A chuva não afastou a multidão que foi à rua demonstrar apoio à comunidade e reforçar a mensagem de que todas as formas de amor são válidas, devendo então ser respeitadas.
Debaixo de forte chuva, um mar de gente foi à rua na sexta-feira (26.07), em Díli, participar na marcha do orgulho LGBTQIA+. O movimento serviu para demonstrar apoio à comunidade e chamar a atenção das autoridades – e sociedade em geral – para a importância de se promover a inclusão, o respeito e a tolerância. A multidão caminhou do Ministério da Juventude, Desporto, Arte e Cultura (MJDAC) até ao Palácio Presidencial.
Ao longo do percurso, palavras como “amor”, “solidariedade”, “diversidade”, “aceitação” fizeram-se ouvir. Num ambiente, carregado de entusiasmo, muitos participantes empunharam coloridos cartazes e faixas com mensagens de luta, esperança e também alguns recados para pessoas que perpetuam e tentam normalizar o assédio sexual.
Em conversa com o Diligente, o ativista Natalino Ornai Guterres, um dos organizadores do evento, destacou que, no país, as políticas de inclusão “não passam de uma retórica dos governantes”, já que “na prática, nada acontece”. Enquanto isso, a ignorância, intolerância e desrespeito na sociedade e, muitas vezes, na própria família, eternizam-se.
Enraizadas em valores preconceituosos – alimentados em grande parte por determinados segmentos religiosos –, as diversas formas de violência cometidas contra a comunidade LGBTQIA+ contribuem para que muitos cidadãos sofram e, no desespero, decidam tirar a própria vida. Foi o que aconteceu a Grivaldo de Jesus Loudoe, de 19 anos. No dia 1 de junho deste ano, o jovem suicidou-se em Díli, após enfrentar discriminação familiar e social.
No evento de sexta-feira, a deputada Nurima Alkatiri (FRETILIN), defensora dos direitos da comunidade LGBTQIA+, reconheceu que as injustiças contra os indivíduos que possuem uma orientação sexual diferente do paradigma imposto (o homem tem de casar com a mulher para procriar) ainda persistem e que, por isso, “devemos trabalhar juntos para superar todas essas dificuldades”.
Durante a marcha, a deputada protagonizou um momento curioso: juntamente com Natalino Guterres, posou para uma foto com Olok Sword Gusmão, filho do rival político e primeiro-ministro, Xanana Gusmão, líder do CNRT. Olok Gusmão é embaixador da Juventude e Diversidade da Organização Não-Governamental (ONG) Plan International em Timor-Leste.

O provedor dos Direitos Humanos e Justiça, Virgílio Guterres e o secretário-geral da FRETILIN, Mari Alkatiri, foram alguns dos líderes que também estiveram presentes na marcha.
No final, todos os participantes foram recebidos no Palácio Presidencial pelo chefe de Estado, José Ramos-Horta – que, na semana passada, também compareceu na cerimónia, na Austrália, que marcou a união civil da ativista timorense Bella Galhos e Iriam Saeed. O evento de sexta-feira foi concluído com uma série de concertos no Palácio.
A primeira marcha do orgulho LGBTQIA+ em Timor-Leste aconteceu a 29 de junho de 2017. Em todo o mundo, a comunidade LGBTQIA+ realiza, anualmente, atos públicos que reforçam a luta por uma sociedade mais inclusiva.
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Secretaria de Estado da Igualdade
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Natalino Guterres
Gostaria que me informassem se aquele que deu a palmada esteve presente?