Pioneiros de curso de Doutoramento em Timor-Leste obtêm aprovação na qualificação de trabalhos

Alunos de Timor-Leste e professores do programa de Doutoramento/Foto: DR

Os 13 docentes da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) foram ao Brasil cumprir mais uma etapa do programa de Doutoramento Interinstitucional promovido pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, e receberam luz verde para começarem a preparar a defesa das respetivas teses, prevista para agosto do próximo ano.

Os 13 professores da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), que fazem parte do primeiro curso de Doutoramento realizado no país, tiveram sucesso na qualificação dos respetivos trabalhos. As apresentações ocorreram no Brasil, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, instituição promotora do programa, entre os dias 10 e 14 de junho. A turma regressa a Timor-Leste na próxima semana.

Os doutorandos ficam, assim, habilitados para avançar até à próxima fase, em que vão aprimorar os elementos da investigação, com vista à defesa da tese, que deverá acontecer em agosto do próximo ano, na UNTL. Com a obtenção do grau académico, o grupo de docentes – das áreas de Letras, Linguística, Literatura e Ensino da Língua Portuguesa – poderá criar os primeiros programas de Doutoramento totalmente ministrados pela UNTL.

“Somos todos professores. Quando voltarmos temos a oportunidade de partilhar conhecimento, ajudando os nossos colegas e, principalmente, os estudantes. Assim, poderemos, todos juntos, desenvolver a nossa nação”, refletiu Marcos António Amaral, professor de língua inglesa na UNTL.

A opinião do académico é corroborada por Maria da Cunha, professora na UNTL de língua portuguesa e literatura – área em que pretende aprofundar a investigação. “Dizem que a literatura timorense é desconhecida e está na periferia [no panorama literário internacional]. Eu, como cidadã timorense, quero desenvolver os estudos de literatura de Timor-Leste”, destacou.

Maria da Cunha também é escritora e, no ano passado, lançou o seu primeiro livro: a biografia do irmão David da Cunha, morto na luta pela independência de Timor-Leste, no tempo da ocupação indonésia.

Além das qualificações, os doutorandos “mackenzistas-timorenses” puderam vivenciar intensamente as rotinas e atividades da universidade brasileira.

Na terça-feira (18.06), o grupo participou de um seminário na instituição para apresentação de trabalhos académicos. O evento contou com a presença da Embaixadora de Timor-Leste no Brasil, Maria Ângela Carrascalão; do Adido da Educação da Embaixada de Timor-Leste no Brasil, Marcelino Magno; do reitor da UNTL, João Martins e do vice-reitor de pós-graduação e pesquisa, Afonso de Almeida.

O grupo de doutorandos da UNTL em São Paulo/Foto: DR

Doutoramento Interinstitucional

Fruto de uma parceria entre a Mackenzie e a UNTL, o programa de Doutoramento Interinstitucional (DINTER), no qual participam os 13 professores timorenses, foi desenhado com a aprovação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), indo ao encontro das necessidades dos alunos. Nesse sentido, professores doutores brasileiros vieram, de forma repartida, a Timor-Leste para ministrar as disciplinas obrigatórias e opcionais, num modelo intensivo, com aulas de segunda-feira a sábado.

“Trata-se de um modelo diferenciado, inédito. Dessa forma, os doutorandos, que são todos professores da UNTL, não precisaram de deixar de dar aulas, pois os docentes do programa de Doutoramento é que foram a Timor-Leste ministrar as disciplinas obrigatórias”, explicou a coordenadora do DINTER entre a Universidade Mackenzie e a UNTL, Regina Pires de Brito.

Se tivesse sido aplicado o DINTER convencional, os estudantes teriam de passar pelo menos seis meses na cidade da universidade promotora do curso, para completar as atividades das matérias fundamentais.

Ao longo do processo formativo, manteve-se o acompanhamento de dez orientadores, da Universidade Mackenzie, no Brasil, através de videochamadas e de e-mails. Semanalmente, os doutorandos têm encontros presenciais com os professores doutores Benjamin Corte-Real, Karin Indart e Vicente Paulino, parceiros do programa. A cada 15 dias, a coordenadora do DINTER também participa no grupo de trabalho dos doutorandos, através de reuniões virtuais.

Doutorada em Linguística pela Universidade de São Paulo (USP), com um pós-doutoramento em Comunicação e Sociedade pela Universidade do Minho, em Portugal, Regina Pires de Brito tem uma relação de mais de duas décadas com Timor-Leste, trabalhando sobretudo em projetos relacionados com a promoção da língua portuguesa.

“Pensar que eles [os doutorandos] vão fazer com que os jovens olhem para o futuro, olhem para a sua nação e consigam construí-la por meio da ciência e da pesquisa só nos pode deixar muito felizes e com um orgulho imenso de poder fazer parte desta história”, confidenciou a coordenadora do DINTER entre a Universidade Mackenzie e a UNTL.

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