A inovação que rendeu a Shwetak Patel o Prémio Nobel da Computação, em 2018, permite a deteção de doenças como diabetes, infeções pulmonares e outras. Esta tecnologia facilita o trabalho dos médicos, permitindo fazer diagnósticos preliminares e tratamentos mais rápidos e adequados.
Para reforçar o setor da saúde em Timor-Leste, Shwetak Naran Patel, vencedor do Prémio Nobel da Computação em 2018, foi convidado em agosto deste ano a partilhar as suas inovações. Na conferência internacional Sci-Tech EXPO 2024, sob o tema “Ciência, Tecnologia e Inovação: Caminho para Transformação e Desenvolvimento Sustentável em Timor-Leste”, o cientista apresentou tecnologias que aproximam os cuidados de saúde dos cidadãos e facilitam o trabalho dos profissionais de saúde.
Organizado pelo Presidente da República Democrática de Timor-Leste, José Ramos-Horta, o evento teve como objetivo promover o avanço científico e tecnológico no país, com a participação de oradores laureados e premiados. Foram abordadas áreas como a tecnologia móvel de saúde, a telemedicina e tecnologia educacional, visando inspirar os jovens e a população timorense. “A ciência ajuda-nos a compreender e melhorar o mundo, enquanto a tecnologia nos permite aplicar soluções em grande escala”, afirmou o Presidente da República.
Shwetak Naran Patel, professor e cientista da computação, é conhecido pelo desenvolvimento de soluções inovadoras em deteção e computação omnipresente. O prémio da Associação para Máquinas de Computação (ACM), que lhe foi atribuído em 2018, reconhece o seu contributo para sistemas de deteção criativos e práticos, tanto na sustentabilidade como na saúde. Patel transformou o telemóvel num dispositivo capaz de diagnosticar doenças como diabetes, tuberculose, asma e anemia.
Também foi galardoado com o Prémio MacArthur Fellow em 2011, pela invenção de sensores de baixo custo para monitorizar o consumo doméstico de energia e água em edifícios.
Como imagina adaptar as suas tecnologias de sustentabilidade e saúde ao contexto de Timor-Leste?
Uma das ideias que apresentei foi a construção de ferramentas de diagnóstico de baixo custo. Atualmente, muitas ferramentas são demasiado caras. Desenvolvemos alternativas que podem ser utilizadas, por exemplo, para triagem de diabetes, cancro do pulmão ou infeções pulmonares como a tuberculose. Em Timor-Leste, estas ferramentas podem ser facilmente importadas e implementadas em 10 dias ou menos. Como já existem telemóveis no país, o acesso a estas tecnologias seria rápido.
É necessário algum equipamento adicional para conectar ao telemóvel?
Na maioria dos casos, não. Um dos aspetos mais interessantes do nosso trabalho é que podemos utilizar a câmara frontal do telemóvel para, por exemplo, medir a frequência cardíaca em segundos, sem contacto físico. Para detetar diabetes, usamos um dispositivo simples com uma tira de teste que pode ser lida diretamente no ecrã do telemóvel.
Embora ainda não tenhamos um único aplicativo que reúna todas as ferramentas, podemos criar um em Timor-Leste, com o apoio do Ministério da Saúde, para facilitar o trabalho dos profissionais de saúde.
No Peru, fizemos muitos trabalhos com hemoglobina, em que o telemóvel mede a hemoglobina no sangue, através da colocação do dedo sobre a câmara. Em Bangladesh, as pessoas têm muitos problemas pulmonares, sobretudo tuberculose. Na Índia, a mesma coisa. Cada país tem as suas próprias formas de usar o sistema, de acordo com os seus próprios problemas de saúde.
Em Timor-Leste, o Ministério da Saúde deve descobrir como pretende implementar as aplicações, mas posso ajudar. A inovação deve ser integrada ao sistema de saúde para que os médicos, enfermeiros e outros profissionais de saúde saibam como a usar. Para tal, é preciso formação.
Que características considera essenciais para soluções de saúde móvel eficazes em Timor-Leste?
A principal vantagem da saúde móvel é que está desenhada para ambientes com poucas infraestruturas. Como tudo se baseia em aplicações, é fácil e barato de implementar. O maior desafio é treinar os médicos e enfermeiros para usar as ferramentas. Noutros países, grande parte dos custos está associada à formação, pois a infraestrutura é mínima – basta um telemóvel comum, sem necessidade de internet de alta velocidade.
