Kuluhun–Becora: cidadãos criticam alargamento que mantém estrada estreita

Os trabalhadores continuam a construir os passeios e os espaços destinados ao plantio de flores e árvores ao longo da estrada Kuluhun–Becora. / Foto: Diligente

Apesar das demolições e dos milhões investidos na reabilitação da estrada Kuluhun–Becora, moradores e condutores criticam o resultado: a via continua demasiado estreita e incapaz de responder ao aumento do tráfego. O Ministério das Obras Públicas garante que, no final das obras, o trânsito será mais fluido.

O projeto de alargamento da estrada Kuluhun a Becora tem gerado preocupação e insatisfação entre os cidadãos. Embora o projeto esteja em andamento, muitos questionam o facto de a largura da estrada permanecer insuficiente, dificultando a passagem dos transportes e causando congestionamento.

Um condutor da microlete 01, que preferiu não se identificar, disse apoiar a reabilitação da estrada, mas mostrou-se insatisfeito com o espaço ocupado pelos passeios e pelos locais destinados ao plantio de flores e árvores. Segundo o motorista, essas estruturas reduzem o espaço disponível para os veículos.

“Depois de o Governo demolir várias casas nas bermas, pensávamos que a estrada ficaria larga como em Tasi Tolu. Mas, depois de construírem as valetas, os passeios e os espaços para árvores, vemos que continua estreita”, lamentou. O condutor acrescentou que, naquela zona, os congestionamentos são frequentes devido à falta de espaço para estacionamento. “O Governo devia pensar em alargar mais agora, para evitar futuras demolições e novos gastos. Caso contrário, o prejuízo será do Estado.”

O motorista apelou ainda ao Ministério das Obras Públicas para rever o desenho do projeto. “A comunidade colaborou com o Governo, cedendo os seus espaços de negócio, mas o resultado não correspondeu às expectativas e acabou por nos dececionar.”

Amâncio Conceição Guterres, residente em Kuluhun, partilha das mesmas preocupações. “O que vemos é que a estrada continua estreita. Além disso, estamos preocupados com o pó”, disse.

Segundo Amâncio, a comunidade entregou terrenos e espaços comerciais ao Governo, acreditando que a via seria alargada. “Mas a empresa constrói passeios que deixam a estrada tão estreita como antes. Se no futuro voltarem a pedir mais terrenos, não daremos. Entregámos para uma estrada larga, não para jardins”, afirmou.

O morador também denunciou falhas no processo de indemnização. “Recebi uma compensação pelas duas casas demolidas — cerca de cinco mil dólares — mas o terreno de 14 por 6 metros que o Governo usou ainda não foi pago”, acusou, pedindo mais transparência nas negociações.

Amâncio considera que o Governo devia dar prioridade à circulação em vez de jardins. “Em Díli há muitos jardins mal cuidados, com árvores secas e flores mortas. Não faz sentido repetir isso aqui”, criticou.

Embora defenda a arborização da cidade, acredita que o planeamento não foi adequado: “Seria melhor plantar flores na parte central, como em Tasi Tolu, onde há espaço. Aqui todos vemos que a via continua estreita. Mas o Governo nunca ouve o povo, faz como quer e só depois percebe os erros.”

Já Julmira da Costa, outra moradora, agradeceu ao Governo pela reabilitação da estrada, mas também considera que o resultado não corresponde às expectativas. “Oferecemos os terrenos para alargar a estrada, mas continua apertada. Pensávamos que seria como as estradas de Tasi Tolu ou Beduku, que são largas e bonitas”, afirmou.

Apesar disso, elogiou a qualidade dos passeios: “Estão bons e largos, o que ajuda quem anda a pé. Plantar flores e árvores também é importante para deixar a cidade mais verde e bonita.”

O trabalhador da empresa Montana Diak, responsável pela construção dos passeios, esclareceu que o projeto segue o desenho fornecido pelo Ministério das Obras Públicas. “O passeio tem até dois metros de largura para o plantio de flores e árvores. Nos locais sem árvores, a largura é de 1,65 metro”, explicou Dionísio Mendes Martins.

Segundo o técnico, a estrada terá no total 12 metros de largura, igual à nova ponte de Kuluhun. “O projeto prevê duas faixas, cada uma com seis metros, incluindo espaço para estacionamento”, garantiu.

MOP reconhece estreitamento, mas garante solução futura

O engenheiro do Ministério das Obras Públicas (MOP), Tito Edgar, admitiu que a estrada em Kuluhun está estreita, mas assegurou que a situação será resolvida após a conclusão total das obras e a organização do estacionamento.

“Neste momento, a estrada parece estreita, mas depois de concluída e com o estacionamento organizado, o trânsito vai fluir melhor”, afirmou. De acordo com o engenheiro, a largura total da via — de um extremo ao outro da linha central — é de 8,5 metros, incluindo passeios e áreas de estacionamento.

Tito explicou ainda que o projeto contempla o alargamento das pontes de Kuluhun e Maufelo para 20 metros, a extensão da ponte do terminal de Becora e a instalação de iluminação pública em todo o percurso. “A preocupação da comunidade com os engarrafamentos é compreensível, mas isso acontece porque o alargamento das pontes ainda não foi feito. Quando tudo estiver concluído, o trânsito será mais fluido”, garantiu.

Segundo o engenheiro, cada lado da estrada terá seis metros de largura, dos quais 2,5 metros serão reservados a estacionamento, ficando o centro como linha divisória. “Nas partes centrais não haverá árvores, mas serão instaladas luzes públicas”, detalhou.

Tito sublinhou que as críticas da comunidade são comuns em fases de construção. “Entendemos as preocupações, mas o resultado final vai responder a todas elas. É o mesmo que aconteceu em Bidau — no início as pessoas reclamaram, mas agora todos usam a estrada com satisfação”, recordou.

Atualmente, o projeto de alargamento em Kuluhun encontra-se com metade da execução concluída. As obras entre a ponte de Maufelo e o terminal de Becora continuam em curso e deverão estar concluídas dentro de dois anos.

O Diligente tentou ouvir o vice-ministro das Infraestruturas, Júlio do Carmo, mas até ao momento da publicação não obteve resposta.

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