A entidade considera que o comportamento dos agentes de segurança e dos elementos da Secretaria de Estado de Toponímia e Organização Urbana representa uma violação “à liberdade de imprensa, aos valores da democracia e aos direitos humanos em Timor-Leste.”
A Associação dos Jornalistas de Timor-Leste (AJTL) informou que irá apresentar uma queixa ao Ministério Público contra a Polícia Nacional de Timor-Leste (PNTL) e a Secretaria de Estado de Toponímia e Organização Urbana (SEATOU), devido às ilegalidades cometidas pelos seus respetivos membros a duas profissionais da comunicação social do país, na passada terça-feira (3.09). Antónia Kastono Martins, repórter e uma das fundadoras do Diligente, e Suzana Cardoso, do jornal online One Media Timor, tiveram os seus direitos civis e laborais cerceados enquanto trabalhavam.
Em conferência de imprensa realizada hoje (5.09), na sede da entidade, em Díli, a AJTL realçou que os incidentes representam uma violação “à liberdade de imprensa, aos valores da democracia e aos direitos humanos em Timor-Leste”, no momento em que o povo timorense está a esperar o Papa Francisco – que visita o país de 9 a 11 de setembro.
“Consideramos que os episódios tiveram como objetivo intimidar as jornalistas enquanto desempenhavam as suas funções. Timor-Leste é um país democrático e não um regime autoritário”, afirmou a porta-voz da AJTL, Teodósia dos Reis Ximenes. A Associação espera que os tribunais determinem à PNTL, à SEATOU e a todas as entidades estatais que formem os seus funcionários sobre como tratar os profissionais de comunicação social.
Ambas as jornalistas estavam a cobrir as ações de despejo da SEATOU contra vendedores ambulantes, cujos produtos foram destruídos pelas autoridades.
Antónia Martins estava em Fatuhada, quando, por volta das 20h, foi abordada por membros da PNTL fortemente armados. De forma intimidatória, os homens questionaram-na sobre “o que estava a fazer”. Mesmo depois de se identificar, mostrando o seu cartão profissional emitido pelo Conselho de Imprensa de Timor-Leste, e argumentar que estava a trabalhar num espaço público, a jornalista foi detida e levada para a esquadra Dom Aleixo, na capital – onde, após algumas horas, foi libertada.
“Fui muito pressionada. Os meus direitos foram desrespeitados por aqueles que, em teoria, deveriam proteger os cidadãos”, afirmou Antónia Martins.
Suzana Cardoso encontrava-se na zona de Comoro quando, ao final da tarde, começou a registar a ação de despejo realizada pela equipa da SEATOU contra os vendedores. Apesar de estar identificada com o uniforme da redação, foi abordada por elementos do órgão, e um funcionário apreendeu-lhe o telemóvel. O homem acabou por apagar todas as imagens que a jornalista tinha gravado da destruição causada pela SEATOU.
De acordo com Suzana Cardoso, tudo aconteceu na presença de membros da PNTL, que não intervieram em sua defesa.
A porta-voz da AJTL realçou que entidade também enviará cartas ao presidente da República, José Ramos-Horta e ao primeiro-ministro, Xanana Gusmão, a dar conta de que as ações da polícia e da SEATOU ameaçam o trabalho dos jornalistas em Timor-Leste.
Teodósia Ximenes pediu ainda ao Conselho de Imprensa que dê continuidade a ações de formação sobre a Lei da Comunicação Social, para que o público e as entidades estatais compreendam o papel dos média numa sociedade democrática.
Ao secretário de Estado para a Comunicação Social, Expedito Ximenes, foi solicitado que comunicasse com as instituições do Estado, como as forças de segurança, para que respeitem o trabalho jornalístico.
Por sua vez, Expedito Ximenes, em declarações à imprensa na quarta-feira (4.09), pediu desculpas às duas jornalistas. “A comunicação social é uma ponte de informação entre a comunidade e o Governo, por isso os jornalistas têm um papel tão importante num país democrático”, disse.
Igreja Católica manifesta-se
O arcebispo de Díli, cardeal Virgílio do Carmo da Silva, em conversa com os média hoje (5.09), condenou os atos de violência cometidos pela SEATOU e PNTL contra os vendedores ambulantes da capital.
“Todos nós ficamos chocados com estes acontecimentos. Como timorense, sinto o coração ferido pelos nossos irmãos que perderam os seus bens e sofreram violência”, afirmou.
O arcebispo afirmou que estas situações não deveriam ocorrer, quando os timorenses se estão a preparar para a celebração da fé, com a visita do Papa Francisco ao país.
Virgílio do Carmo da Silva considerou que estes acontecimentos não têm um impacto positivo para os fiéis. “Esperamos que estas situações não se repitam no futuro e pedimos também que os governantes ajam com sensibilidade ao lidar com a situação no terreno”, concluiu.
Amo Bot, isto e quasi o Pai Nosso de cada dia, acrescido de uns 50% pela vinda de Sua Santidade o Papa. Doi mais porque este era o procedimento do OPRESSOR INDONESIO contra o nosso POVO!