É possível detetar doenças antes de uma infeção ocorrer?
Sim, estamos a testar novos métodos de monitorização que ajudem a prever a propagação de doenças e a aumentar ou diminuir a probabilidade de infeções. Na África do Sul, por exemplo, estamos a trabalhar na deteção precoce da tuberculose, mas devido à dimensão do território, os avanços são mais lentos. Em Timor-Leste, sendo um país pequeno, poderíamos monitorizar a saúde pública de forma muito mais eficaz.
O procedimento envolve o uso de uma aplicação e um monitor em cada edifício, como escolas, igrejas e grandes supermercados, entre outros, através dos quais é possível detetar como as doenças podem estar a surgir na comunidade, por exemplo, em casos relacionados com dengue.
Isto é viável graças à combinação de telemóveis e sensores na comunidade. Os telemóveis poderiam indicar se alguém está a adoecer, se há um aumento de pessoas a tossir, entre outros sinais. Sensores instalados em edifícios poderiam detetar patógenos. Sendo Timor-Leste um país pequeno em termos geográficos, poderia realizar uma vigilância de saúde pública muito mais eficaz do que países de maior dimensão.
O seu primeiro negócio, Zensi, foca-se na deteção de energia utilizada em casas. Como podem ser implementadas tecnologias de economia de energia em Timor-Leste para promover a sustentabilidade?
Um dos meus primeiros projetos, o Zensi, monitorizava o uso de energia e água nas casas. Em Timor-Leste, a energia solar poderia ser uma fonte poderosa de energia sustentável. No entanto, para otimizar a instalação de painéis solares, é importante monitorizar o consumo de energia dos edifícios. Dessa forma, podemos projetar uma infraestrutura de energia mais eficiente.
É difícil projetar um sistema para apoiar a utilização da energia sem conhecer a quantidade de energia que está a ser consumida. Ao monitorizar o uso de energia, torna-se possível planear qual o sistema a ser implementado: otimizar as baterias necessárias para armazenar energia durante a noite, complementar com a energia eólica ou até utilizar outras fontes de combustível.
Assim, se tivéssemos uma ideia mais precisa de quanto os edifícios e casas estão a consumir, poderíamos projetar uma infraestrutura de energia sustentável mais eficiente. O Zensi serve para monitorizar o consumo de eletricidade e água.
Além do Zensi, tem outras inovações focadas no consumo de energia?
Sim, estamos a desenvolver sensores que podem durar até 30 anos com uma pequena bateria. Um dos nossos objetivos é prolongar a duração da bateria dos telemóveis, permitindo que funcionem por uma semana sem serem recarregados .
Também criámos um chip personalizado que permite a comunicação com menos energia, usando as linhas elétricas dos edifícios para transmissão de dados, tornando todo o sistema mais eficiente.
Como vê a computação ubíqua a ser implementada em Timor-Leste e qual o impacto potencial que pode ter na vida diária das pessoas?
A computação ubíqua significa que os computadores já não estão limitados aos desktops ou laptops. Agora, estão presentes em telemóveis, carros e outros dispositivos do dia a dia. Em Timor-Leste, esse conceito pode ser aplicado em áreas como a saúde, sustentabilidade e monitorização de energia, distribuindo a tecnologia de forma acessível por todo o país.
Que conselho daria aos inovadores em Timor-Leste que querem desenvolver soluções tecnológicas para desafios locais?
O mais importante é não desanimar, porque o percurso de um empreendedor é cheio de desafios. A perseverança é fundamental. Também é importante não reinventar a roda – muitas vezes, adaptar soluções já existentes é a chave para o sucesso. Trabalhar de forma criativa sobre o que já existe pode ser mais eficiente do que tentar criar algo completamente novo.
Parabens pela descoberta magnifica em prol do bem estar dos humanos neste mundo.
Para quando uma ferramenta que detecta politicos e governantes a distancia, aldraboes que gastam a massaroca toda dos povos, os verdadeiros causadores de tanta desgraca neste mundo, mais profundo em paises como Timor com falta de educacao para enxergarem tanto charlatao.
Uma ferramenta que leia a pinta do larapio e aproveitador, principalmente antes de eleicoes.
O monoscopio do larapio!