Timor-Leste celebrou o Dia Mundial da ONU com a plantação de 300 mangais em Metinaro, envolvendo jovens e comunidades locais numa ação de combate às alterações climáticas. A iniciativa, que visa restaurar ecossistemas e aumentar a resiliência costeira, simboliza o compromisso do país com a sustentabilidade e a luta global contra o aquecimento global.
No âmbito da celebração do Dia Internacional das Organização das Nações Unidas (ONU), assinalado hoje, dia 24 de outubro, a agência da ONU em Timor-Leste, em parceria com o governo, organizações voluntárias e comunidade local, promoveu uma ação de plantação de mangais em Metinaro, Díli, envolvendo jovens voluntários e as comunidades locais. Este ato simbólico, que resultou na plantação de 300 viveiros de mangais, integra-se nos esforços globais de mitigação e combate às alterações climáticas.
A ONU celebra hoje, 24 de outubro, o seu 79.º aniversário, relembrando a sua fundação em 1945, logo após a Segunda Guerra Mundial. A presença da ONU em Timor-Leste tem sido significativa desde 1992, apoiando o país durante o processo de restauração da independência e, posteriormente, com a criação da Missão da ONU para Timor-Leste (UNTAET) em 1999, que desempenhou um papel fundamental na administração do país e na construção das suas instituições.
Durante o evento, Alvin Mathur, coordenador residente da ONU em Timor-Leste, destacou que esta atividade vai além de uma simples celebração; trata-se de uma plantação de esperança e resiliência. Enfatizou ainda o papel dos jovens na luta contra a mudança climática, considerando a sua participação um sinal positivo. “Sabemos que a luta é coletiva. Não podemos trabalhar sozinhos; precisamos do apoio de jovens, do governo e das comunidades”.
A ação contou também com a presença de Cesaltino dos Reis de Carvalho, representante do Secretário de Estado da Floresta. No seu discurso, alertou a comunidade para os impactos da desflorestação e para a necessidade de proteger as plantas, essenciais na mitigação das alterações climáticas. Encorajou ainda os jovens a envolverem-se mais ativamente na luta contra a crise climática, afirmando: “Não podemos conquistar nada sem o apoio dos outros.”
Segundo Global Forest Watch, Timor-Leste perdeu, em 2023, 1,48 quilo hectares de floresta natural, o equivalente a 799 quilo toneladas de emissões de CO₂. A mesma fonte registou, em 2010, uma riqueza florestal de 693 quilo hectares, estendendo-se por 46% da sua área terrestre.
Quanto à floresta mangal, Alito Rosa, diretor executivo da Fundação Conservação Flora & Fauna (KFF, na sigla em tétum), realça que, em 1940, o país tinha nove mil hectares de mangais, que reduziu para quatro mil, recentemente. Informou ainda que do total de 52 hectares de mangais existentes em Hera, 14 precisam de ser reabilitados.
A prática da queima do lixo também contribui para a emissão de gases com efeito de estufa, no país onde, segundo dados de 2020 do Ministério da Administração Estatal, se produzem diariamente 220 toneladas de resíduos.
Juviana da Silva, de 21 anos, membro da organização Juventude Hadomi Natureza (JHN), sublinhou a necessidade de enfrentar a crise climática com ações concretas, como a plantação de mangais e o cumprimento rigoroso das regulamentações locais. Segundo a jovem, essas medidas são cruciais para combater práticas nocivas ao meio ambiente, como a desflorestação e o descarte inadequado de resíduos. Apelou à sensibilização ambiental tanto nas zonas rurais como nas urbanas, incentivando todos a adotarem comportamentos mais sustentáveis, lembrando que “a nossa vida e bem-estar dependem do equilíbrio ambiental.” Fundada em 2014, a JHN tem como missão sensibilizar e educar a população para a preservação e o amor pela natureza.
A plantação de mangais não só contribui para a preservação ambiental, ajudando a reduzir a erosão e a mitigar os impactos de desastres naturais, como também desempenha um papel crucial no armazenamento de carbono, essencial na luta contra o aquecimento global. Além disso, fortalece a resiliência das comunidades costeiras, garantindo um futuro mais sustentável para todos os cidadãos de Timor-Leste.
No âmbito do Acordo de Paris, assinado em 2015, Timor-Leste, sendo um dos países que ratificou o acordo, compromete-se a reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa e a adaptar-se às mudanças climáticas. Timor-Leste reconhece a importância da colaboração internacional para enfrentar os desafios das alterações climáticas e já elaborou um plano nacional para alcançar os objetivos estabelecidos no acordo.
Embora emita apenas cerca de 0,003% do total de emissões de gases com efeito de estufa a nível global, segundo a Política Nacional de Alterações Climáticas, o país mantém-se firme no seu compromisso de atuar em prol da sustentabilidade ambiental.
A ONU, em colaboração com agências como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) continua a apoiar Timor-Leste no seu desenvolvimento social e económico, desempenhando um papel significativo no combate à crise climática.
Esta ação em Metinaro representa o compromisso conjunto de Timor-Leste e da ONU na proteção do meio ambiente e na construção de um futuro mais sustentável.