Treze professores timorenses estão prestes a concluir a formação que os habilitará a trabalhar naquele que poderá vir a ser o primeiro centro de exames de proficiência em língua portuguesa, em Timor-Leste. Atualmente, apenas Portugal e o Brasil possuem centros de certificação de português.
O Projeto FOCO.UNTL, uma parceria entre a Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL) e o Camões, I.P., realizou uma formação sobre a elaboração de exames de proficiência de português, para 13 professores timorenses. O objetivo consiste em criar um grupo de trabalho que garanta os serviços no Centro de Certificação Nacional de Língua Portuguesa, um espaço para realizar exames de proficiência no idioma. A formação, com a duração de 30 horas, decorreu no Centro de Língua Portuguesa (CLP), da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (UNTL), entre os dias 24 e 28 de junho.
O português, a par do tétum, é uma das línguas oficiais de Timor-Leste. Assim, o Centro Nacional de Certificação de Língua Portuguesa representa uma importante iniciativa para atender os cidadãos, seja para fins educacionais, profissionais ou pessoais.
Fátima Mendes e Manuel Oliveira, da Direção de Serviços da Língua do Camões, I.P. em Lisboa, deslocaram-se até Timor-Leste para ministrar o oitavo e último módulo do curso.
“O objetivo é consolidar este grupo para que possa providenciar exames, desde o nível A1 ao C1. Este é mais um passo na organização do Centro de Certificação Nacional de Língua Portuguesa na UNTL”, afirmou Fátima Mendes. Os formandos são professores com licenciatura e mestrado em ensino do português.
Relativamente aos desafios identificados, a formadora adiantou que a principal dificuldade consiste em “transmitir conhecimentos sobre a construção de exames”, algo que exige uma preparação muito específica. Atualmente, existem centros de certificação em língua portuguesa apenas em Portugal e no Brasil. “Devo dizer que há uma evolução muito evidente no desempenho dos participantes”, observou Fátima Mendes.
O professor Crisólogo Batista, 31 anos, em funções no CLP desde 2018, comentou uma das matérias abordadas na formação, que envolve a classificação de itens através do método Angoff – uma ferramenta de avaliação, frequentemente usada em contextos educacionais e profissionais, para determinar o nível mínimo de desempenho necessário para considerar um candidato como competente ou aprovado.
“Também aprendemos sobre o ciclo do desenvolvimento de um teste, como devemos começar a elaborar itens de uma prova e como devemos aplicar essas ferramentas de avaliação. Os últimos dias foram destinados à discussão”, detalhou o formando, que se mostrou animado com a possibilidade de aplicar todos os conhecimentos no futuro, com a implementação do Centro de Certificação.
“Estamos otimistas. Para que a UNTL tenha um Centro Nacional de Certificação de Língua Portuguesa, não podemos contar apenas com o trabalho do CLP. Tem de haver um esforço de todas as entidades, principalmente do Governo timorense e do Camões I.P.”, afirmou o professor da UNTL.
Já a professora Madalena Pereira Roben, que também integra o CLP desde 2018, considerou a formação como “uma grande oportunidade de crescimento profissional e académico”, e apelou a que as partes envolvidas continuem a apoiar a iniciativa. “É um privilégio, mas precisamos de mais tempo e do apoio de todos para consolidar e absorver mais conhecimentos. Não é fácil elaborar provas em vários níveis, até ao B2. Temos de praticar muito”, ressaltou.
Por sua vez, o Coordenador-Geral do FOCO.UNTL, Prof. Dr. Samuel Freitas, destacou as linhas gerais do projeto – Formação, Orientação, Certificação e Otimização –, assegurando que tem havido progressos significativos. “Os professores timorenses estão muito empenhados e terminaram agora o oitavo módulo. A partir daqui, vão focar-se na prática da certificação. Esperamos que, depois de concluída esta fase, possamos formalizar a criação do Centro Nacional de Certificação de Língua Portuguesa, com reconhecimento internacional”, declarou o responsável do Projeto FOCO.UNTL.
A formação contínua de professores, a validação dos suportes e a colaboração entre as entidades envolvidas, de acordo com o Coordenador-Geral, são passos essenciais para alcançar o objetivo de tornar Timor-Leste no terceiro país da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) a certificar a proficiência na língua de Camões.
Assim, espera-se uma aprovação até ao final de 2024, para que o Centro de Certificação Nacional de Língua Portuguesa se torne uma realidade no próximo ano.
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