicas, e foi um momento verdadeiramente especial para nós.
No próximo dia 20, teremos também a oportunidade de atuar no Largo Lecidere, no encerramento do Festival da Consulta Popular, o que será mais uma ocasião importante para a banda.
O que diferencia a Warwaik de outras bandas?
O que nos torna únicos é a nossa autenticidade. Tocamos para nós próprios e não para agradar ao mercado. Isso exige consistência e coragem, pois significa que nem sempre recebemos convites para atuar. Contudo, preferimos manter a nossa identidade musical do que comprometer o nosso estilo para seguir tendências.
Têm planos de colaborar com outros artistas?
Atualmente, não temos planos concretos de colaboração, mas no futuro tudo é possível. A música é dinâmica e está sempre aberta a novas oportunidades.
Como veem o futuro da indústria musical em Timor-Leste?
Acredito que o público timorense tem desenvolvido um gosto musical cada vez mais apurado. Os artistas têm um papel fundamental em educar e inspirar o público através das suas músicas, oferecendo trabalhos de qualidade que transmitam mensagens importantes.
Quais são os vossos objetivos para o futuro da banda?
Queremos ser mais consistentes e disciplinados. Acredito que, com esforço, dedicação e resiliência, a Warwaik irá longe, independentemente dos desafios que possam surgir pelo caminho.